Little Baby

7. Babador

Chanyeol já estava arrumando meu apartamento há umas duas horas e eu o assistia sentado no sofá macio da sala enquanto repousava minhas mãos em minha enorme barriga. O mais novo estava morando comigo há uma semana.

O vi entrar na porta da dispensa saindo de lá sem a vassoura e o balde que anteriormente usava. Ele veio até onde eu estava e se sentou ao meu lado.

- Obrigado por me ajudar. Prometo te pagar por isso. - coloquei minha mão sobre seu ombro afagando-o de leve.

- Não precisa. Faço isso porque somos amigos e eu sei que não está sendo fácil. - ele sorriu para mim, e colocou sua mão em cima da minha. - Me pague com sua companhia. - senti meu rosto esquentar e logo desviei meu olhar do seu. Chanyeol estava me causando sentimentos os quais eu não deveria sentir.

- Certo, então. - foquei na televisão à frente e retirei minha mão de si. - Quer assistir alguma coisa? - perguntei, tentando dissipar o clima tenso que se formava ali.

- Eu vi que ia ter uma maratona de O Poderoso Chefão, mas não me lembro o canal. - era incrível como Chanyeol dava continuidade a todos os assuntos quais eu iniciava. Talvez somente eu estivesse confuso sobre os meus sentimentos ao longo dessa semana. - Vamos procurar. - e ele sorriu. Sorriu de forma que sua covinha ficasse à mostra. Então eu parei para pensar: quando eu passei a reparar tanto nesse garoto e apreciar seus detalhes e trejeitos? Não fazia sentido, eu o odiava na época do colegial. Soltei um risinho após momentos o encarando para enfim desviar. - O que foi? - ele buscava meu olhar com um sorriso curioso de canto.

- Nada... só que é engraçado. - voltei meu olhar para si. - Lembro que eu e você não nos suportávamos. Você odiava minha personalidade e meu jeito rebelde desbocado. - o mais novo passou a rir sendo acompanhado por mim.

- Na verdade eu nunca te odiei realmente. - ele parecia relembrar e mordia o lábio ponderando as palavras. - Acho que era apenas inveja mesmo.

- Como assim? - o olhei com curiosidade e ele desviou o olhar do meu. - Me conta Chan! - chacoalhei seu ombro o forçando a me dizer.

- Aish, ok eu conto. - ele riu e se virou para mim. Senti meu coração tamborilar dentro do meu peito. - Você sabe, eu era só um nerd inteligente. Já você, era popular e adorado por todos. Não havia um sequer que não queria ser como você naquela escola. - arregalei os olhos. Eu tinha noção que era conhecido, mas a forma como Chanyeol falava dava a entender que eu comandava todo o colégio, e não foi bem assim na época.

- Não era bem assim! Eu nem era tudo isso que você acabou de falar... e mais, se eu tivesse deixado de matar aula e estudado mais como você, talvez eu não estivesse nessa situação agora. Você não deve ter inveja de mim. - confessei vendo seu cenho franzir.

- Jamais diga isso novamente. - ele tinha sua expressão dura e séria. - Não fale como se você estar grávido fosse algo ruim. Você tem muita sorte de estar carregando o Tae. - baixei o olhar. Levar bronca estava se tornando minha especialidade nos últimos dias. Chanyeol levantou meu queixo e me encarou. - Ele é uma benção.

Senti meus olhos marejarem e meu rosto esquentar pela proximidade. Porém ela logo se desfez e eu fixei meu olhar em minha barriga.

- Você tem razão. Desculpe Tae. - acariciei o local e percebi Chanyeol se aproximar, colando suas mãos no mesmo lugar que as minhas. - Eu queria ter te conhecido melhor na época. Talvez pudéssemos ter criado um vínculo de amizade antes. - o encarei e sua proximidade me fez reparar demais em seu rosto, mais especificamente em sua boca.

- Talvez o pai dessa criança fosse eu. - senti meu estômago gelar e minhas pernas perderem a função. No mesmo momento desviei o olhar de seus lábios carnudos e encarei seus olhos que possuíam um ar sereno. - Desculpe, eu só... deixa pra lá. Vou ir fazer pipoca para nós, já volto.

Fiquei estático enquanto o via se afastar indo até a cozinha e mexendo nos armários. Eu sentia algo que andava acontecendo muito ultimamente: borboletas no estômago.

Minhas mãos tremiam e gelavam. Eu queria dizer tanta coisa, mas não fazia ideia de como colocar em palavras. E fiquei tanto tempo ali sentindo meu coração palpitar em um frenesi ritmado, que ao menos notei quando ele já havia regressado e sentado ao meu lado novamente, dessa vez mais distante que antes. Ele percebeu o meu estado e me olhou meio triste. - Baek, eu não estou pedindo nada a você, não quero que me entenda mal. Desculpe pelo comentário, foi impulso da minha parte dizer uma coisa dessas. É nítido que ainda sente alguma coisa pelo pai do Tae e eu espero que vocês se entendam e fiquem juntos, já que eu sei bem como crescer sem um pai pode atrapalhar a vida de uma criança. Então eu torço pela volta de vocês dois pelo bem desse bebezinho que está por vir. - tentou sorrir no final, mas seu olhar tristonho não passou despercebido por mim.

- Cala a boca. - o encarei sentindo a raiva se aflorar dentro de mim. - Você não faz ideia das coisas que eu ouvi daquele canalha! Você não faz ideia de quantas vezes eu peguei ele com outros e outras na cama que a gente dormia! E você não faz ideia de como foi difícil sustentar essa gravidez sozinho até agora! Então não vem insinuar que meu filho precisa daquele cretino, porque ele não precisa! - me levantei, já sentindo meu coração acelerar de novo, porém de nervoso. - E outra - apontei o indicar no rosto de Chanyeol, vendo seus olhos arregalarem pela surpresa. -, não fale como se você não estivesse percebendo o efeito que está causando em mim porque eu sei que você sabe. - senti meus olhos marejarem e engoli em seco. - Para de agir como se não soubesse... - desviei meu olhar do seu e saí indo até o pé da escada onde senti sua mão fria e trêmula envolver meu pulso. Desisti de fugir e o encarei tentando não deixar as lágrimas rolarem.

- Esses hormônios estão te sufocando, não é? - ele sorriu de lado e eu o encarei embasbacado. - Certo, péssima hora para esse tipo de comentário. - ele riu fofo e aquilo fez um pouco da vontade que eu tinha de chorar como uma garotinha que não teve seu amor correspondido, passar. - Vem cá. - e sem aguardar uma resposta, me puxou de volta para o sofá, me sentando e se colocando ao meu lado. Chanyeol se virou para mim e colocou minhas mãos entrelaçadas com as suas. - Desculpe por isso, eu não quis te magoar falando daquele cara. Eu não sei exatamente como foi o relacionamento de vocês, mas sei que você como pai dessa criança sabe o que é melhor para ela. - ele me sorriu e eu permiti fazer o mesmo para si. - E sobre nós, eu realmente sinto muito. - o encarei sentindo-me quebrar por dentro. Eu nunca havia levado um fora e não sabia que a sensação era tão ruim. - Sinto muito por não ter percebido. Mas sinto ainda mais por não ter sido homem o suficiente para te chamar para sair antes. - o encarei sentindo meu estômago repuxar.

- Chanyeol eu...

Dei um pulo ao ouvir meu celular tocar e tremer em cima da mesinha de centro da sala. Praguejei enquanto o mais novo ria da minha expressão e pegava o aparelho para me entregar em seguida. Eu teria xingado se não fosse pelo nome de Jongin brilhando na tela.