Capítulo 7

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Maria Flor Arantes

- Já faz um tempo que eu venho guardando algo aqui dentro e quero poder colocar para fora. - Ben fala, em meio a suspiros longos.

Dessa vez, eu me sentei nas costas do banco e estou com a cabeça apoiada nos cotovelos e com os pés sob o assento. Ben estava sentado bem perto das minhas pernas, mas com os braços bem abertos e os olhos fixos no campo farto e todo verde. Não tem ninguém treinando agora. Ben e eu estamos sozinhos. Ah, e ele está bem estranho.

- Meu pai sempre fala isso quando quer peidar mas não pode, por estar em um lugar inapropriado para isso. - Conto, de forma bem tranquila.

Ben explode em uma gargalhada e termina com uma crise de tosse.

Gostei de faze-lo rir.

- Caramba Flor! - Ele exclama, sem ar. - Você quase me matou agora.

Um sorriso brincou em meus lábios.

- Mas não, não estou com vontade de peidar agora. - Ben se apressa em dizer. - Ai ai.

- O que é então?

Ele solta um suspiro e olha para mim.

- Você é a melhor pessoa para quem eu devo contar isso. - Ben começa. Ele se aproxima mais um pouco de mim. Fico tensa. Seus olhos verdes ficaram cobertos por uma nuvem negra e isso está me apavorando. - É que eu sou afim de uma pessoa por muito tempo e eu decidi não esconder mais esses sentimentos. Mas não sei por onde começar e por isso, quero muito que você me ajude.

Estou confusa.

Benjamin Borges, o MARAVILHOSO Benjamin Borges, pedindo ajuda para mim? O que tem a popularidade lá nas alturas? O Shawn Mendes das garotas me pedindo ajuda?

Estou mais confusa.

Eu nunca tive mais que dois minutos de conversa com Ben antes; nem mesmo sei o que ele faz fora das aulas, quais são as músicas que ele curte e muito menos das suas crush's da vida. Não tem lógica isso. Como posso ser a melhor pessoa para esse tipo de conversa, sendo que não sei nada da vida de Ben. Estudamos na mesma turma até a oitava série, mas nunca, nunca mesmo, fui intima dele.

- UAU! - Exclamei muito surpresa, mas achando graça.

- O que isso significa? - Ben perguntou, sem entender nada.

Dei de ombros.

- Nada, apenas "uau" mesmo. - Respondi.

Ben balançou a cabeça, desanuviando os pensamentos.

- Tudo bem. Você vai me ajudar então?

Está bem apressado.

- Parece que está necessitado e não afim de alguém. - Provoquei.

A expressão de Ben se transformou em puro carranco e eu ri disso.

- Você vai ou não? - Ele insistiu.

- Benjamin, isso não tem lógica. - Falei séria. - Eu nem te conheço direito, como posso ser a melhor pessoa para quem você vai...

Meus pensamentos entraram dentro de um furacão na minha cabeça. E como em uma roleta, um sino foi tocado e o furacão cessou. Uma parte dele está brilhando e isso não é bom, pois está dizendo: "A pessoa de quem o Benjamin está afim é VOCÊ".

Estou com falta de ar.

Está fazendo sentido agora, por isso que sou a melhor pessoa para quem ele está dizendo essas coisas.

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