Two

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Louis.

Ser apaixonado por seu melhor amigo definitivamente não era uma tarefa fácil.

Foi algo imediato. Eu mal pude pensar direito, o baque veio em mim assim que bati meus olhos em suas pequenas bolinhas verdes, quando eu tinha dez anos. Era ele. Eu soube que era ele.

Mas, como a vida me ama me ver sofrer, ele apenas me viu como um amigo. Era claro que um garoto de cinco anos não iria se apaixonar tão repentinamente, ainda mais por um garoto, e eu esperei. Esperei até seus quinze anos para dizer a ele sobre minha paixão, mas no dia em que iria me declarar, ele apareceu em minha casa dizendo que estava apaixonado por outro garoto.

Eu me conformei, de qualquer forma. Harry sempre foi muito carinhoso com todas as pessoas que amava e, por sorte, eu era uma delas, então eu poderia ao menos ter o privilégio de receber seus carinhos aleatórios e beijos no rosto. Tentava pôr sempre em minha cabeça que, pelo menos, eu o tinha. Não por completo, mas o tinha.

— Sabe o que eu estava pensando, Lou? — Harry murmurou, apoiando seu cotovelo na pequena mesa de mármore preta e segurando seu rosto com a mão. Ele havia acabado de comer seu lanche há menos de cinco minutos e nesse intervalo de tempo não havia falado nada. Então eu sabia que viria alguma besteira. Por isso, apenas murmurei um "Hum?" e ele sorriu. — A sua fartura realmente é muito evidente nessa calça da Adidas.

Imediatamente senti meu rosto queimar e Harry gargalhou, provavelmente percebendo minha vergonha. Ele amava me fazer elogios porque sabia o estado que eu ficaria, então eu tentava ao máximo deixar meu lado apaixonado de lado e me concentrar no fato de que ele estava apenas brincando com a minha cara.

— Você não parece estar prestes a ir à um encontro amanhã, hum? Deveria contar ao seu novo pretendente que você observa a bunda de seu melhor amigo?

— Louis. A questão aqui é que é impossível não olhar. Por ser uma calça larga, a única parte apertada é essa, então o foco vai ser esse, entende? — argumentou seriamente. Meu rosto parecia esquentar cada vez mais com ele falando da minha bunda como se estivesse dissertando sobre uma das obras de arte mais famosas do mundo. Ele deveria sentir prazer em me ver sofrer.

Ao invés de respondê-lo, mordi mais um pedaço de meu hambúrguer. Harry sorriu satisfeito e bebericou seu refrigerante, ainda me encarando.

— Professor? — ouvi uma garota dizer e arregalei os olhos, limpando minha boca rapidamente.

Harry sorriu e pigarreou, desviando seu olhar do meu e encontrando um grupo de garotas que dávamos aula. Eram do segundo ano, mas não da St. Claire, colégio o qual eu lecionava junto com Harry.

— Quem diria que um dia eu iria ver um professor de Educação Física devorando um hambúrguer dessa forma — outra garota disse e Harry riu, sendo acompanhado por outras garotas.

— Louis é um enorme fã de hambúrguer, não contem para ninguém — murmurou como se fosse um segredo, em seguida pressionando o dedo indicador na boca e fazendo "shh". — São da Lansdowne College?

— Sim. Bem, nós só gostaríamos de pedir para sentar com os senhores. Todas as mesas estão ocupadas e claramente estão acabando. Se não for incomodo, claro.

Olhei rapidamente para os lados e percebi que todas as mesas estavam ocupadas realmente. Harry pareceu pensar por alguns segundos, talvez se decidindo se era realmente certo. A verdade é que não havia mal nenhum, além do fato de elas perceberem que somos muito íntimos e talvez pensarem em um relacionamento entre nós.

Harry, como sempre, pareceu ler meus pensamentos quando, ao se levantar para as meninas de acomodarem, sussurrou para mim:

— Nada que comprometa sua vida profissional.

FRIENDS [L.S]Onde histórias criam vida. Descubra agora