Harry.
Louis era de longe a minha pessoa preferida no mundo. Eu havia chegado à essa conclusão há tempos, mas gostava de reforçar a ideia todos os dias, principalmente quando ele fazia questão de deixar seus sapatos sujos de lama em cima do tapete da sala e suas cuecas sujas jogadas no chão do banheiro. Como havia feito no momento.
Ele realmente não era uma má pessoa, eu talvez o amasse mais do que meu próprio pai e claramente o considerasse o meu ser humano preferido de toda a face da terra, como já citado, mas às vezes — sempre — suas desorganização e sujeira me tirava do sério.
Era amigo de Louis desde o meu primeiro ano do ensino fundamental. Na época, Louis estava no segundo ano e era bem popular, enquanto eu apenas era um novato esquisito com um cabelo mais esquisito ainda. Logo no meu primeiro dia fui cercado pelo círculo de amigos valentões de Louis que pretendiam roubar meu precioso lanche. E então ele chegou fez o que sempre fazia: salvava meu dia.
Sabe quando você tem um melhor amigo e planeja todo um futuro com ele? Algo tipo terminar o ensino médio e ir para a mesma faculdade, dividir o mesmo dormitório, trabalhar no mesmo emprego e, depois, dividir um apartamento.
Eventualmente tínhamos esses planos, mas eles passaram a se tornar reais quando meu amigo abriu mão de começar sua faculdade logo depois de sair da escola apenas para me acompanhar. Foi vantagem o fato de eu ser um ano adiantado e ele um atrasado, mas mesmo assim eu me sentia culpado.
E tudo o que Louis repetia era: "Relaxa, meu querido. Eu só quero estar com você".
Por fim, acabamos ingressando em faculdades diferentes, o que deixou Louis revoltado a ponto de não olhar na minha cara por duas semanas. Isso apenas passou quando minha mãe e seus pais resolveram juntar nossas mesadas e comprar um apartamento entre ambas faculdades para nós dois morarmos. Louis ficou menos revoltado, mas ainda sentia raiva por não estarmos totalmente juntos.
Às vezes eu achava que era uma obsessão. Ele costumava dizer que apenas queria me proteger, provavelmente por causa do acontecimento no dia que me conheceu, mas às vezes sua presença excessiva e a exigência da minha presença causava desconforto em minha família. Para mim não era problema nenhum, eu também tinha minha obsessão por Louis e quanto mais tempo perto dele, melhor.
Ele melhorou, de qualquer forma. A faculdade o fez amadurecer e não se tornar tão dependente da minha presença, então coisas que eram rotineiras; como almoçar juntos, me esperar na porta da faculdade e vice-versa passaram a sumir conforme os períodos foram se apertando. Tudo parecia menos psicopata, apesar de ainda ser nos meus braços que ele iria se aconchegar por alguns minutos antes de o sono lhe consumir completamente e eu ser obrigado a levá-lo para seu quarto no colo. Ou ao contrário.
Assim os anos se passaram, e agora, recém formados — eu em História e ele em Educação Física — e trabalhando juntos no mesmo local, eu ainda me irritava com seus malditos tênis sujos de lama.
— Louis! — gritei enquanto olhava a lama secar no meu lindo tapete branco e fofo. Gemi de frustração e me joguei no sofá, já sabendo que eu seria obrigado a limpar aquilo porque se dependesse de meu amigo, aquela lama ficaria ali até nossa morte.
— Qual é a bronca dessa vez, querido? — Louis perguntou com sua voz doce e inocente. Olhei-o entediado e meu amigo sorriu para mim, provavelmente já sabendo do que se tratava. Ele virou-se e caminhou até a cozinha, voltando segundos depois com um produto para limpeza e uma flanela.
— Pelo menos isso — murmurei, pegando seu pequeno par de tênis da Adidas e colocando em seu devido lugar. Louis soltou uma risada e ajoelhou no tapete para limpá-lo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
FRIENDS [L.S]
Fanfiction"Ele era especial, eu tinha certeza. Algo forte nos cercava, algo tão fortemente bom que me fazia ir perder os sentidos de vez em quando, me deixando num estado bobo de ficar o observando por minutos e só ser acordado do transe quando ele batia em m...