Ana
Se me contassem que a minha noite acabaria repleta de muitas emoções e de surpresas inimagináveis eu jamais acreditaria, mas felizmente o que os meus olhos contemplam é muito real e me deixa extremamente feliz.
Poder ver a felicidade estampada no rosto da minha melhor amiga ao estar ao lado do homem da sua vida me deixa imensamente grata. Só nós duas sabemos o que ela veio sofrendo ao longo de todos esses anos e mesmo que ela viesse a negar por várias vezes eu sabia que o seu sentimento por Elliot não havia passado e não poder fazer nada a respeito me fazia sentir-me impotente.
Continuo olhando embasbacada para os casais que apesar do pouco tempo juntos estão completamente entrosados e inevitavelmente um sorriso de contentamento brota em meus lábios. É bom que alguém esteja feliz.
Aos poucos toda a euforia dos pombinhos vai se esvaindo e eles passam a me encarar com curiosidade. Kate por sua vez me olha de uma forma maliciosa o que me faz crer que está tramando algo.
- É a sua vez de falar, Ana. – Minha amiga diz com um riso que me causa arrepios.
- Vamos esquecer isso e aproveitar esse momento de trégua e reconciliação. – Digo a fim de me livrar de uma futura saia justa.
- Conta outra Aninha – Mia começa a falar. – Dez anos se passaram é impossível que tudo continuou na mesma pra você.
- Minha vida sempre foi muito tranquila, Mia. – Todos continuam prestando bastante atenção em mim. – Eu me formei
- Com honra – Kate fala animadíssima me fazendo revirar os olhos.
- Parabéns – Mia, Ethan e Elliot dizem ao mesmo tempo.
- Obrigada, mas isso não tem nenhuma importância. – Falo sinceramente.
- A fala típica de quem é nerd. – Kate volta a me cutucar e todos riem com o que ela diz.
- Continuando – Falo olhando diretamente para ela mandando um recado silencioso de que mais um piu eu a esgano. – Tinha muito medo de lecionar, pois achava que não seria capaz de fazer o meu trabalho direito então, eu comecei a pensar na possibilidade de ser escritora. O tempo foi passando e eu percebi não ter muita criatividade para criar um livro e quando dei por mim já tinha chegado o momento de estagiar numa escola e eu me vi apaixonada por todo esse universo de cadernetas, livros, reuniões de pais e mestres, conselhos de classe... – Realmente eu amo o que faço. – Surgiu então a oportunidade de cobrir umas aulas na universidade de Seattle de um professor meu do mestrado e quando dei por mim já fazia parte do quadro de professores de lá. – Sorrio enquanto me lembro de como tudo aconteceu. – Eu não me vejo fazendo outra coisa.
- Eu lembro que você sempre dizia o que queria ser – Elliot diz – Nunca levei muito a sério porque pensava que uma hora você mudaria de ideia, afinal quem em sã consciência quer ser professor nos dias de hoje? Auuu! – Elliot protesta ao receber um beliscão de Kate.
- Tudo bem Kate. – Digo. – Elliot está mais do que certo, mas ainda bem que existe sempre malucos como eu que fazem com que a profissão possa se estender por mais tempo.
- E você nunca namorou depois do José? – Ethan me questiona.
- Não. – Me limito a responder.
- Eu lembro que o motivo do termino de vocês foi devido a sua preparação para entrar na universidade, mas eu achei que uma vez que estivesse lá às coisas mudariam. – Ethan me fita com os seus penetrantes olhos verdes como se dessa forma pudesse conseguir sua resposta.
- Existem coisas que não mudam e amores que nunca deixamos para trás... – Kate diz fazendo com que me sinta envergonhada.
- Amor? Você ama o José e é por isso que nunca se envolveu com ninguém. – Christian fala quase inaudivelmente.
- Não! – Minha voz soa como se eu tivesse ouvido algo inadmissível de alguém. – Eu nunca o amei.
- E por que você namorou com ele? – Christian continua a me questionar.
- É amiga, por quê? – Kate me provoca e mentalmente me vejo levantando indo até ela e a esganando por alguns instantes.
- Eu não sei... – Respondo tentando conter a raiva de Kate.
- Não sabe? Como você não sabe? – Christian fala irritado. – Você não sente nada pelo cara começa a namorar ele e não sabe o por quê? Isso é patético! – Ele se levanta irritado e vai até a janela ficando de costas para todos nós.
- Patético é você enfiando a sua língua em tudo o que era boca, seu imbecil. – Falo com muita raiva.
- E o que é que tem? – Ele vira e me olha aparentando estar ainda furioso.
- O que é que tem? – Fico de pé já sentindo meus nervos a flor da pele. – Você não é a melhor pessoa para dar sermões e muito menos dizer que eu estava errada, porque você se bem me lembro era um cafajeste.
- Eu nunca namorei com ninguém sem amar. Eu nunca menti sobre os meus sentimentos para uma pessoa – Diz vindo em minha direção – Eu nunca pensei na hipótese de me relacionar seriamente com uma mulher que não fosse a que eu amasse.
- Oh!! – Digo levantando as mãos para o alto – Mais um salvo do purgatório.
- Falando assim até parece que estou falando com uma puritana. – Ele diz por entre os dentes.
- E se for? Algum problema? – Digo me aproximando ainda mais dele diminuindo o espaço que nos separava. Percebo ele engolir em seco e desviar o olhar. – É o que pensei. – Falo contendo as lágrimas. – Você acha que me conhece Grey? – Falo e novamente ganho sua atenção para mim. – Você não imagina como eu me sinto mal por ter estado com alguém que não amava você nunca vai saber por que nunca amou alguém como eu amo. – Uma lágrima rola de um dos meus olhos. – Eu sei o que é amar e ver a pessoa ter olhos para qualquer outra menos para você, eu sei o que é se sentir inferiorizada, diminuída, feia, indesejável e provavelmente este tenha sido o motivo que me fez ter aceitado namorar o José, afinal ele me via como uma mulher e me desejava como uma e era bom saber que pelo menos uma pessoa sentia afeto por mim. – Ele me olha com os olhos repletos de lágrimas não derramadas e diz algo que me pega totalmente desprevenida.
- Eu amo você Ana. Eu sempre amei você.
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Encontro de vidas
FanfictionAs turmas de 1998, 1999 e 2000 se reencontram novamente para arrecadarem fundos para a Escola Trinity, que está passando por dificuldades financeiras devido a crise que assombra os EUA. Nesse encontro verdades nunca ditas antes são reveladas e sent...