Infelizmente, milkshake não foi capaz de resolver meus problemas

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Três

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Três.

Esse é o número de copos de milkshake necessário para que eu comece a ficar deprimido por estar afogando minha burrice em doses cavalares de açúcar.

Gustavo estava colocando batatas fritas com ketchup dentro do seu lanche, mas sei que prestava atenção nas minhas reclamações porque balançava a cabeça de vez em quando pedindo para que eu prosseguisse. Flávia, por sua vez, parecia ter desistido de todas as minhas lamentações e estava com os olhos perdidos na tela do celular.

Provavelmente conversando com algum carinha em vez de dar atenção ao sofrimento do melhor amigo.

— Sabe — resmunguei enquanto sugava a massa com o sabor mais artificial de morango que eu já havia provado —, ele poderia ser o amor da minha vida.

Gustavo rolou os olhos. Ele fazia isso com certa frequência, então passei a simplesmente ignorar aquele gesto de pura má educação.

— Não é você que acredita que não se deve mexer ou tentar mudar as ações conturbadas do Universo? — Lembrou ele.

— Ai, como tu és ridículo — Torci o nariz. — Tentando usar as coisas que eu digo contra mim.

— Não é minha culpa se você é tão contraditório — disse Gustavo, dando de ombros.

Meu primo parecia ter desistido de apenas colocar batatas molhadas de ketchup dentro do lanche, então retirou o pão de cima e virou todo o potinho sobre as batatas empilhadas em cima do hamburguer, sem esquecer de tampar o lanche com o pão logo depois.

— Alguém já te disse que tu come umas coisas muito estranhas? — Perguntei.

— Já — respondeu ele antes de morder o pão.

— Parece uma criança de cinco anos e meio comendo — comentei. E então voltei ao assunto que importava: — O pior é que eu passei a noite toda tentando encontrá-lo em meio aos milhares de Thales, com tê-agá e sem tê-agá, que existem naquela terra de ninguém chamada Facebook. Se eu ao menos soubesse o sobrenome daquele piá do djanho isso reduziria muito as minhas buscas.

Dei uma longa suspirada e voltei minha atenção ao milkshake. Ele podia não ser capaz de me fazer esquecer todos aqueles beijos que eu adoraria ter de novo, mas ainda assim me fazia feliz. Tudo o que era doce me fazia feliz. Balas, sorvete, chiclete, bolos. Como minha mãe costumava dizer, eu era magro de ruim, pois nunca negava comida.

Mas provavelmente era o meu metabolismo acelerado que me impedia de ter uma overdose de açúcar quando estava deprimido, já que nesses dias eu me afundava em todo tipo de doce.

— Ahá! — Exclamou Flávia, me dando um puta susto.

Até engasguei com meu milkshake.

Gustavo também não parecia ter saído ileso, já que estava praguejando e limpando uma mancha colossal de ketchup da camiseta de Stranger Things que havia comprado em uma loja online durante uma mega promoção.

10 razões pelas quais o Universo não nos quer juntos || EM PAUSAOnde histórias criam vida. Descubra agora