Chama o Papai Noel porque está rolando um clima em trenós

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Ainda faltava uma semana para o Natal quando Gustavo me arrastou, junto com Flávia e a namorada do melhor amigo/meio-irmão dele, Lorena, para o shopping da cidade

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Ainda faltava uma semana para o Natal quando Gustavo me arrastou, junto com Flávia e a namorada do melhor amigo/meio-irmão dele, Lorena, para o shopping da cidade. Aquele era o feriado preferido do meu primo e, apesar de nenhum de nós dois sermos as pessoas mais religiosas da família, a animação dele acabava sendo contagiante.

— Acha que a Vovó vai gostar dessa caneca? — Perguntou Gustavo, todo esperançoso enquanto levantava o objeto que, pasmem, tinha o formato da cabeça da Vovozinha da Chapeuzinho Vermelho.

— Eu acho que ela vai quebrar isso na sua cabeça — comentou Flávia, torcendo o nariz enquanto se empenhava em procurar algo na prateleira de CDs do Wallmart onde havíamos entrado. — É a coisa mais feia que eu já vi.

Gustavo fez uma careta.

— Ela é velha — disse ele, apontando o óbvio. — O que é que se dá de presente pra gente velha? Iago, o que você comprou pra ela?

— Não é da tua conta, piá — retruquei, unindo as sobrancelhas. — Se eu te contar você vai querer comprar alguma coisa igual ou dizer pra ela que nós compramos juntos. Então, nem vem.

Ele pareceu ofendido, mas eu duvidava que realmente estivesse. Aquilo era uma coisa nossa. Desde pequenos Gustavo e eu costumávamos implicar com tudo o que o outro fazia. Era divertido. Não acho que algum dia vá deixar de ser.

— Que calúnia — dramatizou ele. — Me diz uma vez em que eu fiz isso.

— No último aniversário do Juliano — entregou Lorena, surgindo de sabe-se lá onde com várias camisetas penduradas no braço. — Você tinha esquecido de comprar um presente e adicionou o seu nome na embalagem junto com o meu.

Se Gatinhas e Gatões tivesse uma filha com algum álbum do Fall Out Boy, Lorena seria essa criança. A garota era uma mistura de cabelo castanho ondulado, com saias de brechó, camisetas de banda e filtro de unicórnio do snapchat. Basicamente, não tinha o que não amar nela.

— Você tá do lado de quem, ô Paquita da Xuxa? — Perguntou meu primo enquanto cruzava os braços.

Lorena deu de ombros, ignorando o comentário dele.

— Por que você não compra um CD do padre bonitão? — Sugeriu ela. — Tenho certeza de que sua Vó vai achar muito melhor do que ganhar uma caneca medonha dessa.

Talvez. Haviam coisas piores para se ganhar de Natal do que uma caneca de cabeça decepada da Vovozinha. Na verdade, olhando por esse ângulo, até que parece bem legal. Melhor do que ganhar meias ou um perfume fedido como o que o Tio Carlinhos havia me dado no ano passado.

Quase perdi a respiração quando levantei os olhos e encontrei Thales olhando alguns chaveiros em uma vitrine próxima de onde estávamos. O olhar dele encontrou o meu e, por conta da dorzinha estranha e agradável que ele me causou ao sorrir, demorei um pouco para perceber a criança grudada na mão dele.

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