43 - Radicalismo

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Segunda-feira de Carnaval gente! 🙋

Tem muita gente que não trabalha hoje, é o meu caso, que só volto na quarta-feira de cinzas, tal uma fênix... 🐣 😂

Para quem se assustou com o tema, fique sossegado, que hoje o assunto é light... Mais ou menos!

Vou propor uma situação para vocês, depois gostaria de saber qual a atitude que tomariam, se estivessem no lugar desta pessoa.

Vamos lá!

Supondo que você seja um estudante do 7° ano que tem uma opinião muito forte sobre diversos assuntos e se depara com uma professora das antigas, que exige que você pense exatamente como ela, na hora de estudar e realizar as provas. Uma professora também com um temperamento forte.

Esta professora não vai com a sua cara, porque você não é igual aos outros alunos, que ficam quietos e fazem tudo que ela manda. Você questiona, discute a matéria, sem faltar com o respeito, mas ela não se sente confortável, pensa que você diminui a autoridade dela enquanto professora.

Pois bem, vocês travam essa guerra psicológica no 7° ano, onde ela lhe coloca de recuperação, porque você nas provas não escreveu as respostas com as palavras delas, através da tradicional decoreba, mas você passa de ano e vai para o 8°, enfrenta ela de novo, passa novamente de ano e sai da escola só para trabalhar.

Após 11 anos, você precisa do diploma do ensino médio e retorna para fazer um supletivo de dois anos numa escola, onde o 1° ano é integral e o 2° e o 3° são realizados num ano só.

Você se esforça e passa o 1° ano tranquilamente, faz muitas amizades, pois todo mundo adora você, que os ajuda nas matérias mais difíceis, como física e matemática. Você nunca gostou tanto de estudar na vida!

Antes de iniciar o 2° ano, você descobre que aquela professora que você tinha um problemão deste o 7° ano vai lhe dar aula de história durante o ano todo e fica imaginando uma possível guerra que irá travar com ela, pois você continua a mesma pessoa e ela provavelmente também possui a mesma opinião forte de antes.

Você tem as seguintes opções:

1 - Estuda com ela normalmente, pois já é um adulto responsável que sabe conviver com opiniões contrárias à sua;

2 - Pede para trocar de sala, mesmo que isso vá magoar os seus amigos da classe, que são muitos;

3 - Estuda com ela normalmente e faz da aula dela um inferno, só para se vingar;

4 - Conversa com a professora antes de tomar uma atitude, para ver o que ela acha da situação;

Agora vem a pergunta:

a) Qual destas atitudes você tomaria e por que?

b) Eu tomei a segunda atitude. Você acha que eu fui muito radical?

c) Você já teve que tomar uma atitude que outras pessoas tomaram como radical demais? Houveram consequências?

Hoje, refletindo melhor sobre isso que aconteceu comigo há muito tempo, ainda penso que eu faria a mesma coisa, afinal, pra mim a vida sempre foi uma questão de escolhas e eu sempre fiz aquelas que me trariam mais paz, independente da opinião de outras pessoas. Neste ponto eu me acho muito radical...

Na época que aconteceu o fato, a professora ficou sabendo da minha atitude e pediu que eu a procurasse para conversarmos. Eu fui, mas quando ela dava aula para uma classe, então tivemos que conversar rapidamente. É lógico que foi uma estratégia que usei, não vou mentir.

Lembro do diálogo até hoje, veja:

Eu: A senhora mandou me chamar?

Ela: Sim! Fiquei sabendo que o senhor mudou de classe só para não ter aula comigo. É verdade?

Vou ser sincero com vocês, do fundo do meu coração, fiquei com pena dela neste momento de nossa conversa, mas fui sincero até o fim.

Eu: É verdade, sim senhora! Eu estou me dando muito bem com a maneira que o professor atual de história ministra suas aulas e a gente não se compreendia muito no ginásio e eu não queria passar um ano todo brigando.

Ela: O senhor podia ter vindo conversar comigo antes. Acabou deixando os seus colegas de classe muito tristes ao tomar esta atitude.

Eu: A senhora me desculpe, achei que seria o melhor a fazer e fiz. O problema não é a senhora, o problema sou eu. Sou uma pessoa difícil de lidar e a senhora tem uma opinião muito forte. Me desculpe, não queria aborrecer ninguém...

Ela: Mas aborreceu!

Terminamos nossa conversa ali, eu fui embora, me formei tranquilamente naquele ano.

Dei um jeito de suavizar a bronca dos meus colegas do 1° ano dando aulas particulares de matemática para um grupinho, pois diziam que eu ensinava melhor que o professor. Até hoje muitos deles me chamam de professor Joe, vejam que máximo! (emocionado por aqui)

Anos depois, quando eu trabalhava na rua, sempre a encontrava minha ex-professora por aí e a cumprimentava e ela sempre foi muito cordial.

Um dia estava com minha esposa Jack e a Nicole ainda tinha uns dois anos, e a encontramos num ponto de ônibus. Ela sentou do nosso lado e eu puxei conversa com ela, falando para minha esposa que ela tinha sido minha professora. Ela adorou minha filha, a Jack, gostou de ser reconhecida como "minha professora", e pareceu ir embora satisfeita.

No fim, quando a gente pensa melhor sobre o passado, não tem certeza de que se tivesse tomado outra atitude menos radical, como teriam sido as coisas, mas agora é tarde para tentar descobrir...

ABS.,

365 Questões - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora