AGENTE KELLER - Ao seu dispor.

2 CAPÍTULO - Tentando superar, apenas tentando

I'm giving you up

I've forgiven it all

You set me free, oh

— Send My Love (Your New Lover) — Adele.

Foram três exatas semanas e cinco celulares jogados no lixo, em pedaços. Cinco malditas vezes que passei perto de me trair e ligar para a Emma, contrariando toda a nossa conversa e dizendo que aceitaria qualquer coisa que ela pudesse me dar, só para não perdê-la.

Agora eu entendia o porquê do meu pai ter me batido tanto quando eu era criança. Sou fraco e sensível demais para esse mundo. Qualquer coisa me afeta, me arrebata, me leva, qualquer coisa me deixa vulnerável. Ainda mais se o amor estiver na equação, aí sou completamente um inútil.

Era por isso que ele me chamava de "mulherzinha" cada vez que eu escutava os berros da minha mãe quando sua mão atingia meu rosto ou seus chutes fraturavam as minhas costelas. Foram anos e anos nisso, até eu... Suspiro, tomando o ar e virando mais uma das doses de whisky da noite. Meus olhos acompanhavam as imagens impecáveis da bela agente que eu criei, Karson nocauteou dois brutamontes com alguns sorrisos e as agulhas imobilizadoras. Ela passou as informações diretamente para a Melina, evitando os cantos das paredes ou a porta do lugar. Ela claramente sabia sobre as câmeras.

— Cara, se cada vez que a Karson entrar em uma missão, você escutar Adele no último volume e encher a cara do whisky mais caro do Estado. Cinco coisas vão acontecer. A primeira é: Esse seu sistema de som vai encontrar o meu copo de chá gelado. A segunda: Vou me encarregar de tirar o sistema de monitoramento do seu computador. A terceira: Você vai falir de tanto que compra essa garrafa e celulares novos. ― ergueu os quarto dedo — Quarta: Seu fígado vai fazer as malas, pedir o divórcio porque não vai aguentar mais e eu juro que não vou procurar ninguém para te ajudar. E a última: Eu vou levá-la embora. E isso vai fazer todo mundo sofrer. Porque essa é a vocação dela e ela é bem... É a Gaivota Branca.

― Melina... ― tentei retrucar, virando o resto do líquido que não fazia nem cócegas na minha garganta já dormente. A dor me fazia ficar estranhamente sóbrio. ― Eu... ― comecei a falar, mas aquele furacão de cabelo loiro e batom vermelho me interrompeu, erguendo a outra a mão, completando seis coisas.

― Ah, esqueci... ― resmungou. ― Eu vou chutar o seu saco tão forte que vai implorar para morrer. Então... ― a voz da Adele irrompeu o ambiente e ela grunhiu alto, batendo os pés com os saltos caros no porcelanato da sala. ― Alexander, desliga isso. Até eu estou a ponto de chorar sem ter nenhum motivo!

Abri a boca e ela semicerrou os olhos.

― Eu vou quebrar tudo.

Bufei.

― Descontrolada.

Ela meneou a cabeça.

― Sou sua amiga, Keller. ― suspirou. ― Assim como eu sou dela. ― apontou para as imagens. ― Você tomou a atitude certa. Emma é maravilhosa, mas quando se trata dos sentimentos alheios, ela não é responsável. E a culpa não é diretamente dela, nós sabemos... ― soltou o ar ― Assim como não é sua. Mas o fato aqui é: Você é gostoso pra caralho, é rico e o cara mais inteligente que já conheci. Se eu não tivesse o Gelo e Gelinho me esperando na cama quando eu chegasse em casa, você, com certeza, estaria na minha lista.

Não consegui evitar o pequeno sorriso.

Melina comemorou.

― Isso mesmo! Aí está o Agente Especial que parte os corações das mal feitoras! ― bateu palmas e parou ao olhar para o relógio. ― Olha, a conversa está maravilhosa, mas eu tenho que ir. Porém... ― se aproximou, pegando na minha mão. Por um momento, pensei que ela iria falar algo lindo e meigo, no entanto, a dor do meu pulso sendo girado e a milímetros de torcer me fez berrar. ― Você vai me prometer ir a um pub, correr ou espairecer. E não quebrar mais nenhum celular, porque você pode ser rico, mas eu já cansei de programá-los! ― grunhiu. ― Estamos entendidos?