9 CAPÍTULO - Uma missão, dois sumiços

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Passei dois dias treinando a Daiane, ensinando-as coisas teóricas, nada de lutas — pois eu gostava do meu maxilar reto e sem nenhum roxo, já que era um dos lugares que ela mais gostava de atingir com os seus socos de esquerda —, mostrando como usava as ervas, substâncias, agulhas e outras coisas ao meu favor. Ela me surpreendeu ao mostrar que sabia fazer misturas impressionantes com as bebidas e eu internamente decidi não tomar uma gota d'água sequer no bar do tio dela. Era bem perigoso. Não queria acabar ficando impotente ou algemado na gaiola de um leão no zoológico.

Porém, uma parte essencial do meu treinamento com ela era vê-la em campo. Eu simularia uma missão, contrataria os atores, armaria a cena e a veria em ação. A Lorelai, a Emma, a Eva, todas tiveram um êxito fora do comum nesse quesito. Parker passou perto de agredir um dos figurantes, a Emma e a Eva lidaram com as situações como se tivessem anos de experiência. Meu histórico de pupilas sempre foi bom e não seria agora que decairia.

— Eu pedi para você colocar a roupa que eu te dei. — resmunguei ao vê-la descer. As pernas longas e brilhantes por causa de algum tipo de óleo caminhavam em um ritmo hipnotizante. O salto era de tiras finas e levemente brilhantes. Subi devagar meu olhar até encontrar o vestido preto curto e de alças finas, os fios castanhos estavam soltos e espalhados pelo ombro. — Quero saber como vai brigar com essa roupa.

Daiane suspirou, sem dar ouvidos para as minhas reclamações.

— Admita logo que estou gostosa. — o cheiro completamente adocicado atingiu as minhas narinas e eu estranhei. Estava acostumado com mulheres que corriam desse tipo de perfume, a Chaves era primeira a realmente ter um cheiro doce. — O que foi? Está parecendo um cachorrinho farejando algo. — caçoou.

Bufei.

— Vamos logo, antes que você suba e resolva sair apenas de lingerie.

Ela riu, andando na minha frente com um rebolado desorientador, remexi a cabeça, tentando sair daquela porcaria de transe esquisito que o movimento do tecido escorregando pela pele dela estava me causando. Isso só poderia ser a falta de sexo falando mais alto.

— Você adoraria isso, não?

Na verdade, realmente gostaria, esse primeiro mês sem o frequente e selvagem sexo que eu fazia com a Emma estava começando a me afetar de um jeito doentio. Era difícil admitir, mas eu estava na seca.

— Você é muito confiante. — desconversei.

— Eu acho que é você que está acostumado com mulheres quebradas — resmungou. — Eu estou muito bem inteira e feliz comigo mesma. E sei que estou irresistível essa noite, só estou fazendo a observação de um fato incontestável. — tomou a frente, explicando ao entrar no meu carro e eu a acompanhei, passando uns segundos, refletindo antes de finalmente dar partida e ir para o lugar combinado.

O local era como uma boate do "crime". O alvo dela era o Boss, o "chefe" do tráfico na área e ela tinha que conseguir uma confissão clara e sucinta. O que poderia ser fácil, já que era tudo armado por mim. E modéstia parte, eu não costumo me equivocar com os planos. Era só ela segui-lo a risca e veríamos se, de fato, Daiane Chaves tinha o dom para entrar na Ônix.

Ao chegarmos à frente da boate, a escutei soltar um pequeno arfar, eu sabia que aquele lugar era simplesmente a definição de maravilhoso. Afinal, era uma das locações mais caras que a organização mantinha. Fazíamos emboscadas, treinamentos e coisas mais elaboradas lá. O lugar em si, chamava-se Olimpo, talvez pela minha leve — ok, um pouco grande — afeição por mitologia grega. As colunas brancas sustentavam a fachada e o a boate parecia mais como um castelo antigo. A fachada dourada em letras simples não fazia jus ao luxo de dentro. O bar quilométrico ocupava quase três paredes e os figurantes já faziam seu trabalho, dançavam, riam, bebiam, me fazendo querer um trabalho desses.

AGENTE KELLER - Ao seu dispor.Onde histórias criam vida. Descubra agora