15. Reação

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- Somos o que somos e não o que fazemos. 

- É o que? Ana eu andava apenas suspeitando que esse término conturbado do seu relacionamento tinha afetado tua cabeça, mas agora eu tenho certeza disso! Que mané história é essa de que somos o que somos? 

- Bárbara, minha pequena joia... 

- Pequena joia? Tu deve está com febre. Deixa eu ver isso, vem cá! 

- Muitas vezes fazemos algumas coisas por impulso, pressão ou simplesmente pela necessidade da sobrevivência, mas diferente do que pensamos, isso não quer dizer que você seja aquilo que faz. Você é o que é, e nada vai mudar. Mesmo me anulando ao lado de Maicon e vivendo a sua realidade no lugar da minha, eu continuo sendo a mesma Ana e só o que preciso é me reconhecer, conhecer a mim mesma de novo, sabe?

- Nisso ai, eu até que concordo. Mas, me diz uma coisa pequena joia. - É impossível levar Bárbara a sério. - Quem vai te ajudar nessa pequena tarefa de reconhecimento é uma cacheada dos olhos de mel? - Até aquele momento não havia pensado em uma descrição para a cor dos olhos de Vitória. Ela possui um olhar intimidador, mas não no sentido de impor algo ou colocar pressão. É um olhar forte, mas ao mesmo tempo singelo e sempre que o busco, ele me passa confiança. Mel até que é uma boa definição de cor, mas é singular, não muda e será sempre mel. Os olhos de Vitória são de uma cor que eu ainda não ouvir falar. - Talvez! Você acha errado? 

- Esse negócio de certo ou errado só existe na nossa cabeça Ana. O que importa de verdade é aquilo que nos faz bem! 

- Você me faz bem! - Aquele par de olhos azuis em minha frente brilharam e um sorriso vitorioso se formou. 

- É uma péssima atriz, mas fica linda tentando ser fofa. 

- Você é terrível Bárbara! 

- Bom, já que tu não vai me contar o que realmente rolou entre vocês ontem no apê da Vitória, eu vou embora. Tenho um compromisso ainda hoje. 

- Não tem o que contar, Bah. Não rolou nada, para de ser louca!

- Depois de uma noite na balada e uma pequena extensão da farra na casa de Vitória, eu chego aqui em um domingo à tarde, te encontro largada na cama cheia do pensar e tu ainda vem com essa cara de pau me dizer que não rolou nada? Me respeita Ana Clara que eu te conheço!

- É domingo. Está chovendo. Ainda não consegui dormir. Estou com dor de cabeça e passando por uma período confuso da minha vida. Essa é a hora certa pra pensar.

- Ta bom, dessa vez eu deixo tu me levar no papo. Mas não se acostuma não que é só dessa vez. Agora eu já vou porque não posso me atrasar. Fica bem e se precisar, já sabe!

- Você é minha verdade! 

- E você a minha! - Bárbara me conhece  mais e melhor do que eu mesma e sempre quando fecho os olhos para a realidade que me chega, ela me acha e me leva pra direção.

Pra ser sincera eu até tenho o que contar sobre o que rolou na casa da Vitória, inclusive a parte em que fomos pegas em flagrante burlando as regras do prédio. O segurança que nos flagrou, nos retirou da piscina e levou pra uma salinha pequena, com todas as paredes pintadas em tom de amarelo e uma mesa de escritório colocada bem ao meio. No começo até fiquei um pouco assustada por estar com álcool demais no sangue e não saber o que esperar, mas logo essa sensação se desfez. O síndico do prédio, um senhor baixo e careca com a maior cara de sono adentrou a sala e começou a usar de todos os seus melhores argumentos para nos passar uma lição, afinal não somos mais duas adolescentes pra pular bêbadas na piscina as quatro da madrugada.  

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