Three

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Louis.

Harry não me respondeu no dia anterior. E nem voltou para casa.

No entanto, acordei no dia seguinte com risadas excessivas vindas de algum lugar da casa e, a partir daí, decidi que o dia seria uma merda. Eu estava certo, afinal.

Resmunguei um palavrão pela milésima vez na manhã ao ouvir novamente a risada, que mais parecia uma cabra parindo. Não era Harry, eu tinha certeza, a risada dele era igual a de um bebê: gostosa e contagiante. A que vinha do lado de fora era totalmente o oposto e eu estava querendo me suicidar apenas de ouví-la.

Portanto, ao invés de apenas ir ao banheiro, quebrar o espelho e cortar minha garganta com um pedaço do vidro, eu levantei da cama com a pior cara do mundo e me dirigi até onde o barulho estava: a cozinha.

— Alguém pode me explicar que caralho está acontecen-

— Louis — a voz de Harry me interrompeu antes de eu terminar a frase. Paralisei ao ver um cara com um enorme e bizarro topete castanho, um sorriso – que eu consideraria – totalmente psicopata e segurando a minha xícara ao lado de Harry.

A minha cara deveria ser a mais confusa e irritada possível já que, ao invés de nos apresentar, Harry simplesmente falou:

— Lou, vamos conversar. Pode esperar aqui mesmo, Brady — E me puxou para fora da cozinha, voltando para o meu quarto – de onde eu nunca deveria ter saído.

— Ele estava usando a porra da minha xícara com o H, bebendo o meu chá na porra da minha cozinha, além de atrapalhar o meu belo sono com a porra da risada extravagante dele! — gritei assim que Harry bateu a porta do quarto. Não era a minha intenção inicial, mas a raiva de ver o meu garoto compartilhando coisas nossas com um desconhecido doeu. Doeu mais do que eu imaginaria. E eu explodi.

Harry imediatamente segurou meu braço e fez "shh", me sentando na cama cuidadosamente. Puxei rapidamente meu braço de seu toque, impedindo-me mentalmente de me deixar arrepiar apenas com o toque de seus dedos. Era ridículo.

Minha vida era ridícula.

— Lou, aquele é o Brady. É meu novo namorado e eu o trouxe para te conhecer — Harry disse na voz mais calma possível, talvez sabendo que minha reação seria a pior de todas. E foi.

— O que? Aquele cara do topete esquisito? Por Deus, Harry, ele parece uma versão morena, franzina e com um sorriso totalmente assustador do Johnny Bravo.

— Ei, eu sinto te dizer, mas agora você vai ter que tentar gostar dele.

— Eu não vou gostar. Você sabe que eu sempre me apego à primeira impressão que tenho das pessoas e que eu nunca vou gostar de alguém que se apossa de coisas minhas como se já soubesse tudo sobre elas — Harry me olhou com olhos arregalados e eu senti meu rosto queimar, percebendo o que havia dito. Imediatamente desconversei: — Lembra da Jenny? Ela me doou sangue e eu nunca gostei dela por causa da minha primeira impressão.

— "Se apossar de coisas minhas". Então isso tudo é ciúmes? — meu rosto esquentou mais. Abaixei minha cabeça, não deixando ele ver meu estado.

— Eu estava falando da minha xícara — retruquei. Bela mentira, Louis.

— Você está com ciúmes! Oh meu Deus, Louis! Eu nunca vou te deixar, você sabe disso não é mesmo? — levantou meu rosto e me obrigou a olhar suas malditas orbes verdes. — Como é o ditado? "Para sempre Louis&Harry e Harry&Louis"?

— Você deixou ele beber meu chá na minha xícara preferida, Harry! — exclamei, parecendo uma criança birrenta de seis anos. Talvez devesse me envergonhar de toda a cena, mas era isso ou chorar por toda a minha vida porque o meu amor estava com outro.

FRIENDS [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora