Capítulo 4

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Escutava a sirene tocar pelo décimo dia que estava naquele lugar, abafado, repleto de pessoas. Me sentia um pouco preso e afogado, andava lentamente notando tudo, até seus canos mal tampados, o odor de urina e tudo em volta. Foi quando Sucre interveio.

- Nós precisávamos falar com você. - Sua voz continuava enigmática, como se houvesse uma fusão de pessoas em um mesmo corpo. - É sobre os experimentos... Eles farão mal a você, como fizeram para nós, sim...

- Não entendo o que está falando, como assim o experimento fará mal á mim? - Sussurrei gravemente para que ninguém pudesse me ouvir. Ele puxou meu braço e me levou para um canto que não havia ninguém, só assim eu pude perceber o jeito que andava envergado para frente, era desagradável, mas estava muito intrigado com tamanha discrição de Sucre.

- Eles afetam a cabeça e nos deixam loucos em nossa própria mente, sim. Entende? - Ele me olha auspicioso. - Temos que dar um jeito de sair daqui... Não importa o que fazermos, eles vão nos deter, sim. Mas eu conheço alguém que pode ajudar, você quer sair daqui? Com nós? 

Por um momento eu estava compreendendo, parecia que a cada vez que entrava nas memórias de alguém, boa parte das minhas lembranças natais sumiam, eu não fazia ideia de quem eu era, o que eu fiz e muito menos como fui parar ali. No fundo eu sabia que ele estava certo, mas fui arrogante e me deixe dominar pelo medo.

- Não acredito que eles estejam fazendo algo ruim, só por favor não fale mais comigo. - Podia perceber a cara de decepção, ele balbuciou algo e apenas foi embora e aos poucos ele se esvaia em meio á multidão. Algo apitou e fez com que a sala fosse tomado pelo imenso barulho ensurdecedor:

- Senhor Zack Lamenth, o senhor está sendo requisitado no momento. - Atravesso entre as milhares de pessoas para então chegar no grande portão, duas pessoas encapuzados me esperavam, suas capas amareladas brilhavam entre o grande buraco escuro que eu estava, notava que suas roupas estavam molhadas. 

Entrei no quarto de interrogatório... E ali estava Patrice, encostada na cadeira de ferro que há alguns dias atrás eu estava, eu podia sentir os olhos dos encapuzados em mim, estava curioso para saber o por que estava ali. Firmei fortemente minha mão para então perguntar.

- O que estou fazendo aqui? - Ela desencostou da cadeira e caminhou até mim, ouvia o barulho de seus sapatos batendo no chão igual cascos e por um momento eu fiquei imóvel, não estava mais na sala, por algum motivo tudo tinha sumido.

Eu novamente estava no escritório, era como a antiga visão, só que agora eu escutava o homem que falava comigo.

- O senhor acha que continuarmos com ele dará algum sucesso? Eu tenho certeza que não, ele é uma péssima pessoa Zacarias Lamenth.- Ele se levantou bruscamente, eu podia notar sua indignação. - Eu me demito se você mantê-lo nessa empresa, eu sei que ele é o seu irmão, mas não pode proteger aquele energúmeno.

Eu o apenas ignorei e novamente tudo passou em meus olhos, a briga do casal e até o homem que havia entrado no escritório, roupas normais.

Ele sentou na cadeira e disse exitante:

- Os médicos reviram os seus exames, e com seus traumas psicológicos. – Ele começou a hesitar. – é possível que tenha problemas mentais, o que faz de você uma vítima da perda de memória recente.

Com um passo para trás e mãos na boca, me mostrei totalmente dominado pelo medo e escuridão, eu sabia que nada daria certo, mas não esperava que fosse tão rápido, mas ele não demostrou tristeza, eu sentia que teria um mas em tudo que ele havia falado:

- Mas podemos mudar isso Zack. - Seu sorriso automaticamente ficou perverso e malicioso, me senti desconfortável por um momento, ele fuçava em seus bolsos a procura de alguma coisa, me deixei levar por um mais um passo em falso, até encostar em um armário, busquei por algo pontudo antes que ele percebesse, aos poucos que ele tirava algo do bolso, mais me sentia ameaçado, mas rapidamente tirou um recibo prateado, todo amassado em seu bolso. Por um momento eu me aliviei e peguei o papel, até que no exato momento de abrir, tudo havia sumido novamente e Patrice me olhava fascinada.

- Sua mente é de fato interessante Zacarias. - Ela passou sua mão delicada e fria em mim, como um sinal de apreciação. - Eu preciso saber...  O que acha que estamos fazendo aqui.

- Eu... nã... não. - Eu gaguejava de medo, estava sentindo uma leve mudança no rosto de Patrice, ela estava com o mesmo olhar malicioso que o homem na visão. - ... Sei.

- Somos uma corporação gigantesca sabia? Você não imagina o quanto de dinheiro ganhamos com cada pesquisa que fazemos em vocês... Cobaias. - Ela tirou a mão de mim com uma repulsa nunca vista antes, parecia estar com nojo de mim, o que aparentava ser esquisito, pois ela sempre teve uma postura de educada e gentil. - Eu sei que você falou com Sucre, e eu sei o conteúdo da conversa. - Por um momento meu coração palpitou lentamente, a cada segundo que passava, era uma grande eternidade eu sentia o medo passando por entre minhas veias, eu não sabia o que ela podia fazer e isso me dava medo. - Mas eu preferi ser mais gentil que ele. - Ela juntou seus dedos em uma posição que a fez parecer uma executiva. - Estou afim de fazer um acordo com você Zack Lamenth.

- Com-o... Como assim acordo?. - Ela voltou a sorrir.

- Quero que trabalhe para a RoseCorp.

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⏰ Última atualização: Mar 02, 2018 ⏰

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