📌Café Preto

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Matt acordou mais cedo que no dia anterior, tomou um banho rápido e se arrumou, era um encontro casual, mas mesmo assim não deixava de fazer parte do seu trabalho. Dessa forma, pôs uma calça social preta, uma camisa branca, um colete, e como ainda fazia muito frio naquela época do ano em São Paulo, achou melhor usar o sobretudo marrom que gostava.

Trancou a porta da frente e desceu as escadas tranquilamente, era um novo dia e provavelmente diferente dos outros, esperava por isso fazia tempo. Passou na recepção do prédio, pegou seu jornal matinal, deu uma olhada na capa e fechou, não teria tempo para ler ainda.

- Bom dia, Sr. Matt. - cumprimentou o recepcionista, um garoto de aproximadamente vinte anos, era filho do zelador do prédio. - Vai sair hoje?

- Irei sim, jovem Carlos. - respondeu com certo desdém, estava na cara que não iria se arrumar todo para comprar pão, estava muito bem vestido para isso.

- Tome, não quero que o senhor se molhe. - Carlos estendeu um guarda-chuva preto.

- Obrigado... - Matt encarou o rapaz com suspeitas, afinal sempre esperou o pior das pessoas, vida de ex-policial.

O tempo naquele dia realmente não estava nada bom, ventava muito e a garoa leve estava ficando cada vez mais forte. O pobre guarda-chuva não duraria muito com aquele temporal. Matt apressou o passo, mas já sentia as pernas e os sapatos molhados, odiava aquela sensação, tinha que chover justo no dia que iria sair. Continuou reclamando por um longo tempo, enquanto caminhava pela avenida, depois cruzou com a Rua Augusta e continuou seguindo, não estava muito longe do Muse Café, mas talvez não chegasse lá em perfeitas condições.

O Muse Café era um local bastante simples, possuía umas mesas redondas, umas luminárias bonitas no teto, vários pôsteres de ídolos do momento, e também era uma das primeiras cafeterias da região que produzia um dos melhores cafés que Matt havia tomado na vida. Filipe já estava lá dentro, sentado sozinho em uma mesa no canto e segurando seu chapéu preto e redondo, que parecia uma mini cartola.

Tirou o sobretudo para pendurá-lo no cabide da entrada, depositou o guarda-chuva em um recipiente retangular e se aproximou da mesa, seus sapatos faziam um barulho engraçado de quark, "lindo dia", pensou ele com ironia.

- Matt Lewis. - Filipe se levantou para cumprimentar o amigo com um abraço apertado. - Achei que não viria com esse tempo.

- Pensei no assunto, mas palavra é palavra. - sorriu e se sentou de frente para ele. - Já pediu alguma coisa para beber?

- Ainda não, o que você me sugere? - Filipe deu uma olhada no cardápio.

- Pode pedir um Cappuccino é muito bom e pede para pôr bastante chantilly. - Estendeu a mão e uma garçonete veio atendê-los.

- Pois não, cavaleiros? - perguntou com um simpático sorriso. Matt analisou a moça com cuidado, percebeu que ela não possuía aliança em nenhuma das mãos e estava bem vestida, de forma comportada.

- Eu gostaria de pedir um Cappuccino com chantilly. - disse Filipe rapidamente.

- Está bem, e o senhor? - Se virou para Matt

- Um café preto. - respondeu secamente, e logo acrescentou. - gostaria também de quatro pães de queijo do grande, por favor.

A garçonete terminou de anotar os pedidos e saiu rebolando pelo corredor até à cozinha.

- Garota bonita, né mesmo? - indagou Filipe baixinho.

- Sim, mas deve ter dezenove anos ou menos. - respondeu sem interesse.

Fazia tempo que ambos não se viam, talvez uns seis anos. Filipe ainda parecia o mesmo, Os cabelos escuros como a noite, olhos vivos e claros, a pele branca e uma barba bem cortada. Estava usando roupas casuais, o que era estranho, pois ele deveria ir para o trabalho logo em seguida, mas o que chamou atenção de Matt, foi o anel de ouro no dedo esquerdo dele, não estava lá na última vez que se viram.

Todos Eles Podiam Ver (Completo) (SOB REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora