Doze

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*GUSTAVO*

Ela fica completamente branca, assim como eu. Não acredito que essas palavras acabaram de sair da minha boca, não acredito que a Malu sempre foi a minha filha e eu não sabia! Como ela teve coragem de esconder isso de mim!?

Ela continua me encarando com o rosto banhando pelas lágrimas. A olhando melhor posso vê como ela é bonita e como se parece comigo e com a mãe

Ana

Ela está de volta. Sinto um aperto no coração de tristeza e ao mesmo tempo de felicidade

Será possível que eu não a esqueci? Tantos anos separados, será que vou consegui vê-la e não sentir nada?

A gente fica se encarando por um longo tempo, até ela cortar o silêncio

- O que aconteceu? - Pergunta ela finalmente desviando o olhar - Por que vocês terminaram?

- Porque eu disse a ela que não queria ter filhos - Abaixo a cabeça lembrando daquele dia e da forma como ela ficou estranha logo após a conversa

Será que ela já sabia da gravidez quando terminou comigo?

- Por quê?

- O quê? - Levanto o rosto e vejo ela me encarando

- Por que não queria ter filhos?

- Eu nunca imaginei ser pai, sempre pensei que ter filhos seria algo que iria atrapalhar a minha vida, sempre gostei de ser livre

Com as minhas palavras uma corrente de novas lágrimas surgem

- Mas isso mudou - Falo depressa - Ser pai é a coisa que eu mais amo nesse mundo, o meu filho e agora você, são as pessoas que eu mais amo nesse mundo

- Como pode me amar se nem me conhece?

- Não? - Olho para a foto que está nas mãos dela, nós dois em um parque, ela no balanço e eu atrás dela, a balançando - Conheço você desde seus quatro anos de idade

- Como?

- Depois da Ana terminar comigo, passamos anos sem se vê, até que em uma bela coincidência nos encontramos - Suspiro fundo, sentindo falta de nossos momentos juntos - Consegui me reaproximar dela, conheci você, e me apaixonei, você sempre foi uma criança incrível, e quando te conheci eu sabia que havia feito a maior besteira da minha vida

Sinto algumas lágrimas molharem meu rosto

- Eu via como a Ana amava ser mãe e toda vez eu pensava como seria ter sido o pai daquela criança, todos os dias eu pensava como queria que aquela criança fosse fruto do nosso amor. Eu queria ter sido pai, queria ter criado você com a Ana - Limpo as lágrimas, mas elas caem cada vez mais - Toda vez que eu te ouvia me chamar de "tio Guh" meu desejo gritava dentro de mim, eu quis tanto que você me chamasse de "papai". A Ana já havia me contado a história do seu "pai", mas toda vez que eu te olhava alguma coisa dentro de mim dizia que não era verdade o que ela havia dito

Ela chora silenciosamente enquanto me escuta

- Alguma coisa dentro de mim me dizia que você era minha filha, mas eu sempre mandava essa ideia embora - Passo a mão sobre o seu rosto e limpo suas lágrimas - Me perdoa Malu

- Pelo quê? - Pergunta ela com a voz embarcada

- Por ter estragado tudo, por ter feito sua mãe terminar comigo, por não ter lutado por vocês duas, por não ter sido seu pai - Encaro seus olhos azuis - Foi tudo culpa minha

Ela fecha os olhos e seu semblante fica mais tranquilo

- Você falou que tinha outro filho - Seu tom de voz se torna calmo e vejo um pequeno sorriso brincando em seus lábios

- Sim, o - Sou interrompido com alguém entrando

Olhamos para a porta e a Malu fica branca outra vez

- O que você está fazendo aqui? - Pergunta os dois ao mesmo tempo

O REENCONTRO - 2° LivroOnde histórias criam vida. Descubra agora