017 | cameron

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Parte 2
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C A M E R O N D A L L A S

— Já posso saber para onde estamos indo?

— Para a casa de Becca — respondeu.

— Ah, não.

Parei em um sinal. Coloquei a marcha do carro em ponto morto e comecei a dizer a Margo que ia levá-la de volta para casa.

— Nada de delitos graves. Eu juro. A gente precisa achar o carro de Travis. A rua de Becca é a próxima à direita, mas ele não iria estacionar na rua dela, porque os pais dela estão em casa. Tente a próxima. Isso é a primeira coisa.

— Tudo bem — falei. — Mas depois a gente vai para casa.

— Não, aí a gente vai para a parte dois das dez.

— Margo, essa é uma péssima ideia.

— Apenas dirija — ordenou, e foi o que eu fiz.

Encontramos o Lexus de Travisa duas quadras da rua de Becca, parado em uma rua sem saída. Antes mesmo que eu parasse o carro, Margo saltou, com a trava na mão. Ela abriu a porta do motorista do Lexus e pôs a trava no volante. Em seguida bateu a porta de leve.

— Babaca, burro que nunca tranca o carro — balbuciou enquanto entrava de volta na minivan, guardando as chaves da trava no bolso. E então se aproximou e acariciou meu cabelo. — Parte um: resolvida. Agora, para a casa de Becca.

Enquanto eu dirigia, Margo me explicou as partes dois e três.

— É genial — comentei, embora, lá no fundo, estivesse tremendo de nervosismo.Entrei na rua de Becca e parei duas casas antes da Mansão Arrington. Margo pulou para a parte de trás do carro e voltou com um binóculo e uma câmera digital. Primeiro, ela olhou pelo binóculo, depois o passou para mim. Dava para ver uma luz no porão da casa, mas não havia movimento. Eu estava impressionado com o simples fato de a casa ter um porão.

— Alô? Sr. Arrington? — perguntei, assim que a voz masculina e sonolenta atendeu o telefone.

Margo quis que eu ligasse porque ninguém jamais reconheceria minha voz.

Quem é? Meu Deus, que horas são?

— Acho que o senhor deveria saber que, neste momento, sua filha está transando com Travis Lancaster no porão de sua casa.

E então desliguei.

Parte dois: concluída.

Margo e eu abrimos as portas do carro e corremos rua abaixo, e nos deitamos de bruços atrás da cerca viva ao redor do jardim de Becca. Ela me passou a câmera, e eu fiquei observando enquanto uma luz foi acesa em um quarto do segundo andar, depois na escada, e então na cozinha, até que, finalmente, na escada do porão.

— Lá vem ele — sussurrou Margo. Eu não entendi muito bem o que ela queria dizer até que, pelo canto do olho, notei um Travis Lancaster sem camisa pendurado na janela do porão. Ele correu, atravessando o gramado só de cueca, e, quando se aproximou, levantei e bati uma foto dele, completando a parte três. Acho que o flash surpreendeu a nós dois, e ele piscou na escuridão por um instante antes de sair correndo pela noite. Margo me puxou pela calça; olhei para baixo, e ela estava sorrindo de maneira tola. Estiquei a mão, a ajudei a se levantar e nós corremos de volta para o carro. Eu estava enfiando a chave na ignição quando ela disse:

— Quero ver a foto.

Passei a câmera para ela e, juntos, vimos a foto surgir na tela, nossa cabeça quase se tocando. Ao ver a cara assustada e pálida de Travis, não consegui segurar o riso.

𝐩𝐚𝐩𝐞𝐫 𝐭𝐨𝐰𝐧 · 𝐜𝐚𝐝Onde histórias criam vida. Descubra agora