8 • De onde menos se espera... é de lá que a surpresa vem

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Oi pessoas! Antes de começar esse capítulo gostaria de dizer que a teoria desenvolvida nele na verdade teve início em algumas conversas minhas com uma amiga no Twitter. Acho que ela nem lê minha fic pois é bastante ocupada, mas gostaria de dar esse crédito a ela. Liz, esse capítulo é pra ti! Espero que todos vocês aproveitem :)
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Tina estava exausta. Ela não imaginava que coordenar inúmeros aspirantes a auror desse tanto trabalho, e ficou se perguntando se ela, enquanto aluna, tinha dado tanto trabalho assim também.

Não obstante, os três jovens os quais ela ficou responsável eram bastante sagazes e aprendiam relativamente rápido. Um em particular tinha um talento sobrenatural para pressentir portadores de magia negra e era, sem dúvida alguma, um dos melhores da classe, e dava imenso orgulho a Tina, a despeito dele mesmo vir de uma linhagem nobre formadora de aurores, como ela ficou sabendo. Se seus pais tinham dado tanto trabalho aos bruxos das trevas, ele, Alastor Moody, certamente faria o mesmo.

Porém, naquele dia Moody deu alguns problemas. Os três passaram por testes nas salas de imitação da realidade, onde passaram por situações onde tiveram que lidar com inúmeras ocasiões que envolvessem criaturas e magia negra. Alice e Elijah se saíram relativamente bem, mas Alastor perdeu o controle ao ver a figura de um menino por volta de seus cinco anos sendo mordido por um lobisomem, e se encolheu num canto, as mãos agarrando a cabeça e chorando convulsivamente. Alguns outros alunos que sentiam inveja por Alastor ser um dos melhores da classe ficaram felizes ao ver aquela cena e gritaram palavras de desestímulo, deixando-o cada vez mais trêmulo. Tina não aguentou ficar apenas olhando aquela cena e invadiu a sala.

- Parem com isso... PAREM, AGORA!!!

O silêncio reinou diante do seu comando. Alguns alunos a olharam, assustados, outros a encararam em desafio, como se ainda ousassem a gritar mesmo que ela exigisse silêncio.

Ao adentrar a sala, Tina passou bem entre o lobisomem e a criança, como se fossem fantasmas, mostrando que aquilo não passava de uma ilusão, e comandou: - Desativar cenário A17!

No mesmo instante, o cenário criado sumiu, deixando uma sala vazia com algumas caixas de madeira espalhada, com teto e paredes inteiramente brancas, o que a recordava ligeiramente das celas da morte do MACUSA e a faziam estar ali a contragosto.

- Quero todos fora daqui. - Ela disse em alto e bom som. Um dos aurores sênior a desafiou.

- Desde quando virou chefe dos aurores, Goldstein? Que eu saiba quem nos dá comandos aqui é o chefe do setor e ainda que você seja próxima a ele isso não lhe dá o direito de...

Tina suspirou, exasperada.

- Ok, vamos. - ela agarrou Alastor pelo cotovelo e fez sinal para Alice e Elijah os seguirem. Minutos depois, ela reuniu os três em seu escritório e lhes deu parte do veredito das avaliações.

- Em termos gerais, vocês se saíram bem, no caso de Alice falta apenas reflexos mais rápidos e Elijah... por favor, estude mais sobre Maldições Imperdoáveis. Não as subestime. Estão liberados. - Os três se viraram para sair quando Tina chamou: - Menos você, Alastor. Precisamos conversar.

O garoto fez uma careta de quem sabia que estava numa encrenca daquelas. Seus cabelos ruivos espalhados por toda parte o deixavam com um aspecto mais desgrenhado ainda.

- Quer me contar o que aconteceu? - Tina indagou.

Tina não sabia que Alastor nutria uma profunda admiração por ela, admiração esta que estava chegando perto a de uma paixão platônica. Ele bem sabia que estava nas mãos de uma das melhores aurores do MACUSA (ainda que essa instituição a tivesse desprezado por longo tempo) e que saiu ilesa de um curto duelo com Gellert Grindelwald (poucos bruxos tinham a felicidade de saírem vivos de um duelo com o maior feiticeiro das trevas atualmente). Esse fato fazia com que Tina dividisse o setor de aurores do Ministério em dois grupos: os que a admiravam e os que a detestavam. Quanto ao sentimento compartilhado pelo segundo grupo, além do fato de Tina possuir um gênio difícil de lidar (o que não passava de fachada, pois seus aurores júnior - Alastor, Alice e Elijah - sabiam que debaixo da capa da auror Porpentina Esther Goldstein, existia um enorme coração cheio de bondade e altruísmo), corriam fortes murmúrios pelo Ministério de que ela estava se envolvendo num tórrido romance com ninguém menos que Newt Scamander, o que faria dela cunhada de Theseus Scamander, chefe do setor de aurores. Por isso, muitos julgavam que Tina tinha os "privilégios" que tinha por conta de "questões familiares".

Alastor sabia que Tina conseguiu alcançar certo prestígio dentro do quartel general de aurores por ser uma profissional competente e capaz de lidar com inúmeros contratempos, além de possuir um faro incrível para encrenca. No entanto, quanto aos burburinhos sobre o romance dela com o sr. Scamander, Alastor não sabia afirmar se era verdade ou não, o que o deixava extremamente angustiado. De qualquer forma, ele sabia que nunca teria chance alguma, jamais uma mulher feito Tina olharia de forma diferente para ele, um garoto que mal acabara de sair das fraldas. Desse modo, ele focou nos estudos auror, o que lhe trouxe resultados formidáveis... exceto no dia de hoje, infelizmente.

- Alastor? - Tina o tirou de seus devaneios.

- Me desculpe srta. Goldstein, eu...

- Tina, Alastor. - ela corrigiu - já lhe disse que você pode me chamar pelo nome sem problemas.

- Ok, Tina... O que aconteceu hoje foi um episódio isolado e prometo que jamais irá se repetir. - ele disse com franqueza.

- É exatamente por ser um episódio isolado que eu quero entender o que aconteceu. - ela insistiu. Alastor não viu outra saída.

- Bom, o que aconteceu na sala de ilusões foi um caso parecido com uma situação que aconteceu na minha família. Eu me lembrei disso e acabei ficando nervoso, perdi o controle emocional. Eu sinto muito.

- Você tem algum parente que sofre de licantropia? - Tina indagou. Alastor baixou os olhos e murmurou tristemente:

- Meu irmãozinho mais novo... foi mordido quando tinha apenas seis anos.

Tina sentiu o coração ficar apertado. - Oh, Alastor... eu sinto muito, eu não sabia.

- Praticamente ninguém sabe. É mais seguro para as pessoas e para ele mesmo que seja assim.

Tina andou até a frente dele, que estava sentado na cadeira em frente à mesa, se agachou de forma que mantivessem contato visual e sorriu.

- Obrigada por confiar em mim. Mas eu quero que você guarde algumas palavras, você pode fazer isso?

Alastor assentiu. Ela continuou:

- Não há mal nenhum em perder o controle às vezes, é absolutamente normal. Aliás, na minha humilde opinião quem controla demais as próprias emoções acaba soando um tanto mecânico e falso. Mas, você não pode deixar esse descontrole te dominar, pra isso é necessário vigilância. Só que no nosso caso não adianta ser vigilante em alguns momentos e em outros ser deisleixado, é preciso ser vigilante constantemente.

Alastor bebia cada uma de suas palavras, admirado.

- Guarde essas palavras, Alastor... VIGILÂNCIA CONSTANTE.

Amor, Guerra e CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora