Nove

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- Tchau tia, obrigada - Agradeço quando ela me deixa na porta de casa.

- Por nada meu amor

Entro em casa e a encontro vazia. Vou até a cozinha e encontro um bilhete na geladeira

"Caso você volte para casa e não tenha ninguém é porque eu e a Amanda fomos ao supermercado, Ana".

Pego meu celular no bolso e ligo para o Júnior

- Oi Malu

- Júnior, preciso de um favor, você está com o seu computador ligado?

- Sempre estou bebê, manda.

- Preciso que você localize para eu todas as empresas que trabalhe alguém chamado Gustavo, mas só as empresas que comece com "B" e termine com Enterprise.

- Moleza, daqui dez minutos te mando uma mensagem com os nomes e os endereços.

- Muito obrigada!

- Por nada Malu - Ele desliga. Subo as escadas e vou para o quarto da Ana

"Eu, o Lucas, sua mãe e seu pai, temos uma caixa dessa, é aonde guardamos todas as nossas lembranças boas da adolescência e dos nossos momentos juntos"

Onde será que ela guarda essa caixa?

Olho dentro do guarda roupa, mas não encontro. Olho dentro de um baú e também não encontro. Olho encima do guarda roupa e encontro uma caixa branca com rendas, na tampa tem escrito "Dolorosas Lembranças".

- Só pode ser essa!

Sento na cama dela e abro a caixa. O conteúdo dela não é muito diferente que o da tia Jennifer. Vejo muitos CDs, fotos, papéis que parecem cartas e um livro

Pego um dos CDs e coloco no aparelho de DVD do quarto da Ana

De repente aparece a Ana sentada de frente para a Ana, ela sorri como uma criança. Ao fundo escuto um violão tocando

A Ana levanta e começa a cantar sem sair do foco da câmera

- Um mês e o tempo voa e eu já sou e você nem descobriu - De repente o cenário muda, mas a Ana continua aparecendo enfrente a câmera, mas uma roupa diferente da que ela estava no começo do vídeo - São dois e chega perto, mas eu ainda sou pequeno demais, viu?

O cenário muda mais uma vez assim como a roupa da Ana. Percebo que sua barriga está um pouco grande

- Três meses e o tormento, esse teu sofrimento eu também já posso sentir, vê se aquieta o coração pra quando eu sair daqui - Então a ficha cai, ela está grávida, esse vídeo é sobre a gravidez - Talvez eu dê trabalho uma vida de despesas, mas por favor me deixa ficar e se por um acaso eu não tiver seus olhos você ainda vai me amar

Ela se aproxima da câmera e vejo seu rosto molhado pelas lágrimas

- Eu sei que a ansiedade é quase uma inimiga, mas eu não quero ser confusão então, por favor, me deixa na sua vida, mas vê se aquieta o seu coração - Ela canta sorrindo com as lágrimas descendo pelo seu rosto  - Se é tempestade, todo medo, se for arrependimento, por favor tira daí, você ainda não me tem inteiro nem me conhece direito, mas já posso te ouvir

"E quando a barriga for crescendo você ainda vai ser linda eu nem preciso te ver, seca o choro e fica aqui comigo que até assim tristinha eu já sei que eu amo você!"

O cenário muda outra vez, como a roupa e a barriga dela

- Quatro meses tempo, eu te imploro paciência, eu vim do céu por causa do amor - Tudo muda e a barriga da Ana aparece maior - No quinto faltam quatro e eu aposto que os presentes já tão vindo em rosa ou azul

E outra vez tudo mudo

- E quando chega o sexto todo mundo já vê que você não anda sozinha - O cenário agora é em uma praia, ela está com um vestido branco bem solto e sua barriga está enorme - No sétimo eu já tenho lencinhos com meu nome, desculpa pai mas ela é só minha

"Se é tempestade, todo medo, se for arrependimento, por favor tira daí você ainda não me tem inteiro nem me conhece direito, mas já posso te ouvir. E quando a barriga for crescendo você ainda vai ser linda, eu nem preciso te ver seca o choro e fica aqui comigo que até assim tristinha eu já sei que eu amo você!"

Outra vez o cenário muda e ela aparece com um barrigão

- Oitavo mês aguenta que eu já to chegando só quero um jeito de te encontrar - O cenário muda e a Ana aparece sentada em uma cama de hospital com alguma coisa embrulhado nos braços, a pessoa que está gravando está em uma distância que não consigo ver o que é. Ela canta como se estivesse ninando alguém - No nono vem a pressa, a dor, o choro, a gente desculpa você ter que sangrar

Ela balança calmamente o que está em seus braços e então percebo que sou eu. Eu nasci de oito meses então sei que sou que estou nos braços dela

- E por mais uns anos você vai fazer planos, pensando se eles servem pra mim e eu vou te acordar bem de madrugada, você vai me amar mesmo assim

A cena muda e eu apareço tentando andar para os braços da Ana que está ajoelha com os braços abertos me esperando e cantando

- O meu primeiro passo vai ser no seu abraço, me segura quando eu cair e no final do dia só a tua voz que vai me poder fazer dormir

Chego até ela e ela me abraça. Fecho os olhos e quase sinto esse abraço

A cena muda outra vez e a Ana aparece mais jovem, sentada mesmo lugar e com a mesma roupa que estava no começo do vídeo

- Se é tempestade, todo medo se for arrependimento, por favor tira daí você ainda não me tem inteiro nem me conhece direito, mas já posso te ouvir - Ela sorri enquanto as lágrimas molham seu rosto - E quando a barriga for crescendo você ainda vai ser linda eu nem preciso te ver, seca o choro e fica aqui comigo que até assim tristinha eu já sei que eu amo você!

Ela suspira e limpa as lágrimas

- Você ainda não veio ao mundo minha pequena Maria Luiza, mas eu já te amo muito meu bebê, eu sei que seremos muito felizes juntas

Ela limpa algumas lágrimas que escorrem

- Posso não estar ao lado de seu pai e estar sofrendo por mim, mas saiba que o meu amor que eu sinto pelo seu pai, será o amor que eu sentirei por você. Você, o fruto do amor da Ana pelo Gustavo e do Gustavo pela Ana

O REENCONTRO - 2° LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora