She Knows

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Harvey e Donna decidiram contar que estavam juntos e falar a verdade sobre Mark antes de qualquer coisa. Veriam como ela reagiria com a notícia e como se acostumaria com a mudança primeiro. Por mais que quisessem dizer logo, precisavam lembrar que ela tinha apenas três anos e seguir no ritmo dela.

Piper estava sentada no chão da sala pintando algo com os dedinhos na mesinha de centro quando eles chegaram em casa. Harvey foi até a filha enquanto Donna dispensava a babá.

— Uau, você é uma verdadeira artista! — Ele se sentou no sofá atrás dela. — Seus desenhos estão cada vez mais bonitos... Acho que precisaremos juntar você e minha mãe logo, logo.

— Siiiiim! — Piper se virou para ele. — Eu ainda to esperando, viu tio? Eu lembro que cê me prometeu isso quando a gente tava na casa da vovó.

— Que memória, hein? — Harvey sorriu. — Mas não se preocupe, vamos fazer isso acontecer e você vai poder pintar um quadro para pendurar... — Harvey olhou ao redor da sala de estar e apontou para um canto vazio na parede. — Ali.

— Sério? A sua mamãe vai deixar eu pintar um quadro de verdade? — Piper perguntou com os olhinhos arregalados.

— Nada a deixaria mais feliz do que isso. — Harvey sorriu para ela e Donna se juntou aos dois.

— Hey, honey. — Donna passou a mão delicadamente no cabelo da filha e abaixou lhe dando um beijo na testa antes de sentar ao lado de Harvey. — A mamãe e o tio Harvey precisam falar com você.

I'm listening... — Piper estava concentrada no desenho que fazia.

— Não, você precisa olhar para a gente, pumpkin. — Donna disse.

— Cês tão sérios demais. — Piper observou. — Eu fiz alguma coisa errada?

— Oh, querida, não. Você não fez nada. — Harvey se apressou em falar. — Mas nós precisamos conversar um assunto bem sério com você, tá bom? Então presta bem atenção. — Harvey dizia enquanto Donna limpava os dedinhos sujos da filha com um pano.

— É sobre o que? — Piper perguntou enquanto sentava na mesinha de centro.

— A gente quer conversar sobre o Mark. — Aquilo prendeu a atenção de Piper, ela olhava para Donna com curiosidade. — Você já sabe que quando dois adultos gostam muito um do outro, eles namoram, certo?

— Aham, e é isso o que você e o Mark fazem. Não é só porque cês namoram que ele é meu papai. Cês vão casar, mas ele também não vai virar meu papai por causa disso. — Piper repetia o que a mãe já havia dito a ela uma vez. — Mas tá tudo bem amar ele porque ele também me ama.

— Isso. — Donna deu um pequeno sorriso. — Mas algumas coisas mudaram... — Donna olhou rapidamente para Harvey e ele assentiu encorajando-a antes de dar um leve aperto em sua mão.

— O que?

— Mark e eu... A gente não... — Piper a encarava esperando uma resposta e Donna respirou fundo para controlar o nervosismo. — O Mark não está viajando a trabalho, querida... Ele não está mais aqui porque... A mamãe e ele... Nós não vamos mais casar, então ele se mudou.

Donna ficou em silêncio, observando a reação da filha. Sua testinha franziu.

— Por que não?

— Porque... — Donna pensou nas palavras com cuidado, não tinha necessidade da menina saber da verdade. — Porque a vida adulta é um pouquinho complicada... — Donna olhou para Harvey novamente, pedindo ajuda com os olhos.

— Mark e a mamãe se gostavam tanto que namoraram, né? Mas às vezes esse amor acaba ou diminui, daí as pessoas se separam.

— Ou as pessoas às vezes acabam gostando mais de outras. — Donna continuou. — E, por mais que você goste da pessoa com quem você tá, seu amor por ela não é mais o mesmo porque você gosta de outra pessoa, então você se separa dela pra ficar com quem você ama mais... — Donna se embolou um pouco na explicação devido ao nervosismo e Piper olhou para ela confusa. — Você não tá entendendo nada, né?

Love, Donna. Onde histórias criam vida. Descubra agora