Quando nos sentimos impotentes diante dos obstáculos.

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                Pingo olhava aquele mundaréu de água, as ruas tinham virado rios. Apenas os telhados das casas apareciam. Algumas eram levadas pela enxurrada como se fossem de brinquedo.

              Ele olhava tudo aquilo e não entendia o que estava acontecendo. A natureza estava descontrolada e ameaçava levar tudo a sua volta. O barulho dos trovões era assustador.

               De repente a lage onde Pingo estava fez um movimento brusco, houve um estrondo e foi abaixo, sendo levada pela correnteza.

              Pingo estava morrendo de medo mais uma vez. Fechou os olhos e esperou de novo. Ele sentia pena daquelas pessoas, mas nada podia fazer. O ser humano sempre dava um jeito de sobreviver.

               Aquelas casas levadas pela enxurrada logo seriam reconstruídas, sem nenhum planejamento mais uma vez. Pingo estava triste em perceber que alguns seres humanos eram tão pouco valorizados.

               A chuva estava parando aos poucos, mas a correnteza ainda estava muito forte. Pingo olhou à sua volta, viu muros e morros desmoronando. Viu pessoas sendo tiradas de dentro da terra, como se fosse um parto. A terra era revirada por homens que salvavam homens.

               Sua viagem continuou, em meio a muito lixo, entulhos, árvores que foram levadas pela chuva.
Pingo agora sentia saudade. Saudades dos momentos que passou naquela piscina com as crianças.

               Finalmente, a correnteza diminuiu, Pingo percebeu que agora estava num rio, era um rio estreito e com lixo acumulado nas margens. Tinha lama e barro fazendo com que a água invadisse a rua, a água era escura, por causa da chuva e da enchente, e o cheiro era muito ruim.

              Era um sentimento esquisito que ele sentia, ao perceber o rio assim tão diferente de onde ele tinha vindo.

               Na nascente de onde ele veio a água era limpa, pura. A natureza tinha cores e cheiros maravilhosos. Era cheiro de vida.

               Os homens tinham que aprender a conviver em paz com a natureza. Fazer dela uma parceira.

                A paisagem foi mudando, o rio estava ficando mais largo e limpo. Não tinha mais lixo nas margens. Estava longe da cidade. Dava pra animais pastando próximo ao rio.

                Era tudo muito tranquilo. A correnteza agora era lenta e o barulho do rio era suave e tranquilizador.

              

              

Nó em Pingo d'águaOnde histórias criam vida. Descubra agora