Treze

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- Como vocês se conhecem? - Pergunta o Gustavo

- Somos amigos - Respondo sentindo tudo girar - O que você está fazendo aqui?

- Eu que deveria fazer essa pergunta, não?

Nós dois olhamos para o Gustavo

- Malu, Flávio, vocês são irmãos

- O QUÊ? - Grita nós dois ao mesmo tempo

Isso não pode ser verdade, não posso estar apaixonada pelo meu irmão, ele não pode ser meu irmão. Não pode ser verdade

- Como assim irmãos? - Pergunta ele se jogando em outro sofá

- Lembra da mulher com a qual eu namorei e sua mãe odeia?

- Sim

- É a minha mãe, a Ana - Respondo olhando para o chão

Agora faz sentido, por isso tantas fotos na escola deles juntos. Estava bem na nossa cara que éramos irmãos e a gente não percebeu

Um silencioso constrangedor recai sobre a sala

- Flávio, você podia mostrar a casa para a Malu - Sugere o Gustavo depois de muito tempo calados

O Flávio respira fundo e coloca seu sorriso mais falso no rosto

- Claro! Vamos Malu

Olho para a mão que ele me estende e a aceito sem conseguir olha-lo

Ele me arrasta até uma escada, e quando saímos do campo de visão do Gustavo ele larga minha mão

- A garota que eu gosto é a minha irmã - Ele diz com um tom baixo e claramente frustrado - Droga!

- Podemos fazer isso uma coisa boa, não?

Ele me olha e não diz nada

Andamos por um corretor com várias portas

- Aqui é o quarto dos meus pais - Ele aponta para uma porta a minha direita

- Aqui é o banheiro - Ele abre uma porta a nossa esquerda

Continuamos andando e paramos umas quatro portas pra frente

- Esse é o meu quarto - Ele abre uma porta a nossa esquerda

- É bem grande - Digo entrando no quarto - Acho que daria uns três do meu quarto

Ele solta uma risada baixa

- É coisa da minha mãe - Diz ele entrando no quarto e se sentando na cama

- Quem são esses? - Pergunto olhando para a parede ao lado oposto da porta que tem vários pôsteres de banda

- Bandas brasileiras

Ele se aproxima de mim

- Essa aí é Charlie Brown Jr - Diz ele apontando para o pôster que estou tocando

Me viro e percebo como estamos próximos

Sinto o ar fugir dos pulmões. Olho para os seus lábios que estão bem próximos dos meus

Ele é meu irmão! Ele é meu irmão!

- Er... Flávio

Ele parece sair do transe que estava

Ele se afasta e volta a sentar na cama

- Então - Eu me sento na sua frente - Quem é a sua mãe?

- Mayra, não sei se ela estar em casa agora

Ficamos alguns minutos calados

- O que você acha que vai acontecer agora?

- Como assim?

- Agora que você descobriu quem é o seu pai, e trouxe toda a história da Ana à tona, o que será que vai acontecer?

- Eu não sei, o que você acha que pode acontecer?

- Meu pai, quer dizer nosso pai, largar minha mãe e tentar voltar para a sua

- Acho que não, são muitos anos separados, ele até já tem uma família

- Malu! Flávio! Venham aqui, por favor!

- Ali são alguns quartos de hóspedes, o ateliê da minha mãe, o escritório do pai e no segundo andar é a biblioteca - Diz ele quando saímos do quarto

- O segundo andar inteiro é uma biblioteca? - Pergunto enquanto voltamos para a sala

- Tecnicamente sim, vou levar você lá depois

Encontramos o Gustavo sentado na sala com uma mulher ao seu lado

- Oi meu amor - A mulher se levanta e puxa o Flávio para um abraço

- Oi mãe

Ela solta ele e então percebe a minha presença

- E quem é essa? - Pergunta ela me encarando. Pode ser coisa da minha cabeça, mas tenho certeza que esses olhos azuis dela estão carregados de ódio enquanto me olha

- Mayra, essa é a Maria Luíza

- Amiga do Flávio?

- Não

O Flávio olha pra minha cara e balança a cabeça. Já até sei o que ele quis dizer. Não vai prestar

- Então...?

- Não surta meu amor - Ele suspira fundo tentando criar coragem de dizer

- Sou filha dele - Me assustou quando percebo o que acabei de dizer

- O QUÊ?!

- Mayra, calma

Ela o ignora e vem na minha direção

- Maria Luiza, não é? - Faço que sim com a cabeça - Quem é a sua mãe?

- Ana - Seu semblante muda completamente ao ouvir o nome da Ana - Ana Clara

- Vai me explicar? - Pergunta ela olhando para o Gustavo

Ele abre a boca para falar, mas fecha sem saber o que dizer

- EU NÃO ACREDITO NISSO GUSTAVO! COMO ASSIM VOCÊ TEM UMA FILHA COM ELA?!

- Mayra, calma. É tudo muito novo pra mim também, eu não sabia

- NÃO QUERO SABER!

Ela sobe as escadas correndo, posso vê as lágrimas caindo do seu rosto

O Gustavo corre atrás dela

- Tenso - Diz o Flávio quando ficamos sozinhos na sala

- Muito - Me sento no sofá de frente pra ele

Minutos depois o Gustavo desce as escadas frustrado

- E ai? - Pergunta o Flávio se levantando

- Ela se trancou no quarto, não me deixa entrar

- Vou falar com ela - Ele sobe as escadas correndo

- Desculpe - Digo envergonhada - Eu não deveria ter falo

- Ela ia saber de qualquer jeito, não se preocupe, não é culpa sua

- Por que ela não gosta da Ana?

- Ela acha que eu sinto alguma coisa por ela ainda

- E você sente?

Ele fica surpreso com a minha pergunta. Fica alguns minutos pensando

- Não, não mais

O REENCONTRO - 2° LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora