O REENCONTRO - 2° Livro

Um

**Ana**

“- Gustavo, eu não te amo mais”. Acordo assustada e suando. As minhas ultimas palavras para o Gustavo me assombram até hoje, onze anos depois e eu simplesmente não consigo esquecer, não consigo esquecê-lo.

Olho para o relógio: 05h30min. Levanto com muito esforço e vou para o banheiro, me encaro no espelho por uns vinte minutos e então vou tomar banho.

Saio do quarto, vestindo uma calça jeans branca, uma camiseta branca e um all stars branco. Passo pelo quarto da Malu e vejo a porta entreaberta, entro devagar e a vejo dormindo, a minha filha é tão linda, ela tem os cabelos loiros e longos como os meus, os olhos azuis como os meus, e o sorriso e as covinhas iguais as do Gustavo.

Eu amo tanto a minha filha, mas infelizmente eu não consigo ter um relacionamento com ela, eu não consigo olhar para a minha filha, ela me lembra tanto o Gustavo, ela me lembra tanto o meu amor por ele e dói, dói não conseguir ter um relacionamento com ela, dói não conseguir olha-la, dói lembrar do Gustavo.

Ela pensa que eu não a amo, ela pensa que eu a ignoro e de certa forma ela está certa, eu evito a minha filha, eu evito a minha filha para que não doa, para que eu não lembre que fugi do amor da minha vida.

Saio do quarto sem fazer barulho, desço e vou para a cozinha.

- Bom dia dona Ana

- Bom dia Franky – Sento a mesa e pego o jornal.

- Senhora? – Olho para a Franky que está com um prato de torradas e um copo de suco de laranja

- Obrigada Franky – Ela coloca o prato na minha frente. Tomo meu café e subo para o quarto. Entro no closet e meu olhar pousa na minha caixa de lembranças. Fecho os olhos tentando não deixar as lágrimas caírem

Vou até ela e a pego, vou para a minha cama e a abro. Só de olhar as fotos que há dentro meu coração se aperta. Pego uma foto em que estar eu e a Jennifer no baile de formatura, como eu sinto falta da minha amiga, faz onze anos que eu não falo com ela, faz onze anos que eu não falo com ninguém para falar a verdade.

Pego outra foto em que está eu, a Jennifer e o Lucas, como eu sinto falta desses dois malucos, como eu sinto falta das nossas conversas, dos nossos momentos juntos.

Pego mais uma foto em que eu estou no colo do Gustavo, eu estou olhando para a câmera sorrindo e o Gustavo está me olhando sorrindo também. Olho para ele, eu sinto tanta falta daquele olhar carregado de amor, de desejo que ele tinha quando me olhava.

Balanço a cabeça espantando esses pensamentos e olho para o meu relógio de pulso: 06h10min

Guardo a caixa e desço. Me despeço da Franky e entro no carro

{...}

Chego ao hospital e vou direto para a minha sala, sento no chão e choro no escuro. “- Jennifer, eu estou perdidamente apaixonada pelo Gustavo e fui uma idiota, boba, tola por não ter aceitado namorar com ele quando ele me pediu.” Lágrimas molham meu rosto enquanto flashes da minha adolescência, do meu relacionamento com o Gustavo me torturam “- Eu gosto de você Gustavo e cansei de negar isso a mim mesma, eu sofri tentando negar e com isso acabei fazendo você sofrer me perdoa”. Coloco as mãos no rosto tentando afastar as lembranças, mas elas voltam com toda força.