Five - Part Two

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Harry.

Eu estava ficando louco e era pelo motivo mais estúpido possível: limpeza em excesso.

Não poderia me culpar; passei boa parte dos meus anos dividindo um apartamento com alguém extremamente bagunceiro, do tipo que derrama algum doce no balcão da cozinha e só limpa quando eu grito que está cheio de formigas.

 Mas sempre pareceu uma casa. Em três semanas com Brady, sua casa não se assemelhava nem um pouco à uma verdadeira casa. À minha verdadeira casa.

A casa de Brady era limpa e bem arrumada, daquelas parecidas com as de comerciais de televisão. Sua cama estava todo dia impecável e o tapete da sua sala não tinha manchas de chá ou lama. As roupas estavam sempre bem postas no cesto e eu só vi uma vez louça acumulada na pia. Seus sapatos não eram uma mistura louca no guarda-roupas e suas roupas eram divididas por cores. Porra, cores.

Eu estava pirando com tudo aquilo.

Eu precisava de Louis. Eu sentia falta de praticamente tudo dele. Eu sentia falta do seu chá — Brady preferia café —, de sua voz rouca e fina ao mesmo tempo murmurando um "Bom dia, Sty", os seus escândalos quando tocava uma música na rádio, seu senso de humor (não que Brady não tivesse senso de humor, ele apenas fazia mais piada das pessoas do que de coisas aleatórias, e eu odiava que fizessem piadas de pessoas, qual é, se fosse com ele eu tenho certeza de que odiaria) e deboche perceptível (uma das piores coisas era não saber quando Brady estava sendo sincero e quando ele estava tirando uma com a minha cara). E, o principal de tudo, eu sentia falta de sua sujeira.

Se me afastar de Louis era para eu parar de pensar nele e colocá-lo em tudo o que eu vivia, o plano foi totalmente falho. Eu passava vinte quatro horas do meu dia comparando tudo o que Brady fazia com Louis, desde a maneira de me dizer "bom dia" até a forma de dizer "boa noite".

Isso tudo apenas piorou meu estado de sentimentos por meu amigo porque, se antes eu estava confuso sobre o que eu sentia, agora eu já tinha quase a certeza.

Quando Louis me disse que sempre esteve apaixonado por mim, eu fiquei totalmente estático. Eu não sabia como pensar e reagir porque, porra, era o meu melhor amigo ali, eu convivi quase toda a minha vida com ele e ouvir da sua boca que em todo esse tempo ele sentia algo a mais por mim era um choque e uma surpresa enorme. Então eu disse "Sinto muito". Sentia muito por nunca ter percebido nada; por tê-lo entupido com todas as minhas declarações para outras pessoas e; principalmente, por estar namorando outra pessoa.

Eu sempre me preocupei muito com o bem-estar de todos. Quando alguma garota ou garoto se declarava para mim no colegial e até na faculdade, eu não sabia como reagir e não conseguia não me sentir culpado por aquilo. Quer dizer, eu era motivo do sofrimento de alguém e isso me deixava péssimo. Mas Louis parecia não ter entendido minhas palavras e apenas quando cheguei à casa de Brady me dei conta do porquê de sua reação ao me ouvir dizer "sinto muito": ele pensou não ser recíproco.

E isso apenas foi me atingindo ao longo dessas semanas porque agora, depois de tantas comparações, choros de madrugada e semanas apenas existindo, eu tinha certeza:

Eu era apaixonado por Louis Tomlinson. Sempre fui.

— Hey amor. Está tudo bem? — ouvi a voz de Brady soar atrás de mim e me virei rapidamente, dando de cara com seu sorriso.

— Hum... Sim — respondi-o, o que acabou soando mais como uma pergunta. — Por que não estaria?

— Bem, eu estou acordado há exatos — olhou para o relógio da cabeceira. — Trinta minutos e você está parado aí desde então.

FRIENDS [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora