Capítulo 3

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Seus lábios eram rudes sobre os meus enquanto tentava a todo custo fazer com que eu o beijasse de volta, mas estava em choque demais até mesmo para reagir contra. O aperto em meu braço e o cheiro do álcool me fez sentir nojo daquele cara que um dia fora meu irmão. Talvez os anos longe tenham danificado de vez a mente dele e agora mais uma vez seria eu a pagar por suas escolhas. Tentei empurrá-lo com a mão livre, mas logo ele a agarrou e com força a colocou para trás de minhas costas e fez o mesmo com o outro braço me prendendo. Comecei a me mexer tentando me soltar e me afastar de sua boca. Aquele ali não era meu irmão!

Com uma habilidade provavelmente vinda da bebida ele segurou meus braços com uma só mão e outra começou a passar por meu corpo e num movimento rápido senti o robe ser aberto, foi quando ele se afastou de mim e direcionou o olhar para meu corpo.

— Gabriel eu não quero fazer um escândalo, mas você precisa me soltar – adverti num murmúrio enquanto ele mirava meu corpo.

— Amy, eu amo tanto você – disse baixinho enquanto começava a beijar meu pescoço e lágrimas começaram a brotar e um soluço alto saiu de mim – Por favor, não chora – suplicou continuando lentamente a trilha de beijos subindo por meu queixo – Entenda que eu sou louco por você.

— Eu sou sua irmã – choraminguei – Você não pode me beijar assim.

— Shiii – pediu para eu fazer silêncio e pela primeira vez naquela noite o vi me olhando com ternura – Se você falar alto Cassie vai acordar.

— Me deixa ir...

— Não, Amy – grunhiu e logo me beijou novamente, mas quando senti seus lábios se movendo contra os meus mordi fortemente o seu lábio inferior fazendo com que gemesse de dor e só soltei quando senti o gosto de sangue em minha boca. O empurrei com o máximo de força que tinha e ele me olhou de modo assustador e quando tocou nos lábios e viu o sangue em seus dedos corri para meu quarto e tranquei a porta.

— Ah meu Deus... – clamei enquanto chorava. Ele estava louco!

Murros começaram a ser dados em minha porta fazendo com eu e ela tremesse. Eu podia ouvir os gritos de Gabriel me chamando e esmurrando a porta com mais força. Vozes se juntaram a ele no corredor e ele parecia ainda mais descontrolado. Me aproximei da porta e ouvi Cassie questionando o que estava acontecendo e América gritava com Gabriel o chamando de louco.

— Gabe deixa ela! – Cassie gritava e imaginava que ela estivesse assustada, mas eu não me moveria para ajudar a acalmá-lo quando a culpada disso tudo era ela mesmo que o trouxe para cá.

— Amy, abra essa porta!

— Gabriel! – América gritou.

— Amy, por favor! Eu não vou machucar você!

— Você está bêbado seu idiota! – América berrou e fechei os olhos suplicando para que aquilo acabasse logo e que elas não descobrissem o que Gabriel tinha feito.

— Cala a boca, América! – o ouvi gritar de volta.

— Cala a boca o caralho! – ela gritou de volta e fiquei sem entender como ela não tinha medo dele – Você me trouxe para cá para ver o quanto você é um otário?! Vá dormir! Está assustando sua irmã!

— Mas a Amy não quer falar comigo – suspirou e percebi que América estava tendo algum sucesso em controlá-lo.

— Amanhã ela vai falar Gabriel – respondeu Cassie com uma voz suave – Agora venha, você precisa dormir – pediu e então ouvi passos e depois uma porta se fechando.

Suspirei cansada e fui para o banheiro tirando o robe no caminho, ficando apenas com a lingerie. Liguei a torneira da pia e molhei meu rosto tentando afugentar o medo que havia em meus olhos. Eu não reconhecia aquele cara que estava em minha casa, ele não era o mesmo que me deixou anos atrás. A casca era o corpo melhorado do meu irmão, mas por dentro havia um homem que me desejava carnalmente e suas atitudes eram apenas para me ferir. Eu não o conhecia. No espelho eu via olheiras, meus lábios vermelhos não pelo batom e sim pela força da boca dele contra a minha. O gosto do sangue ainda na minha boca, sangue esse que ambos compartilhamos, entretanto para ele parecia não importar quando o que ele queria era me beijar.

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