Capítulo 20

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Maria Flor Arantes

Depois que meus tios e minhas primas deixaram a minha casa, papai quis muito saber o que estava acontecendo e o porquê de inventar um namoro falso. Eu ainda não tinha me recuperado do choque que Benjamin me causou enquanto cantava uma das minhas músicas preferidas e precisava ficar um tempo sozinha e organizar os pensamentos em cada caixa respectivamente. Então, deixei Benjamin sozinho na sala junto de meus pais e fui para a cozinha passar um café. Enquanto preparava consegui ouvir as gargalhadas do meu pai conforme Benjamin falava dos nomes das minhas primas, Flora e Abigail. Comecei a rir sozinha. Foi quando senti meu coração arder e excitação por estar gostando de tudo que estou sentindo, ou melhor, de tudo que senti por ter passado todo aquele momento com Benjamin, ainda melhor, por ele ter passado esse momento com os meus pais. Sinto como se ele já fosse o meu namorado. É um sentimento delicioso e ameno. Meu coração parece descansar toda vez que sorrio em resposta de pensamentos por Benjamin.

O café fica pronto e vou para a sala levando as xícaras. Sirvo primeiro o Benjamin e depois meus pais. Em seguida, pego a minha e me sento ao lado da minha mãe. Poderia sentar ao lado de Benjamin, noto que ele me segue com os olhos na esperança de fazer, mas hesito e vou para o outro lado da sala.

- Minha filha – papai me chama -, você não precisava fazer tudo isso para se sentir melhor que Abigail e Flora. Elas são bem chatas, devo admitir e se parecem com a mãe quando era mais jovem.

- Elas me cansam. – Bufei. – Só queria, por pelo menos uma vez, fazê-las terem inveja de mim.

- Elas que deveriam ter inveja de você só por existir, Flor. – Benjamin dispara. Todos, inclusive eu, o encaramos. Minhas bochechas coram. – Você é uma garota incrível. – Benjamin me elogia.

- Huummm – mamãe provoca.

Eu bato de leve em sua perna.

- Nem começa, mãe. – A censuro morrendo de vergonha.

Papai toma o último gole do café e diz:

- Olha Benjamin, devo concordar com você.

Estou nervosa, mas mesmo assim, tento amenizar um pouco as coisas:

- Vocês são suspeitos. Comentários de mãe, pai e amigo não contam.

- Contam sim, ainda mais quando temos razão. – Benjamin insisti.

Balanço a cabeça enquanto reviro os olhos.

- Agradecida pelas bajulações. – Brinco.

- Bom, a conversa está ótima, mas já vou me deitar. – Papai diz se levantando.

Do outro lado minha mãe boceja e encosta a xícara.

- Vou te acompanhar, querido.

Depois que meus pais deixam a sala, eu fico constrangida de ficar, novamente, sozinha com Benjamin. Caramba, se eu não tivesse insistindo para ele fechar o acordo comigo, nada disso estaria acontecendo. Agora estou arrependida, mas sem querer perder a minha participação do Festival.

- Eu gostei muito do jantar e dos teus pais. – Benjamin diz, quebrando o silencio entre nós. Gosto quando ele começa a falar, ele sai melhor que eu nesse quesito. – Pensei que seu pai ia me matar quando você foi para a cozinha preparar o café.

Sorri.

- O meu pai é bem de boa. – Eu me levantei e peguei a xícara das mãos de Benjamin e fui para a cozinha.

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