📌Janela quebrada

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Matt acordou cedo na manhã de quinta-feira, e percebeu que não só precisava, mas também que deveria aceitar o cargo na polícia civil, como detetive particular. Sentia que era seu dever, não apenas como pessoa, mas também como vidente.

Ligou na recepção e pediu para que Carlos lhe pedisse um taxi para ele, enquanto se arrumava. Olhou seu relógio de bolso e viu que dava tempo suficiente para chegar no 4° distrito. Vestiu roupas sócias, pois um bom detetive sempre estava pronto para qualquer situação, e como ainda fazia muito frio em São Paulo, colocou um sobretudo marrom e seu chapéu.

Desceu as escadas com pressa, enquanto segurava com firmeza sua maleta preta, onde continha o caso da Ana Clara. Passou pelo jovem Carlos e acenou com a cabeça em sinal de agradecimento, podia ver o taxi parado em frente ao seu prédio.

Entrou no carro e deu o endereço do local que queria chegar, o taxista fez um aceno com a cabeça em sinal de compreensão e seguiu em frente para fazer o retorno. O 4° distrito de polícia ficava em uma atravessa da Rua Augusta, uma importante via do estado de São Paulo, onde acontecia a famosa noite de baladas e festas.

Enquanto seguiam as ruas, Matt se pegou pensando no passado e se perguntando se estava mesmo fazendo o certo, aquele pensamento lhe trouxe à tona o urso marrom que brincou durante sua infância toda, mas que se perdeu em algum momento da sua adolescência. Aquela lembrança também lhe fez refletir sobre a promessa que fez ao menino morto e decidiu que não deveria negar ajuda ao seu amigo.

— Chegamos, senhor. — disse o taxista.

— Obrigado. — Não tinha percebido o quanto chegou rápido ao seu destino, abriu a carteira e deu o dinheiro ao homem. Estava de bom humor naquele dia e gostaria de continuar daquela mesma maneira.

O D.P era um local não muito grande, por fora parecia ser bem pequeno, com algumas janelas largas e uma escada lateral. As paredes eram brancas com "4° Distrito de Polícia" em letras garrafais. Entrou rapidamente no estabelecimento, dando de cara com uma mulher de meia idade.

— Bom dia, senhor, posso lhe ajudar com alguma coisa? — perguntou ela de forma bastante simpática.

— Gostaria de falar com o Delegado Monteiro. — respondeu, tirando o chapéu da cabeça em gesto de respeito ao local.

— Como o senhor se chama?

— Matt Lewis, amigo dele. — disse, observando a mulher pegar o telefone e discar um número.

— Só um momento. — disse por fim.

Matt ficou observado o local, estava um pouco diferente do que se lembrava, parecia mais bonito e bem cuidado. Havia um grande mural com diversas fotografias, se afastou do balcão e se dirigiu a ele. Lá no alto estava a foto de Filipe, com várias medalhas no peito e uma postura ereta e cheia de autoridade.

— Senhor, ele pediu para subir até à sala dele. — disse a recepcionista. — quer ajuda para achar o lugar?

— Não precisa, eu me viro. — respondeu, seguindo o restante do corredor até à escada em caracol.

No andar superior deu de cara com outro corredor comprido, mas de cada lado havia portas com nomes em cima, diferente do que se lembrava, antes era apenas um espaço grande com mesas espalhadas por todos os lados. Bem ao fundo estava a mesa do delegado, Filipe sorriu para ele e acenou.

— Bom dia amigo. — Se levantou e veio de encontro, e o abraçou calorosamente. — Fico feliz que tenha aceitado o trabalho.

— Desculpa não ter ligado antes, mas... — começou a dizer, mas foi interrompido.

Todos Eles Podiam Ver (Completo) (SOB REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora