Dezoito

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Ana

- Como assim se casar? - Minha mãe é a primeira a se manifestar

- Com quem? - Pergunta a Jennifer sem conseguir esconder o espanto

- Com o Dylan - Dou um beijo nele e sorrio

- E a quanto tempo estão juntos? - Pergunta meu pai

- Duas semanas

- Dylan, foi um prazer conhecer, mas você poderia nos dá licença? Temos que falar sério sobre isso, só com a família

- Mãe!

- Ana, a gente tem que conversar sobre isso! É assunto de família!

- Então não é só o Dylan que tem que ir embora né, assunto de FAMÍLIA - Olho para o Gustavo que me olha sério

- Vou embora, não tenho porque está aqui mesmo - Ele vira para dá um beijo na Malu, mas ela o impede

- Eu vou com você - Ela dá um beijo na vó - Desculpa vó, foi muito bom vê a senhora, não demoro de vim de novo

- Fica bem minha querida

O Dylan me dá um beijo e vai embora atrás deles

- Que palhaçada é essa Ana?

- É assim que vocês vão reagir ao meu casamento? - Me jogo no sofá esperando eles explodirem encima de mim

- Você viajou por duas semanas e volta noiva, quer que a gente reaja como? - Pergunta minha mãe visivelmente irritada - Você tem problemas e dos grandes para resolver com a sua filha, e um casamento não deveria ser sua prioridade agora!

Eu poderia contar a verdade a eles, mas vamos vê até aonde vai essa história

Me levanto suspirando fundo

- Eu sei o que vocês estão pensando, é loucura, eu sei, mas é amor e eu vou me casar com ele - Dou um beijo na mãe e no pai - Espero que vocês estejam ao meu lado

**Malu**

Vamos o caminho de volta em silêncio, ele visivelmente ficou abalado pelo anúncio do tal casamento, que sinceramente, não acho que seja realmente sério.

Mas por que ela faria isso? Para atingir ele? Eu? Não faz sentido.

- Você já o conhecia? - Pergunta ele subitamente, me assustando

- Quem?

- O noivo da sua mãe

- Onze anos em Amsterdã, eu não conheço ninguém aqui além de vocês

Ele reflete um pouco e concorda comigo

- E ai, como foi lá? - Pergunta o Flávio se sentando ao meu lado no sofá

- Foi tudo bem, até a Ana chegar, e bom - Indico com a cabeça o Gustavo que está na varanda com seu terceiro copo de whisky - mexeu com ele

Ele suspira fundo

- Se ele estiver assim quando minha mãe chegar, vamos sofrer - Ele se levanta - Vou ir falar com ele. Que marcas são essas no seu braço?

Ele aponta para o meu braço direito. Olho para ele e vejo vários hematomas

- Estranho, não tinha reparado neles, deve ser a vida me batendo - Ele ri e vai pra fora falar com o Gustavo

Olho outra vez para o meu braço. Tantos hematomas, que estranho.

Flávio

- E ai pai

- E ai filhão

- Como foi na casa da família da Malu?

- Foi bom - Ele toma o resto de whisky que está no copo com um único gole - Bom

- A Malu me contou que ela apareceu lá

Ele fica encarando o copo

- Apareceu - Diz com a voz baixa e rouca

- Pelo estado que você está, não foi dos melhores encontros

Ele me entrega o copo e eu vou até nossa mini adega que tem na varanda

- Eu não sabia o quanto sentia falta dela cantando, até ouvi de novo - Ele suspira e toma um gole do whisky - Foram onze anos longe um do outro, sem ter qualquer tipo de notícia dela, eu pensei que havia superado

Ele me olha com os olhos cheios de lágrimas

- Eu pensei de verdade que havia superado aquela mulher maldita, que acabou com o meu coração, que me escondeu uma filha, que me fez o homem mais feliz do mundo - Nunca o vi dessa forma - Mas quando eu a vi Flávio, voltou tudo, com uma força inexplicável e eu só queria agarra-la e nunca mais soltar

Ele vira o copo e me entrega outra vez

- Você já amou alguém que não podia ter?

Olho para a sala, onde a Malu está sentada concentrada em uma série

- Estou amando - Digo com um nó na garganta e entrego o copo cheio outra vez a ele

- Ela vai casar - Diz ele depois de um tempo em silêncio

- Casar?

- Casar - Ele vira outra vez o copo - A mulher que eu mais amei na vida, vai casar com outro

- Sinto muito pai

Ele limpa as lágrimas que caiam silenciosamente por seu rosto

- Eu estou bem filho, tenho minha vida, minha mulher, meus filhos, e ela é só um passado

Ele me entrega o copo e entra. Fico observando ele subir as escadas, assim que o perco de vista, a Malu levanta correndo e vem até a varanda

- Como foi?

- Ela vai casar?

- Vai - ela revira os olhos - Mas não tô acreditando muito nisso não

- Então ele está acreditando pelos dois, ele está arrasado, nunca o vi dessa maneira

- O que a gente pode fazer?

- Nada Malu, não podemos curar um coração partido

O REENCONTRO - 2° LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora