Tudo aconteceu rápido demais. Quando dei por mim já estava chorando descontrolado enquanto Chanyeol tentava me acalmar. Aquela ida ao hospital foi a mais triste em muitos anos e eu simplesmente não conseguia acreditar no que havia ocorrido.
Kyungsoo sofrera um aborto espontâneo.
Quando Jongin me ligou eu achei que era algo sério, mas quando falei consigo percebi que era muito pior que isso. Nem tudo nós podemos dar um jeito ou consertar as coisas, existem momentos que nada podemos fazer. E infelizmente isso estava acontecendo conosco.
O médico responsável por Kyungsoo veio nos dar notícias. - Senhor Kim Jongin? - ele chamou e logo o mesmo estava ali em sua frente. - Eu sinto muito, mas seu namorado perdeu o bebê. - o Kim tentava se manter forte, mas naquele momento nada o faria segurar as pontas. Ele passou a chorar como uma criança. - O senhor Do já está consciente. Dois de cada vez para vê-lo, por favor.
Assentimos e Jongin se virou para nós, tentando se reerguer da tragédia que estava vivenciando.
- E-eu vou ir ver como ele está. - se virou indo em direção ao quarto do mais velho. Olhei para Chanyeol e ele indicou o caminho com um manear de cabeça para que eu fosse com Jongin.
- Eu fico aqui para quando Sehun e Luhan chegarem. Pode ir. - assenti e após receber um abraço e um beijo no topo de minha cabeça, me desprendi de Chanyeol e fui em direção ao quarto de Kyungsoo.
Parei ao lado de fora da porta, ouvindo o choro dos dois dentro do quarto.
- Por que não me contou antes? Teríamos tomado mais cuidado com você. Eu jamais teria te deixado carregar peso. - Jongin dizia, com a voz embargada.
- Eu queria fazer uma surpresa para você! Eu estava com medo de você não aceitar essa criança por sermos muito novos para lidar com essas responsabilidades. Eu fiquei com medo de você me mandar tirar... - o mais velho dos dois dizia tudo tão baixo que eu mal consegui ouvir.
- Como você pode pensar uma coisa dessas de mim?! Eu jamais obrigaria você a abortar o nosso filho! Que tipo de monstro você acha que eu sou?! - pude ouvir o som de algo arrastando no chão, provavelmente a cadeira. Jongin sempre fora um garoto de personalidade explosiva. Defendia Kyungsoo com unhas e dentes, mas também quando discutiam era sempre da mesma maneira. - Eu não acredito que você... como você pôde pensar que eu faria um absurdo desses, justo com você?!
- Para de gritar comigo! - agora o mais velho ali soluçava enquanto falava, chorando alto. - A culpa foi minha e eu sei disso...
- Não foi culpa sua. Não tem ninguém culpado aqui, meu amor... Desculpe ter gritado com você.
- Se eu fosse mais forte nosso bebê não teria morrido.
- Pare de dizer essas coisas, por favor. Eu e você ainda teremos muitos bebês para cuidar.
- Mas esse...
- Eu sinto muito por isso, meu amor. Sei que você está triste também, mas não foi culpa sua.
- Mas Nini...
- Shh. Eu vou estar com você independente de qualquer coisa.
E eu teria ouvido mais coisas se não fosse Luhan me assustando com sua aparição repentina.
- Ai que susto Hannie! - fechei os olhos colocando a mão no peito e depois na testa. O encarei e vi que o mais velho tinha os olhos vermelhos e logo voltou a chorar. - Ah meu amor, fica calmo. Precisamos ser fortes por ele. - o puxei para um abraço e no mesmo instante a porta se abriu e Jongin nos sorriu da melhor maneira que pôde.
- Podem entrar. Ele quer ver vocês. - assentimos e o Kim nos deu passagem. Luhan entrou imediatamente indo molhar o ombro de Kyungsoo e eu entrei logo após, mas ainda pude ver ao olhar para o lado Sehun e Chanyeol consolando Jongin que tentava reprimir as lágrimas.
Entrei no quarto fechando a porta em seguida. Fui até onde o mais novo estava e me sentei ao seu lado no colchão. Ficamos alguns minutos em silêncio, eu abraçava Kyungsoo e fazia um carinho em seus cabelos.
- Sabe Baek, eu estava tão feliz com a gravidez. - Do se afastou e se sentou corretamente, encostando-se na cabeceira. Suspirou. - Mas agora que tudo isso aconteceu, acho que eu não teria dado conta. - sorri para si e puxei sua cabeça encostando-a em meu ombro.
- Você sabe que é novo demais e que não era a hora certa. - encostei minha cabeça na sua. - Mas dar à luz a uma criança não vem com manual de instruções. Sentir medo é normal, Soo.
- E que mesmo com Jongin dizendo que vocês dariam um jeito, ainda assim isso te assusta. - Hannie completou, entrelaçando seus dedos aos de Kyungsoo. - Está tudo bem, Soo. Quando for para ser, será e você será um ótimo pai quando acontecer.
Sorrimos para o mais novo, que parecia se conformar com tudo e aceitar que coisas ruins também acontecem e que a vida é assim. Nem tudo é como planejamos ou como queremos.
Ficamos um tempo ali consolando Kyungsoo e limpando alguma lágrima que rolava vez ou outra pelo rosto do Do. O estado emocional do mais novo não era dos melhores e mesmo Luhan não sabia ao certo como tentar animá-lo.
- Eu vou ficar bem, não precisam me tratar como se eu fosse de vidro. - pediu olhando para as próprias mãos. - Acho que assim eu me sinto pior pelo que aconteceu... - confessou um tanto quanto baixinho.
- Você tem razão, Soo. Se ficarmos lamentando sobre isso, só irá nos trazer as lembranças de volta. - Luhan começou a falar. - Mesmo que nunca esqueçamos desse bebê que não pôde nascer, ele odiaria ver os papais dele triste. - o mais velho sorriu, enquanto eu assentia e aninhava os fios de Kyungsoo.
- Ele é o nosso anjinho agora. - sorri para o Do que concordou tentando demonstrar força.
Não demorou para que Jongin aparecesse no quarto pedindo a companhia do namorado e como Luhan e eu sabíamos que os dois precisavam um do outro, demos adeus ao casal e seguimos juntos até onde Chanyeol e Sehun estavam.
***
- Está com fome? O que quer comer? - Chanyeol perguntava enquanto eu me jogava no sofá. Havíamos acabado de retornar do hospital após ter certeza de que o casal ficaria bem.
- Um pouco. Eu como qualquer coisa que fizer para mim. Você só cozinha coisa gostosa, Chan. - ouvi a risada do mais novo enquanto o mesmo já estava na cozinha mexendo nas panelas.
Ouvi um trovão e logo a chuva castigava a janela fazendo um barulhinho acolhedor. Eu adorava o som da chuva então aproveitei e me acomodei, logo perdendo a consciência e dormindo no estofado.
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Little Baby
FanfictionTodos que chegavam me cumprimentavam e me entregavam o típico presente que eu sabia ser um pacote de fraldas. Era o meu chá de bebê e eu estava enorme.