Five

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Louis.

Eu demorei dezesseis anos para fazer aquilo e com certeza havia situações mais apropriadas, mas eu não tinha mais nada a perder.

Quer dizer, ele estava namorando e eu havia acabado de pedir para ele ir embora e fazer a vontade do namorado: se afastar de mim. Já havia perdido tudo o que me importava de verdade.

Harry parecia chocado demais com a minha declaração repentina e inapropriada, porque depois de minhas palavras, ele apenas murmurou um "Sinto muito", me dando a certeza de que não era recíproco, e então eu gritei com ele, ele pegou as malas e correu até seu quarto, batendo a porta em seguida.

E depois foi embora.

Todos os dias, sua saída de casa rondava minha mente com todos os detalhes possíveis: ele me olhava chocado depois da declaração; eu gritava para ele sair dali; ele entrava em seu quarto, eu entrava no meu e trancava a porta e; três horas depois saía, já encontrando a casa e seu quarto relativamente vazio, com apenas algumas blusas e moletons — que ele sabia que eu amava — jogados nas gavetas.

Depois de relembrar o momento pela centésima vez, cheguei a um ponto que não a dor parecia não me atingir mais, era como se meu corpo estivesse todo dormente.

Eu não o encontrava mais no St. Claire College. Ele provavelmente chegava mais tarde, já que seu horário era apenas a partir do segundo tempo, mas boa parte de mim acreditava que ele só chegava mais tarde para não poder esbarrar em mim.

Eu apenas o observava de longe, andando rapidamente pelos corredores às vezes e sorrindo para alguns alunos, sempre com sua bolsa preta de couro que eu odiava. De longe, ela parecia tão linda quanto quem estava a portando.

O meu apartamento estava uma bagunça. Eu não tinha disposição para arrumar nada, mas uma vez na semana me obrigava a fazer o esforço de pôr pelo menos minhas roupas na máquina de lavar e lavar a louça. Era o mínimo.

E assim eu segui meus dias após a partida de Harry Styles. Quando eu percebi, haviam se passado três semanas.

— Oi, mamãe. Bom dia — com meu celular na orelha, abri um sorriso, por mais que ela não pudesse me ver.

— Vejo que alguém acordou de bom humor, uh? — sua voz doce ecoou por meus ouvidos e logo eu senti todos os meus músculos relaxarem com a calma que ela me trazia. Falar com a minha mãe era sempre uma terapia.

— Apenas animado com as festas se aproximando — disse distraído, pondo o celular no viva-voz em cima do balcão para poder fazer meu chá.

— Eu estou com tantas saudades meu amor, as crianças também.

— Apenas vinte dias, mãe. Logo estarei aí fazendo bagunça com Doris e Ernest. Como estão as crianças?

— Os gêmeos estão com Dan comendo, Fizz, Phoebe e Daisy estão se arrumando para aula. Lots me ligou ontem, disse que está tudo bem na faculdade, apesar de todo o amontoado de tarefas que está deixando seus cabelos brancos — sorri para o comentário. Como se os cabelos de Lottie já não fossem brancos. — Mas e você, amor? Como está?

— Tudo muito corrido, mas estou bem. As coisas estão caminhando bem nesse período.

— E Harry, como está? — meu corpo gelou apenas de ouvir seu nome.

Minha mãe não sabia de toda história. Eu apenas havia dito o que eu sabia que ela gostaria de ouvir: ele estava namorando e decidiu pacificamente se mudar para o apartamento de seu namorado. E eu estava bem sozinho.

Isso, em partes era ruim, porque significava que ela ainda me perguntaria sobre ele e eu seria obrigado a inventar uma mentira, como se ainda fossemos os melhores amigos do mundo. Mas era o certo a fazer, eu não queria minha mãe preocupada comigo atoa.

— Está bem, uh... bem ocupado. Ainda não falei com ele essa semana, não temos saído juntos. Hoje é quinta, então devo vê-lo.

— Oh, é uma pena — senti seu tom desapontado e meu coração se apertou. — Bem, mande um beijo para ele quando o vir. Preciso desligar, meu querido. Beijos, te amo.

Ouvi um grito ao fundo dizendo "Beijos, Lou" e reconheci a voz de Dan. Sorri e mandei outro beijo para eles, em seguida desligando o celular.

|...|

— Aula livre, pessoal. A sala está aberta para vocês pegarem o que quiser. Só peço para que consigam conciliar o espaço da quadra, evitem brigas desnecessárias — avisei e logo ouvi murmúrios felizes. Sentei-me na arquibancada e dobrei minhas pernas, observando alguns alunos correrem até a sala onde todos os objetos usados em aula estavam dispostos.

— Hey, treinador Tomlinson — uma das minhas alunas, Beatrice, sentou-se ao meu lado. Sorri e balancei a cabeça em cumprimento.

— Não vai se juntar às suas amigas?

— Eca! O senhor que me desculpe, mas eu abomino qualquer atividade física — gargalhei de suas palavras e ela sorriu. Observei-a olhar para cima e dar uma risada.

— Do que está rindo? — perguntei confuso, olhando para onde seu olhar estava direcionado há segundos atrás. Apontava para a janela do prédio da escola que eu reconheci por ser a sala dos professores.

— Professor Styles, como sempre, olhando para a quadra.

Meu coração doeu ao ouvir seu nome, e eu mal prestei atenção na frase dita. Era como se apenas seu nome me chamasse atenção e junto com ele todas as memórias viessem, fazendo meu peito se apertar.

Mas eu me obriguei a tirar tudo da cabeça e dar atenção ao o que Beatrice falava. Afinal, era algo relacionado a Harry.

— Desculpe? — Beatrice sorriu para mim.

— O professor Styles está todas as quintas na janela da sala dos professores, observando a quadra. Algumas vezes ele sorri, outras solta pequenas risadas ou apenas observa tudo seriamente. Eu e minhas amigas apostamos de ele estar à fim de alguma garota da turma, mas descartamos isso quando vimos o olhar dele acompanhar cada movimento seu, professor Tomlinson.

Olhei-a chocado. Então Harry ainda chegava antes de seu tempo começar? E ele sempre observava minhas aulas? Céus, eu me sentia um idiota por nunca ter percebido.

— Eu sei que é errado se meter na vida dos professores, mas eu sei também que vocês costumavam chegar juntos e há um tempo pararam. Vocês são tão bonitinhos juntos! Não deixem esses garotos babacas dizer besteiras sobre os dois!

— Hum... eu acho que você entendeu errado — murmurei sem graça, já sentindo meu rosto corar. Por Deus, era uma aluna ali! Eu deveria ao menos manter minha postura e no mínimo repreendê-la por estar se metendo na minha vida. Mas eu não o fiz, simplesmente por ver sinceridade em suas palavras. — Eu e Harry somos amigos. Amigos de longa data.

— Oh. Certo — Beatrice sorriu sem graça. — Mas ainda é sério quando digo para não dar ouvidos à algumas pessoas. Elas trazem energia negativa — completou, saindo de perto de mim.

E então eu passei o resto do tempo pensando em como havia chegado ao ponto de receber conselhos de alguém dez anos mais nova que eu.

***

Eu acho esse capítulo fofinho só pelo fato da aluna representar todos nós haha

Ele é pequeninho assim mesmo pq tem a segunda parte, que vai ser postada daqui a pouco.

Att tripla, amém?

FRIENDS [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora