Um - A Escolha

0 - Incolor

  O que há de errado?
  Por entre todas essas nuvens vermelhas, que preenchem o espaço de minha vazia existência, encontro frestas para contemplar o mundo
  O que há de errado com esse mundo? As pessoas que nele vivem são os responsáveis pela forma que esse mundo se comporta, sendo assim, o que há de errado com essas pessoas?
  As nuvens trouxeram o escolhido e ele vive entre os humanos para tentar manter a paz, o equilíbrio, mas onde está o equilíbrio quando alguém pouco sabe sobre seu próprio mundo?
  O temor é a força mais arrasadora que já conheci nesse lugar, o maior regente do comportamento desses medíocres seres e, apesar disso, eles continuam o exaltando, caçam seus medos, como se essa fosse a forma de destruí-lo. Sinto muito que não seja.
  Seria tudo tão fácil, se simplesmente destruir aquele que herda o poder da escolha, libertasse o mundo do poder da tal, mas isso jamais aconteceria.
  Eu tenho uma escolha a ser feita, assim como todos os que vieram antes de mim, que gritam em minha mente através das nuvens, toda vez em que me deito, mas não seria isso também temor? Medo? Uma criança pode tomar a atitude errada e isso os amedronta. Eu posso escolher o fim, pela falta de sentido que a existência desse lugar proporciona, ou posso escolher manter vivo, algo que não convém à própria existência.
  Talvez deva ignorar os avisos, para não tentar ser um herói, afinal, é isso que venho fazendo. Protejo todos que estão próximos a mim, mesmo que para isso, tenha que usar o poder dessas incertas nuvens vermelhas, que apesar de ameaçar feito um ser onipotente, estão amedrontadas e presas dentro de mim.
  Continuarei minha existência a partir daqui, tentando ampliá-la e a dar sentido, tentando ser um herói, como os das hq's ou mangás que os vazios tendem a acompanhar 
  Isso me faz me perguntar, quase a todo momento: seria eu um desses heróis? Com o destino preso a letras em páginas, físicas ou virtuais, sem o poder de mudar o destino dessa realidade fantasiada, falsificada por uma mente criativa e sem outros passatempos?
   Quando paro para pensar dessa forma, afinal, com quem estou conversando? Se sou de fato tudo, então tudo pode me ouvir. Não tenho as respostas mais necessárias para mim, mas talvez, essa seja uma resposta razoável, para explicar essas frestas que me trazem esses devaneios, entre as nuvens vermelhas, que acercam minha falsificada existência.