📌Zona Morta

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Quando o corpo estava sendo retirado do local, uma senhora surgiu de repente na cena. Seu rosto estava tomado de terror, lábios trêmulos e olhos lacrimejantes. Não precisava ser especialista para saber que ela era parente do garoto. Matt ficou observando os paramédicos levando o menino para dentro da ambulância juntamente com a mulher aos prantos, mas ele sabia que era tarde demais.

Mesmo sendo uma situação triste, Matt não podia perder tempo. Sabia que o assassino havia passado por ali e quanto antes visse as memorias do garoto, mais rápido resolveria o mistério. Precisava colher informações e a velha era a única que poderia lhe dá-las. Quando as pessoas começaram a se dissipar pelas ruas, cada uma seguindo seu destino como se nada tivesse acontecido, um velho asiático surgiu com um balde de água e uma vassoura.

— Desculpa senhor, conhecia o garoto? — se aproximou dele apresentando o distintivo de polícia.

— Conhecia sim, neto da dona Inês, aquela senhora que estava aqui. — disse com um sotaque oriental, ainda parecia abalado com o que vira. Começou a tentar limpar a macha no chão.

— Sinto muito, aliás meu nome é Matt, estou investigando o que houve. Trabalho aqui no quarto distrito. — pegou um bloco de anotações e uma caneta.

— Sou Konji. — disse, enquanto esfregava o sangue no chão.

— Pode me informar como era o garoto? — perguntou.

— Douglas era bem estranho, não se enturmava muito, quase não o via na rua, era da escola para casa. — jogou mais agua no sangue e prosseguiu. — Garotos tem que jogar bola, tem que correr com os amigos, não pode ficar trancado em casa.

— Ele se dava bem com a avó e mais alguém morava com eles? — questionou.

— Acredito que sim, não sei nada sobre relacionamento dele com a avó. — respondeu. — Mora só eles dois.

— Qual o número do apartamento deles?

— Dezessete, lá em cima é do lado do meu, número dezoito. — terminou de lavar toda a calçada da frente da lanchonete.

— Obrigado senhor Konji, agradeço as informações. — disse Matt por fim.

Dobrou a esquina e subiu as escadas ao lado da lanchonete e continuou a subir até o quinto andar, era onde ficava os apartamentos dezessete ao vinte. Havia muitas conversas nos corredores e algumas pessoas discutiam os acontecimentos recentes. O apartamento dezessete estava com a porta encostada e duas mulheres conversavam ao lado.

— Boa tarde, sou o detetive Matt Lewis. — se apresentou. — Quem está cuidado da casa. — apontou para o numero dezessete.

— Mora só a Inês e o neto, ela saiu desesperada que nem fechou a porta. — disse uma das mulheres.

— Será que eu posso dar uma olhada de onde o jovem Douglas pulou. — parecia estranho fazer aquela pergunta, afinal o que tinha de normal ver a cena de um suicida.

— Pode sim, acho que não tem problema. — A mulher abriu mais a porta e deixou Matt passar.

O apartamento era bem organizado. Logo de cara havia um sofá velho encostado em uma parede verde, uma estante de madeira, televisão, aparelho simples de som e duas portas. Uma ia em direção a varanda e a outra a cozinha. Havia também vários quadros do garoto junto com sua avó e outras com seus pais, o garoto tinha puxado o sorriso da mãe e os olhos firmes do pai. A luz do sol iluminava bem a sala e se não estivesse ali para resolver um crime, adoraria admirar a vista da Rua Augusta. Caminhou em direção a sacada e olhou para baixo. Era mais alto do que pensava. Deixou as observações de lado, precisava ser rápido ou levantaria suspeitas dos vizinhos. Tocou no parapeito e fechou os olhos para tentar sintonizar as memorias, mas algo aconteceu.

Todos Eles Podiam Ver (Completo) (SOB REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora