Capítulo 13

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Maria Flor Arantes

Nós esperamos todo mundo deixar o auditório para podermos conversar. Sentei-me na escada na lateral do palco e esperei o Benjamin se livrar da Gio. Ela estava desconfiada de que algo muito estranho estava acontecendo. Desde quando ela nasceu pensa que está prometida a ficar com Benjamin, como naquelas épocas em que os pais arranjavam casamento para seus filhos. Eu sempre soube de que Gio gostava dele, mas não a ponto de persegui-lo e sufocá-lo. Fiquei observando-os e pelos gestos de Ben, supôs de que estava entediado e com pressa de sair correndo. No entanto, eu ainda continuava irritada e chateada com Benjamin. Sério que ele me entregou para trabalhar na organização do Festival sem me consultar antes? Em qual parte de entrar para o elenco ele não entendeu?

Quando finalmente a Gio foi embora, Benjamin saiu em disparado para onde eu estava.

- Desculpa a demora. – Ele falou apressado. – A Gio é muito esperta e está desconfiada.

- Foi o que pensei. – Balbuciei.

Benjamin levantou o cós da calça e se sentou em um degrau abaixo de onde eu estava e apoiou o cotovelo no meu degrau, relaxando o corpo.

- Eu quero começar dizendo que sou um idiota...

- Sim, você é! – Concordei com pressa.

-... Um idiota. – Murmurou. – Hoje, depois da última aula, eu fui conversar com a Sra. Muller. Eu perguntei se ela não poderia abrir uma exceção ou tirar um tempinho para te ouvir cantando e ela falou que não podia fazer nada. Então, o único meio que encontrei, era te inscrever para ajudar na organização.

- Mas eu quero cantar, dançar... Não quero perder o meu tempo pintando isopor. – Trovejei. – Você deveria ter me preparado e não me deixado passar aquela vergonha. – Ordenei muito chateada.

Benjamin pareceu muito comovido pelo meu tom de voz, pelo canto do olho pude ver que estava me encarando e sem palavras.

Ele respirou fundo e depois de alguns segundos em silêncio, ele disse:

- Você não está chateada apenas por eu ter te colocado na organização, não é?

Balancei a cabeça, concordando, mas sem olhar para ele.

- Eu sei que sou muito distraída, louquinha às vezes e nas outras estou pagando um mico de graça, mas não precisava ter me provocado daquele jeito. – Expliquei mas com tom de voz mais calmo.

- Como eu disse: eu sou um idiota! – Benjamin suspirou, sem graça. – Eu não pensei que iria dar tudo aquilo. Na verdade, você também é muito esquentadinha e consigo tirar você do sério rapidinho. – Ele confessou provocando.

Não consegui evitar um sorriso. É verdade mesmo, eu sou bem esquentadinha, meus pais e Rita sempre dizem isso. Mas sou uma esquentadinha do bem, podemos dizer assim.

- Por isso que te odeio. – Resmunguei revirando os olhos.

Benjamin se levantou e passou as mãos pelo cabelo.

- Vamos pensar pelo lado positivo: agora você está dentro do Festival, cantando ou não, organizando ou não, mas você está dentro e agora devemos pensar em algo para você atrair a atenção dos jurados, melhor, à atenção da Sra. Muller. Ela pode mudar algumas regrinhas do Festival.

Voltei a sentir a esperança queimando em meu peito.

- No que você está pensando, Benjamin?

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