Depois da tempestade vem a bonança.

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              Pingo continuava sua expedição. Agora não tinha medo. Estava seguro, confiante. Aonde será que ele chegaria? Estava tudo tão tranquilo, tudo tão calmo. Ele tinha se acostumado à aventura, tinha tomado gosto pelo "perigo".

               Olhava para os lados com expectativa, procurando algo diferente. O que via era lindo, mas tudo muito calmo. O rio continuava seu caminhar, serpenteava  pela paisagem, contornando as colinas e os pequenos montes e montanhas...

                 Agora se encontrava num pequeno lago formado entre pedras, logo depois de uma pequena cachoeira. A água descia com graciosa beleza pelas pedras, desaguando suavemente na areia fofa, formando o lago.

                Algumas pessoas conversavam, brincavam, riam, estavam dentro da água. Crianças pulavam, faziam a maior algazarra. Estavam felizes.

                Pingo então se lembrou daquela tarde na piscina de plástico. Lembrou das crianças brincando e de como por pouco tempo foi feliz. Observou mais uma vez a felicidade daquelas pessoas e resolveu continuar o seu caminho.

                  O ser humano tem facilidade para ser feliz. Pingo pensou. Tinha visto muitas coisas lindas, paisagens belíssimas, mas também tinha visto sujeira e destruição. E em todas as ocasiões em que se encontrou com o ser humano teve uma visão diferente dele.

                  Viu o ser humano que destrói e polui, viu o ser humano feliz, mesmo morando com simplicidade, e por falta de conhecimento, talvez, sujando o lugar onde vivia. Viu também o ser humano arriscando a própria vida para salvar a vida de outro ser humano.

                  Pingo estava melancólico, achava o ser humano volátil, inconstante e volúvel. Não entendia a essência do ser humano. Parece que este era imensamente complexo para entender.

                  Pensou nas vezes que temeu perder a sua própria essência.
   
                  Pensou que logo chegaria . O que será que encontraria . Tentava imaginar como seria o encontro do rio com o mar... O que o aguardaria? Como seria o seu encontro com todas aqueles milhões e trilhões de pingos de água que formavam o oceano?

                 De repente chegou a conclusão de que ele seria apenas mais uma gota no oceano. Que ninguém iria perceber a sua existência.

                 Pingo se encolheu e teve medo mais uma vez. Fechou os olhos e esperou tranquilamente...

                 Quando abriu seus olhos não viu mais campos e colinas e sim muros de concreto, um rio artificial, percebia a campina à sua volta, o mato era seco ralo, as árvores estavam na sua maioria secas e quase sem vida. Pingo sentia a quentura do cimento fazendo com que a água ficasse acima da temperatura, era incômodo, sufocante, quente.

                  Pingo via outras gotas evaporar à sua frente, formavam uma suave brisa e flutuavam acima de onde estavam antes. Logo se dispersavam. Onde será que elas iriam?

                  Por causa do calor da atmosfera, mal o vapor de água sobe, a temperatura baixa e estas moléculas condensam, transformam-se em nuvens e chove diminuindo assim o calor.
        
                Pingo pensou que seu destino talvez não fosse o oceano. Mas onde será que ele iria?

                Por pouco não virou nuvem! Que bom seria observar tudo de cima!
                
    

Nó em Pingo d'águaOnde histórias criam vida. Descubra agora