Capítulo XXIX - D is for Dangerous

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Halsey finalmente havia deixado o quarto, após um torturante silêncio. Não me dei ao trabalho de virar meu corpo na cama para vê-la sair ou falar alguma coisa, apenas ouvi seus passos lentos e pesados.

Pelas frestas na persiana, era possível ver as luzes da cidade em meio a uma escuridão encantadora, que me ajudavam a manter a concentração e pensar no que fazer. Se não fosse isso, eu provavelmente desmoronaria. Não estava com pressa, mesmo sabendo que o jantar com a banda seria em poucas horas.

Meus sentimentos estavam tão confusos. Eu não estava feliz ou triste. Era como se meu corpo havia desligado-se, deixando apenas a mente e meus olhos assumirem o controle.

Apertei com força o travesseiro, lembrando do inevitável e inegável clima que houve entre mim e Alex. Meu estômago criou borboletas e minhas bochechas coraram ao encontro das nossas almas depois de tanto tempo. Ele mudou, eu também, mas ainda assim nos conhecíamos como a palma de nossas mãos.

Entretanto, não estava disposta a dar o braço a torcer, ceder aos caprichos da idosa ou me arriscar novamente.

Terminei de formular esta última frase em minha mente e finalmente tive a motivação de trocar de lado na cama. Meu cenho franzido logo se desfez quando encarei o vestido que havia usado naquela manhã, que estava agora no chão. Seu brilho contrastava com a madeira opaca do piso.

Rapidamente, a cena do vocalista colocando sua mão em minha perna e levantado de leve o mesmo vestido invadiu de forma travessa o meu cérebro, a fim de me desafiar e me fazer repensar. Frustrada, sentindo o coração pesado e agora sem saber a como sobreviver Alex Turner, afundei meu rosto contra o travesseiro, que absorveu algumas lágrimas.

Tic, toc... O relógio no quarto não iria cessar.

Talvez, eu devesse pegar meu dinheiro com os idosos e ir embora, fugir dos meus problemas como sempre. Precisava mesmo me submeter a esta horrível montanha-russa, sorrir e acenar? Respondi que não, quase muda, mas desesperada por soluções. Eu ainda era dona de mim mesma e podia fazer o que bem quisesse. Minha mala estava logo ali. Sempre fui muito organizada, portanto, literalmente tudo o que precisava ser feito era fechá-la.

Meu corpo tomou um sopro de vida, tudo parecia estar resolvido. Com toda força, impulsionei minhas costas, desejando levantar, porém, segundos depois, cai de volta e afundei nos lençóis e edredons. As vozes dos meninos começaram a ecoar na minha cabeça. Seus sorrisos, os abraços. Como eles me trataram como uma menininha, me jogando pra lá e pra cá, girando meu corpo em seu colo no dia em que nos reencontramos. Eu estava tão feliz e radiante.

Os planos de pegar qualquer avião de volta aos EUA murcharam em meu peito e de novo, parecia não ter saída.

Meus sentimentos brincavam comigo. Eles me enchiam de esperança em alguns momentos, mas logo me deixavam oca por dentro. Várias vezes.

Decidi que precisava de algo, um incentivo, um gole de coragem para decidir se iria vê-los ou não, se permaneceria ou não.

Vesti um shorts e desci as escadas, indo direto até a cafeteira. Para meu alívio, ela estava cheia, ainda quentinha e brilhava, quase me chamando. Peguei a primeira xícara que vi na secadora de louças e derramei o líquido dentro, sentindo minha mão sendo aquecida pela bebida e minhas costas se arrepiando de puro prazer e calma que me envolviam agora.

"Boa noite, Cereja?"

Me virei e percebi que o senhor Bucker estava ali o tempo todo, lendo seu jornal sobre a mesa e agora me encarando por cima dos seus óculos. Aparentemente, eu não havia notado sua presença quando entrei na cozinha.

"Oh, boa noite. Me desculpe, eu estava distraída..."

"Percebi, menina. Está tudo bem?"

"Uhum" Respondi enquanto bebia um gole do meu café.

Além das Fotografias - Alex Turner [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora