Universo, você está fazendo um jogo comigo?

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Vou ser franco e dizer: tu só percebe que está no fundo do poço quando é acordado a vassouradas

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Vou ser franco e dizer: tu só percebe que está no fundo do poço quando é acordado a vassouradas.

Talvez encher a cara até não lembrar mais o endereço da própria casa não tenha sido uma boa ideia afinal, já que não me lembrava de chegar em casa e muito menos de deitar no chão da sala.

Mas ao menos me lembrava do principal. Dos beijos, risadas, conversas, flertes. E do nome dele, que ficava girando em torno da minha cabeça como aqueles pássaros que aparecem nos desenhos animados quando o personagem se machuca. Thales. Thales. Thales. Meu cérebro havia se tornado um maldito CD riscado.

Tentei visualizar o seu rosto mais uma vez antes de abrir os olhos e me deparar com Vó Jojô de camisola e cabelos bagunçados parada de pé à minha esquerda.

Acredite, ver a sua avó no ângulo em que eu estava não era a melhor das imagens para se ter ao acordar no meio de uma ressaca.

— Levanta, peste — ralhou ela. — Até parece que eu tô criando um mendigo que fica dormindo no chão.

Me sentei e apertei os olhos, tentando me acostumar com a luz ofuscante que vinha da varanda.

— Que horas são? — Murmurei.

— Dez e meia — gritou ela.

Ou não.

Mas parecia ter gritado.

Quando foi que o mundo se tornou tão barulhento e brilhante?

Me levantei e andei cambaleante até o banheiro de pouco menos de dois metros quadrados com paredes azul bebe e mobília verde água.

Quase levei um susto com o que vi no espelho. Meu cabelo, se é que isso seja possível, estava mais bagunçado do que o habitual. Os olhos azul-esverdeados estavam inchados e pareciam prestes a se fecharem de vez, abandonando assim a tarefa de me manter acordado.

Respirei fundo e olhei para a pia, madurando a ideia de lavar o rosto e molhar os cabelos. Mas só aquele pouco de água não seria capaz de tirar todo o efeito da noitada passada do meu corpo. Eu precisava de um banho bem tomado.

Tirei a pulseira com spikes da Flávia — que eu não fazia ideia de como tinha chegado ao meu pulso — e coloquei em cima da tampa da patente, junto com o resto das minhas roupas.

Liguei o chuveiro na água quente porque o dia tinha amanhecido um pouco frio, mas uma certeza eu tinha: em Curitiba devia estar muito mais.

O frio era, provavelmente, o que eu mais sentia falta da minha cidade natal. O interior de São Paulo era sempre tão quente que se tornava impossível não deixar ao menos um exaustor ligado dentro de casa mesmo durante o inverno.

A água morna caindo sobre a minha pele me fez, de certa forma, lembrar do calor das mãos dele. O que já foi o suficiente para fazer meu coração disparar.

10 razões pelas quais o Universo não nos quer juntos || EM PAUSAOnde histórias criam vida. Descubra agora