Capítulo VIII - Snap out of it

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Alex tentava mandar a raiva embora junto com a fumaça de seu cigarro. Ele me assustava, porém fui me aproximando devagar. Toquei sua mão e limpei o sangue com minha camiseta.

"Não. Não faça isso, vai manchar." O vocalista protestou.

"Shh, calado. Você fez uma besteira. Agora, me deixe cuidar disso." Levei-o a um bebedouro, onde passei água no ferimento.

"Se acalma... Vamos voltar, os meninos devem estar preocupados." Praticamente o arrastei de volta. "Parece que o nosso amiguinho Turner andou aprontando." Eu disse, assim que voltamos ao local de ensaio.

Todos olharam pra Alex, espantados.

"O que aconteceu?" Matt questionou. Seus olhos estavam arregalados.

Os demais permanecem em silêncio, tensos ao esperar pela resposta.

"Momento de estresse, nada demais. Vocês me conhecem." Turner respondeu ao olhar indiferente para o baterista.

Pov Alex

Félix me deu alguns curativos, que eu miseravelmente coloquei em cima dos ferimentos, e um copo de whisky.

Todos zoavam, riam, mas não conseguia ouvir a voz dela. Encarei o outro lado da sala e Cereja estava sentada no chão, perdida em sua mente.

Era mais linda que o pôr do sol. Dava pra ver que algo não estava certo, que alguma coisa não se encaixava no quebra-cabeça dos pensamentos dela. Eu daria tudo para saber o que a deixava distraída assim.

Estávamos com fome. Já eram duas horas da tarde quando deixamos o local do ensaio para almoçar no hotel. Aproveitei que estavam todos distraídos e chamei Matt para uma conversa.

"Matt, eu preciso falar com você."

"Alex, eu já saquei tudo..." Riu, fechando os olhos. "Te conheço tempo suficiente pra saber o porquê de estar agindo feito idiota e socando as coisas."

"Eu duvido muito que tenha sacado, mas vou te dar uma chance."

"É a Cereja, não é? Você tá assim porque chegamos abraçados hoje, antes do ensaio."

"Talvez sim, talvez não. Por quê? Você tá interessado nela?"

O baterista desmanchou-se em risada.

"Não tenta me enganar Alex Turner. Eu e ela somos muito amigos agora, como eu e você. Para de bobagens, mano."

"Tem certeza? Não foi o que pareceu hoje."

"Viu? Eu sabia. Você acaba de confirmar que eu estava certo." Comemorou.

"Espere aí, eu não disse isso..."

"E nem precisa dizer porque é óbvio." Meu melhor amigo suspirou. "Escuta, Al, eu não quero nada com ela, a não ser amizade. Ainda mais agora que tenho certeza que você tá todo apaixonadinho."

Eu acabo rindo também. Nos abraçamos.

"Agora só falta saber o que ela sente por você."

POV Cereja

Chegamos ao hotel, famintos. Todos estão conversando alegremente, menos Alex.

Notei que ele não está muito para brincadeiras. O cenho franzido ainda não havia deixado seu rosto. Tentei colocá-lo na conversa:

"Vocês viram como Alex arrasou no vocal hoje?" Falei, olhando pra ele.

Fui retribuída com um sorriso fraco. O que raios estava incomodando-o?

"Sem ele, menino que soca as paredes, o que seria dos Monkeys?"

"Alex é foda."

Matt e Nick adicionam, finalmente tirando uma risada sincera dele.

Depois do almoço, os meninos foram jogar cartas. Como eu não gosto e nem sei jogar, acabei me despedindo deles e subindo para o quarto.

Troquei de roupa e vi aquela mancha pequena de sangue na blusa, que tinha acabado de tirar.

Melhor eu lavar isso.

Coloquei a música Yellow do Coldplay e na pia, com água e sabonete, tirava a mancha.

"Look at the stars..." (olhe para as estrelas). Cantei, distraída.

"Look how they shine for you and everything you do..." (olhe como elas brilham para você e tudo o que você faz...) Me assustei, pois quem cantava agora era Alex.

Como ele entrou aqui?

Virei de frente para ele, que estava encostado na entrada do banheiro. Percebi que deixei sem querer a porta do quarto aberta. "Precisa de ajuda com a camiseta?"

"Acho que sim, a mancha não sai." Respondi, ainda atônita.

Ele, então, puxou para cima as mangas de seu blazer preto e de sua camisa branca, expondo pulsos e antebraços dignos de fotografias.

Em um minuto o vermelho do sangue todo some.

"Viu? Muito fácil." Ele secou as mãos na toalha de rosto. "Agora eu só preciso saber de uma coisa."

Al chegou tão perto de mim, a ponto de restarem poucos centímetros entre nós. Meus batimentos cardíacos explodiram.

"Qualquer coisa que você quiser saber." Meus olhos não podiam encará-lo, somente sua boca.

"Okay, então." Ele acaricia minha bochecha suavemente. "O que você sente pelo Matt?"

Além das Fotografias - Alex Turner [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora