Shame

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Donna deixou o elevador meio atordoada. Olhou ao redor, mas não tinha sinal de Harvey em lugar nenhum. Sua cabeça pensava em mil coisas ao mesmo tempo: Harvey tinha lhe beijado. Harvey, que sempre odiou traição, tinha a beijado mesmo sabendo que ela estava comprometida. E ela retribuiu.

Ela encostou-se à parede e tentou organizar a confusão de sua mente. Donna não se sentia culpada por ter gostado do beijo nem por ter retribuído, afinal sabia que estava tentando se enganar desde que aceitou o pedido de casamento de Mark. A culpa existia porque ela não queria mais ser esse tipo de pessoa. Tentou se forçar a amar Mark, mas não conseguiu, pelo menos não da forma que esperava, e continuar com isso não era justo com nenhum dos dois.

Respirou fundo e saiu da empresa, entrando em um taxi em direção ao local que tinha combinado de encontrar com Mark para a prova do buffet. Terminar com ele enquanto decidiam detalhes para o casamento não era a coisa mais apropriada a se fazer, mas era melhor fazer isso logo. Quanto mais adiasse, pior.

Donna estranhou a demora de Mark, ela mesma tinha se atrasado uns bons minutos. Quando o descreveu para a recepcionista para saber se ela tinha o visto, a jovem disse que ele já havia chegado e ido para a sala da organizadora contratada pelos dois e indicou o caminho até seu escritório.

— Perdemos a noção do tempo dessa vez. — Donna escutou a voz da mulher quando estava prestes a bater na porta.

— Donna provavelmente já deve estar aí, ela nunca se atrasa. — Mark disse com um suspiro. — Vou sair pelo lugar de sempre e inventar que fiquei preso no trânsito.

— E eu vou dizer que estava em reunião com um cliente... Muito especial. — A mulher falou num tom sensual.

— Bem, eu não deixo de ser. — Mark disse e as risadinhas da organizadora foram interrompidas, provavelmente por um beijo.

Donna abriu a porta e se deparou com Mark sem camisa e a organizadora usando apenas uma blusa. Os dois quebraram o beijo rapidamente e olharam para Donna assustados.

— Uau. — Donna disse em choque e começou a rir. — Uau.

— Donna, eu posso...

— Explicar? — Ela ergueu as sobrancelhas. — O que meus ouvidos escutaram e meus olhos estão vendo já é uma explicação bem detalhada do que está acontecendo aqui. — Donna sacudiu a cabeça rindo.

— Donna...

Save it, Mark. — Donna deu outra risada. — Eu realmente não preciso ouvir nada porque na verdade estou aliviada! Eu ia terminar com você hoje e estava me sentindo mal por fazer isso enquanto organizávamos um casamento porque eu me preocupava com você, mas vendo isso aqui... — Ela gesticulou com as mãos para os dois. — Como a vida é engraçada às vezes! Você tornou esse trabalho mil vezes mais fácil, então muito obrigada. — Donna deu um suspiro e se virou para sair.

Wait, você ia terminar comigo? — Mark deu uns passos em direção a Donna. — Why?

Yeah, mas eu realmente não quero falar disso agora. Vou para casa ficar com a minha filha e você não se atreva a dar as caras lá hoje, ok? — Donna sorriu ao ver o choque no rosto de Mark. — Já que não vamos mais ter um casamento, aproveite nosso horário pra terminar o que vocês começaram! — Donna começou a sair do escritório, mas se virou para Mark. — And one more thing: Harvey me beijou hoje e eu retribuí. Have fun you two. — Donna piscou para ele e deixou o local.

•••

Donna não mentiu para Mark nem um segundo. Estava chocada, obviamente, mas não poderia estar se sentindo mais leve. Chegou em casa mais cedo e dispensou a babá de Piper, deixando a menina feliz por passar mais tempo com a mãe.

Love, Donna. Onde histórias criam vida. Descubra agora