Louis.
Eu demorei dezesseis anos para fazer aquilo e com certeza havia situações mais apropriadas, mas eu não tinha mais nada a perder.
Quer dizer, ele estava namorando e eu havia acabado de pedir para ele ir embora e fazer a vontade do namorado: se afastar de mim. Já havia perdido tudo o que me importava de verdade.
Harry parecia chocado demais com a minha declaração repentina e inapropriada, porque depois de minhas palavras, ele apenas murmurou um "Sinto muito", me dando a certeza de que não era recíproco, e então eu gritei com ele, ele pegou as malas e correu até seu quarto, batendo a porta em seguida.
E depois foi embora.
Todos os dias, sua saída de casa rondava minha mente com todos os detalhes possíveis: ele me olhava chocado depois da declaração; eu gritava para ele sair dali; ele entrava em seu quarto, eu entrava no meu e trancava a porta e; três horas depois saía, já encontrando a casa e seu quarto relativamente vazio, com apenas algumas blusas e moletons — que ele sabia que eu amava — jogados nas gavetas.
Depois de relembrar o momento pela centésima vez, cheguei a um ponto que não a dor parecia não me atingir mais, era como se meu corpo estivesse todo dormente.
Eu não o encontrava mais no St. Claire College. Ele provavelmente chegava mais tarde, já que seu horário era apenas a partir do segundo tempo, mas boa parte de mim acreditava que ele só chegava mais tarde para não poder esbarrar em mim.
Eu apenas o observava de longe, andando rapidamente pelos corredores às vezes e sorrindo para alguns alunos, sempre com sua bolsa preta de couro que eu odiava. De longe, ela parecia tão linda quanto quem estava a portando.
O meu apartamento estava uma bagunça. Eu não tinha disposição para arrumar nada, mas uma vez na semana me obrigava a fazer o esforço de pôr pelo menos minhas roupas na máquina de lavar e lavar a louça. Era o mínimo.
E assim eu segui meus dias após a partida de Harry Styles. Quando eu percebi, haviam se passado três semanas.
— Oi, mamãe. Bom dia — com meu celular na orelha, abri um sorriso, por mais que ela não pudesse me ver.
— Vejo que alguém acordou de bom humor, uh? — sua voz doce ecoou por meus ouvidos e logo eu senti todos os meus músculos relaxarem com a calma que ela me trazia. Falar com a minha mãe era sempre uma terapia.
— Apenas animado com as festas se aproximando — disse distraído, pondo o celular no viva-voz em cima do balcão para poder fazer meu chá.
— Eu estou com tantas saudades meu amor, as crianças também.
— Apenas vinte dias, mãe. Logo estarei aí fazendo bagunça com Doris e Ernest. Como estão as crianças?
— Os gêmeos estão com Dan comendo, Fizz, Phoebe e Daisy estão se arrumando para aula. Lots me ligou ontem, disse que está tudo bem na faculdade, apesar de todo o amontoado de tarefas que está deixando seus cabelos brancos — sorri para o comentário. Como se os cabelos de Lottie já não fossem brancos. — Mas e você, amor? Como está?
— Tudo muito corrido, mas estou bem. As coisas estão caminhando bem nesse período.
— E Harry, como está? — meu corpo gelou apenas de ouvir seu nome.
Minha mãe não sabia de toda história. Eu apenas havia dito o que eu sabia que ela gostaria de ouvir: ele estava namorando e decidiu pacificamente se mudar para o apartamento de seu namorado. E eu estava bem sozinho.
Isso, em partes era ruim, porque significava que ela ainda me perguntaria sobre ele e eu seria obrigado a inventar uma mentira, como se ainda fossemos os melhores amigos do mundo. Mas era o certo a fazer, eu não queria minha mãe preocupada comigo atoa.
— Está bem, uh... bem ocupado. Ainda não falei com ele essa semana, não temos saído juntos. Hoje é quinta, então devo vê-lo.
