IX - Pós Cerimônia

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Katie

Meu quarto precisava de uma reforma. Não gostava mais daquela cor, e de todas as fotos mirins na parede, sem falar daquelas bonecas velhas e sem graça. Adorava quando ganhava esse tipo de presente em meus aniversários, hoje nem me preocupo muito com presentes, principalmente nesses últimos meses aterrorizantes nesse fim de mundo. Amigas mortas, Carlos internado, Xerife virou pedacinhos em uma cerimônia. Poxa! O que estava acontecendo nessa merda dessa cidade? Eu nem sabia mais onde estava as chaves do meu quarto e nem queria saber, só queria ficar ali dentro trancada e deitada. Com medo? Com raiva? Não sei descrever o sentimento que eu sentia naquele momento, mas era uma grande mistura de tudo que você está sentindo. Sem entender onde essas histórias iriam acabar, se iriam ter solução ou não... Ou pensando em quem seria o próximo falecido. Poxa! Nem o Xerife escapou! Em minha cabeça estava martelando a noite na biblioteca e tudo que aconteceu lá. Aquele velho, aquele fantasma. Tudo o que eu queria nesse momento era o Carlos, para me confortar e falar se aquilo realmente aconteceu ou foi alucinação minha. Eu não sabia o que fazer com tanta informação e mistérios. Naquele momento a cidade era cercada pelos principais agentes de polícia do país, detetives especializados estavam passando de casa em cada da cidade para falar com cada membro dela e outras famílias já estavam arrumando a mala para ir visitar os parentes ou até uma mudança definitiva. Fazia 3 semanas que minha escola estava fechada por luto e falta de professores para substituir as vítimas desse massacre. Sinceramente eu não fazia a mínima do que iria acontecer. E duvidava que algo pior pudessem acontecer.

- Filha! Faz horas que você está aí dentro trancada. - Odeio quando minha mãe interrompe os meus pensamentos e fica na porta batendo e dando sermões de autoestima até eu abrir a porta. - Você precisa trocar essa roupa, tomar um banho, comer algo...

- Cala boca mãe. Deixa-me em paz poxa! Só quero ficar sozinha - Eu gritava como uma louca. - O que te importa eu está toda suja? Vamos morrer do mesmo jeito oras. Você sabe de mais coisas, eu sei que sabe. E não me conta. - Tá, confesso talvez isso seja uma paranóia de minha cabeça.

- Tudo o que eu quero é te ver segura e feliz filha. Se eu soubesse de algo eu já teria tido uma conversa com o xerife. - minha mãe ainda mantém a calma.

- Pois é! Mas agora ele está mortoooo mãe. Mortoooo. E tudo culpa de uma merda de um circo que foi queimado quando eu nem tinha nascido, tudo por causa de pessoas que eu nem conhecia que morreram rezando para algum Deus que não importa. - Eu estava falando tudo isso, mesmo sabendo que minha mãe não iria entender nada.

- Filha você tem que manter a calma. Do que é que você está falando? Você está bem? Tem certeza que você está raciocinando?

- Mãe todos vamos morrer. É vingança que eles querem Mãe. - As lágrimas já percorriam todo o meu rosto e meu desespero só aumentava. - As almas deles mãe, ainda estão sofrendo e querem vingança. Pessoas as queimaram mãe. Elas querem vingança e matar todas as famílias envolvidas. - Eu não fazia a mínima noção do motivo de ter verbalizado isso para a minha mãe.

- Filha, eu sei que é complicado pra gente entender o que um assassino quer... Mas filha para de criar alucinações... Acho que devemos procurar um Psicólogo, para você, para a nossa família...

- Sai daqui. Você não entende, NINGUÉM entende. - falava isso no mesmo momento que jogava um copo, que estava no meu quarto, na porta fazendo ele se despedaçar e ecoar um som estridente.

Depois que joguei o copo. Percebi que a sombra de minha mãe ainda estava do lado de fora do quarto. Porém depois se afastou e eu a escutei descendo as escadas. Tinha certeza que ela tinha ido falar com o meu pai. Todos os acontecimentos estavam me deixando maluca e no momento eu não pensei que talvez minha mãe estivesse sofrendo tanto como eu. A única solução que eu enxergava no momento era mudar de cidade e acabar com essa perseguição uma vez por todas, porém eu queria permanecer na cidade e vê a recuperação do Carlos, quero escutar a opinião dele e continuar tentado desvendar tudo que está acontecendo. Sozinha eu não iria conseguir suportar todas essas minhas dúvidas. Poxa como é possível alguém matar sem dó e piedade desse modo e sem deixar rastros? Mas também, como é possível almas estarem fazendo coisas físicas como assassinar e explodir um palco? Nenhumas das duas coisas são humanamente possíveis... A única explicação que eu tinha no momento era que: algo sobrenatural estava por trás de tudo isso. Porém pensar em algo do tipo me deixava maluca, como alguém poderia acreditar em fantasmas ou algo do tipo? Eu própria me perguntava se estava ficando louca que cogitar a existências de forças sobrenaturais. O pior era que eu não sabia onde encontrar as repostas para todas essas minhas perguntas. Quem poderia responder elas... Quem? Mais uma vez em minha cabeça veio a ideia de ir até a biblioteca e ler novamente aqueles livros misteriosos.

KARMA - A Morte Do Seu Lado Onde histórias criam vida. Descubra agora