Parte 3 e última.
———C A M E R O N D A L L A S
— A gente está passeando pelo centro? — perguntei.
— Não. — disse ela. — Estou tentando chegar ao prédio do SunTrust. Fica ao lado do Aspargão.
— Ah — respondi, porque pela primeira vez naquela noite eu tinha uma informação útil a oferecer. — Fica no sul.
Encostei o carro diante de um parquímetro e olhei para Margo. Por um instante, eu a flagrei olhando para o nada, os olhos perdidos, não exatamente encarando o Aspargão, mas olhando para além dele. Foi a primeira vez que achei que talvez algo estivesse errado — não errado do tipo "meu ex namorado é um babaca", mas realmente errado. E eu devia ter dito algo. Claro. Eu devia ter começado a falar sem parar. Mas tudo o que falei foi:
— Posso saber por que você me trouxe até o Aspargão?
Ela se virou para mim e sorriu. Margo era tão bonita que até seus sorrisos falsos eram convincentes.
— A gente precisa verificar o nosso progresso. E o melhor lugar para fazer isso é do topo do prédio do SunTrust.
Revirei os olhos.
— Não. Não mesmo. De jeito nenhum. Você falou que não haveria arrombamentos nem invasão de domicílios.
— E desde quando isso aqui é um domicílio? Além do mais, é só entrar, porque a porta não fica trancada.
— Margo, isso é ridículo. É cla... — Eu admito que ao longo da noite cometemos tanto arrombamento quanto invasão de domicílio. Invadimos a casa de Becca. Arrombamos a casa de Travis e vamos invadir aqui também. Mas em nenhum momento cometemos arrombamento e invasão ao mesmo tempo. Teoricamente, a polícia poderia nos acusar de arrombamento e poderia nos acusar de invasão, mas não de arrombamento e invasão. Então mantive minha palavra. — Na certa o SunTrust tem, sei lá, um segurança ou qualquer coisa assim.
— Eles têm — disse ela, soltando o cinto de segurança. — É claro que eles têm. Ele se chama Gus.
Entramos pela porta da frente. Sentado atrás de um imenso balcão semicircular, estava um rapaz com cavanhaque ralo e vestindo uniforme da companhia Regents Security.
— Qual é a boa, Margo? — disse ele.
— E aí, Gus? — respondeu ela.
— Quem é a criança?
A GENTE TEM A MESMA IDADE!, eu queria gritar, mas deixei Margo responder por mim.
— É o meu amigo Cameron. Cam, este é Gus.
— Qual é a boa, Cameron? — perguntou Gus.
Ah, a gente só está largando uns peixes mortos pela cidade, quebrando janelas, fotografando uns caras pelados e curtindo no saguão de entrada de arranha-céus às 3h15 da manhã. Esse tipo de coisa.
— Nada de mais — respondi.
— Os elevadores passam a noite desligados — disse Gus. — Tive que desligar às três. Mas vocês podem usar a escada.
— Legal. Até mais, Gus!
— Até, Margo.
— Como assim você conhece o segurança do SunTrust? — perguntei assim que chegamos às escadas e não podíamos mais ser ouvidos.
— Ele estava no último ano quando a gente estava no primeiro — respondeu ela. — Você precisa vir mais rápido, ok? Estamos perdendo tempo.
Margo começou a subir os degraus de dois em dois, voando, uma das mãos no corrimão, e eu tentava acompanhá-la, sem sucesso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
𝐩𝐚𝐩𝐞𝐫 𝐭𝐨𝐰𝐧 · 𝐜𝐚𝐝
FanfictionOnde Margo está cansada de se sentir como uma garota de papel, em uma cidade de papel. · started on february 1, 2018. · completed may 23, 2019. · copyright 2018 © xoxonicp · Crossover entre: Intermittent Explosive Disorder, New Rules, No Drugs, Lov...