PRÓLOGO

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    Minha história começa onde todas as outras terminam e recomeçam.

Onde continuam sempre seguindo seu curso natural, porém nunca comigo estando incluso.

Filosófico não é? Sei que isso parece um dramalhão mexicano, mas é a pura realidade. Parece que sou o destinado a sempre ser deixado por último, não importa o que eu faço ou com quem eu me envolva, pessoas melhores entram no enredo e eu sou esquecido.

E acabo assim. Sentado em minha enorme cadeira, na Agência, com meu copo de whisky e algumas das várias lembranças de todas jornadas que já fiz. Nem sempre fui esse homem magnético e poderoso, antes de virar Encarregado, fui obrigado a provar o meu valor para com esta Organização, e, enquanto os outros cadentes provavam seu ótimo manejo com armas, formação de elites e afins, eu... Seduzia. Minha lábia e charme eram as minhas cartas nas mangas, principalmente nas provas físicas. Pois, ao contrário dos meus colegas que serviram no exército, eu tinha caído de paraquedas ali, sentindo que tinha um chamado a cumprir.

Lembro-me bem quando o nosso Superior me encarou no fundo dos olhos e estava há segundos de me retirar do projeto Ônix por causa de uma falha minha com uma das armas, quando, em um rompante gracioso, sua mulher invadiu o ginásio, chamando-o para conversar, não antes de me lançar uma discreta piscadela. Afinal, ali havia um grande agradecimento oculto pela noite anterior, regada de prazer e algumas promessas.

Que ela, lindamente, cumpriu.

No fim, me esforcei o suficiente para me livrar de toda aquela carga horária de atividades e me ver na frente dos verdadeiros desafios, as missões. Por mais que eu soubesse o verdadeiro valor e mesmo sendo bom com armas, eu não gostava de recorrer à violência, me lembrava do meio onde cresci e... O meu método era bem diferente do normal. Enquanto meus parceiros faziam emboscadas, onde gritavam com seus auto-falantes e exibiam suas armas com silenciador.

Eu, simplesmente, levava meus alvos para jantar, os fazia confessar e os prendia.

Tudo bem, eu admito ter que socar algumas caras ao longo desse processo de aprimorar a minha técnica, até descobrir que não podia usar apenas o meu charme, pois seria visto como vulnerável, então, estudei algumas coisas, descobri a propriedade de alguns venenos e combinações interessantes... E voi á là, promovido a Agente Especial Keller. Sai da posição de cadete para uma completamente requisitada e desejada.

Sorrio ao me lembrar da primeira missão como Agente.

O restaurante italiano era sempre uma boa pedida para encontrar pessoas desse tipo, mas seria previsível e clichê, então, depois de um longo monitoramento, descobri a preferência do meu alvo por barzinhos rústicos. Ela fechava grandes negócios lá.

Sim, ela.

Vera Khurt, com seu belo cabelo negro como a noite, com o comprimento longo, até depois da cintura, adornado por largos cachos em suas pontas e lábios vermelhos e carnudos. Os olhos verdes e corpo curvilíneo eram apenas uma distração para sua verdadeira personalidade e caráter errôneo, era como uma princesa Espanhola disfarçada de rainha do crime, chefe de um dos cartéis mais movimentados de Contreras.

Minha missão? Fazê-la confessar e me levar até o Cartel.

Meu disfarce?

Nenhum. Era apenas um estrangeiro andando pelas ruas quentes de Contreras e que ficou magnetizado pela beleza exótica daquela linda mulher. O que, em parte, era uma completa verdade.

AGENTE KELLER - Ao seu dispor.Onde histórias criam vida. Descubra agora