— Oh, é uma pena — senti seu tom desapontado e meu coração se apertou. — Bem, mande um beijo para ele quando o vir. Preciso desligar, meu querido. Beijos, te amo.
Ouvi um grito ao fundo dizendo "Beijos, Lou" e reconheci a voz de Dan. Sorri e mandei outro beijo para eles, em seguida desligando o celular.
|...|
— Aula livre, pessoal. A sala está aberta para vocês pegarem o que quiser. Só peço para que consigam conciliar o espaço da quadra, evitem brigas desnecessárias — avisei e logo ouvi murmúrios felizes. Sentei-me na arquibancada e dobrei minhas pernas, observando alguns alunos correrem até a sala onde todos os objetos usados em aula estavam dispostos.
— Hey, treinador Tomlinson — uma das minhas alunas, Beatrice, sentou-se ao meu lado. Sorri e balancei a cabeça em cumprimento.
— Não vai se juntar às suas amigas?
— Eca! O senhor que me desculpe, mas eu abomino qualquer atividade física — gargalhei de suas palavras e ela sorriu. Observei-a olhar para cima e dar uma risada.
— Do que está rindo? — perguntei confuso, olhando para onde seu olhar estava direcionado há segundos atrás. Apontava para a janela do prédio da escola que eu reconheci por ser a sala dos professores.
— Professor Styles, como sempre, olhando para a quadra.
Meu coração doeu ao ouvir seu nome, e eu mal prestei atenção na frase dita. Era como se apenas seu nome me chamasse atenção e junto com ele todas as memórias viessem, fazendo meu peito se apertar.
Mas eu me obriguei a tirar tudo da cabeça e dar atenção ao o que Beatrice falava. Afinal, era algo relacionado a Harry.
— Desculpe? — Beatrice sorriu para mim.
— O professor Styles está todas as quintas na janela da sala dos professores, observando a quadra. Algumas vezes ele sorri, outras solta pequenas risadas ou apenas observa tudo seriamente. Eu e minhas amigas apostamos de ele estar à fim de alguma garota da turma, mas descartamos isso quando vimos o olhar dele acompanhar cada movimento seu, professor Tomlinson.
Olhei-a chocado. Então Harry ainda chegava antes de seu tempo começar? E ele sempre observava minhas aulas? Céus, eu me sentia um idiota por nunca ter percebido.
— Eu sei que é errado se meter na vida dos professores, mas eu sei também que vocês costumavam chegar juntos e há um tempo pararam. Vocês são tão bonitinhos juntos! Não deixem esses garotos babacas dizer besteiras sobre os dois!
— Hum... eu acho que você entendeu errado — murmurei sem graça, já sentindo meu rosto corar. Por Deus, era uma aluna ali! Eu deveria ao menos manter minha postura e no mínimo repreendê-la por estar se metendo na minha vida. Mas eu não o fiz, simplesmente por ver sinceridade em suas palavras. — Eu e Harry somos amigos. Amigos de longa data.
— Oh. Certo — Beatrice sorriu sem graça. — Mas ainda é sério quando digo para não dar ouvidos à algumas pessoas. Elas trazem energia negativa — completou, saindo de perto de mim.
E então eu passei o resto do tempo pensando em como havia chegado ao ponto de receber conselhos de alguém dez anos mais nova que eu.
***
Eu acho esse capítulo fofinho só pelo fato da aluna representar todos nós haha
Ele é pequeninho assim mesmo pq tem a segunda parte, que vai ser postada daqui a pouco.
Att tripla, amém?
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FRIENDS [L.S]
أدب الهواة"Ele era especial, eu tinha certeza. Algo forte nos cercava, algo tão fortemente bom que me fazia ir perder os sentidos de vez em quando, me deixando num estado bobo de ficar o observando por minutos e só ser acordado do transe quando ele batia em m...