9 • A Luz em meio ao Caos

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Tina estava de saída do Ministério quando ouviu uma voz a chamando. Era Dumbledore correndo a seu encontro.

- Tina! Está indo para a casa dos Kowalski...? - e vendo o semblante exaurido da auror, perguntou: - Está tudo bem?

- Sim, estou bem... Alguns estresses do trabalho, apenas. Gostaria de jantar conosco?

- Se não for nenhum incômodo... Gostaria de conversar com você e Newt sobre isto... - e mostrou o velho caderno de capa preta encontrado nos escombros da explosão do bar de Alistair - caso Newt já tenha acordado, é claro.

Os dois foram recebidos com um sorriso caloroso de Queenie e inúmeros doces saborosos que Jacob resolvera guardar e trazer para casa antes que tudo acabasse na padaria.

- Algo me dizia que receberíamos visitas! - ele exclamou, abraçando Dumbledore. - Ainda bem que tive a ideia de trazer os doces.

- Tem certeza que você é trouxa? - perguntou Dumbledore, pegando em um seminviso recheado de calda de caramelo, deliciado. - Isso é um verdadeiro manjar dos deuses! Nem o bruxo mais talentoso seria capaz de fazer algo tão bom.

- Queenie? E Newt, está bem? - Tina perguntou apressadamente.


Queenie sorriu.

- Acho que você gostaria de conferir algo dentro da maleta.

*

Assim que adentrou a mala, Newt foi recebido por guinchos altos de tronquilhos (um em particular estava bastante irritado com sua ausência) e occamis inquietos, arpéus agitados, um seminviso que brotou repentinamente em seus ombros e até mesmo o nundu parecia ter sentido muito a sua falta. A despeito da inquietação das criaturas em rever seu cuidador depois de um longo tempo (Newt jamais havia passado mais que algumas horas longe de suas criaturas), todos pareciam extremamente bem, alegres e bem alimentados. Um assomo de gratidão tomou conta do peito do magizoologista ao pensar no trabalho que Tina teve para cuidar deles, afinal ela não era habituada a isso, mas parecia que ela tinha se saído muito bem.

Como se respondesse a seus pensamentos, uma voz lhe chamou da porta do galpão. - Newt?

Newt, que estava parcialmente escondido atrás da porta que dava entrada para a caverna dos runerspoors, surgiu imediatamente ao ouvir aquela voz. Tina correu em direção a ele.

- Newt você acordou! - e se atirou nos braços do magizoologista que a recebeu com um sorriso de orelha a orelha. - Você está bem? - ela imediatamente tocou-lhe o rosto e o torso febrilmente, à procura de sinais mais óbvios de ferimentos ou similares - Ainda está machucado? Sente dores?

- Não Tina, estou bem... Queenie cuidou muito bem de mim. - ele sorriu e segurou as mãos dela entre as suas. - Tina, eu... não tenho palavras suficientes para agradecer o que você fez pelas minhas criaturas durante a minha ausência.

Um sorriso radiante atravessou o rosto dela, recordando-o da despedida nas docas em Nova York e Newt soltou a respiração que sequer notou que estava segurando.

- Não foi nada... tenho certeza que você faria o mesmo por mim.

- Sim, faria... - ele não conseguiu segurar as palavras, elas simplesmente foram saindo. - Eu faria qualquer coisa pra ver você feliz.

De repente, o foco do mundo mudou. Tina e Newt estavam completamente alheios a qualquer outra coisa que não fosse eles dois, ali, um bebendo no olhar do outro. Os olhos de Newt corriam dos olhos para os lábios de Tina, como se estivesse prestes a tomar uma atitude que raramente tomaria. De repente, ela sentiu as mãos dele soltarem as suas e agarrar-lhe os cotovelos, puxando-a suavemente de volta para seus braços e Tina foi de bom grado, sorrindo abobalhada quando sentiu os braços dele cercarem-lhe a cintura. Seus olhos verdes estavam quase pretos como os dela.

- Tina, eu queria te pedir permissão para fazer uma coisa.

- Sim...? - um arrepio agradável correu todo o corpo dela quando Newt descansou a testa contra a sua. Automaticamente, as mãos de Tina pousaram na nuca de Newt, os dedos imediatamente brincando com os cachos existentes lá. Os lábios dele pairavam tão próximos dos dela que os dois compartilhavam o mesmo ar e havia espaço mínimo entre eles apenas para que pudessem falar.

- Newt? Tina? Queenie pediu pra avisar que o jantar está pron... - Dumbledore estancou na porta do galpão. Tina e Newt se afastaram imediatamente um do outro como se tivessem levado um choque e Dumbledore parecia imensamente arrependido de ter escolhido exatamente aquele momento para chamá-los.

- Ah, que bom, estou faminta. - Tina foi andando para a escada que dava acesso ao galpão como se nada acontecera. - Vamos?

Dumbledore olhou para Newt num pedido silencioso de desculpas e este deu de ombros. Quando subiram para a sala de jantar, Queenie olhou para Tina e nem teve trabalho para ler sua mente.

- Tina...! - ela sussurrou, com veemência, assim que elas se afastaram o suficiente para não serem ouvidas.

- Não leia minha mente.

- Mas, mas... vocês quase...! - e Queenie leu o que aconteceu em seguida. - Ah, Teenie, me desculpe! Eu estava atarefada com o jantar aqui e me desliguei da sua mente por um momento, até porque né...

- Já disse pra não ler minha mente.

- Desculpe, querida, a sua mente, o seu coração, o seu corpo inteiro está gritando com a vontade de beijar Newt. - Queenie fez mais uma pausa, e acrescentou, maliciosamente: - Ah, pelo visto não é só beijo que você quer dar pra ele...

- Queenie! - Tina exclamou, indignada, e Queenie, rindo, se afastou para terminar de arrumar a mesa antes que ela falasse qualquer outra coisa.

Enquanto se deliciavam com mais um jantar divino preparado pela loira, Queenie trocou um breve olhar com o marido e chamou a atenção de todos.

- Jacob e eu gostaríamos de compartilhar algumas novidades com vocês. Na verdade, só não é novidade para Teenie, mas enfim... - Queenie inspirou - Jacob e eu estamos esperando um bebê!

Tina sorriu calorosamente para a irmã e o cunhado. Dumbledore olhou para os dois primeiramente com espanto mas logo em seguida sorriu, maravilhado. Newt arregalou os olhos, surpreso, mas imediatamente exclamou:

- Que surpresa maravilhosa!

Todos compartilhavam do mesmo sentimento. A considerar a verdade, aquele não era um momento muito propício para mulheres grávidas e crianças, um mundo em guerra era deveras perigoso. No entanto, viver com medo de que algo aconteça é o mesmo que não viver, praticamente. Por isso, Jacob e Queenie receberam a notícia da gravidez como um verdadeiro presente, uma luz divina em meio a tanto caos.

Amor, Guerra e CaosOnde histórias criam vida. Descubra agora