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Então, vamos conhecer a Carol?

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"Sabe qual o seu problema, Caroline? Você é egoísta demais, tudo precisa acontecer do seu jeito e no seu tempo. Só esqueceram de te avisar que num relacionamento, ás vezes, precisamos ceder. Que o desejo do outro é tão importante quando o nosso. Mas não, pra você é mais fácil acabar um casamento do que ceder" - ela não chorava, como imaginei que faria, mas gritava e tinha muita raiva em seu olhar

"O que você chama de egoísmo eu entendo como sensatez. Desde o início do nosso relacionamento sempre deixei claro que não tinha o desejo de ter filho, nunca escondi isso de ninguém. Você prefere ficar frustrada e infeliz, mas casada? Pois eu sinto muito, mas não quero isso pra mim e muito menos pra você, mesmo você me achando egoísta" - tento manter o controle, mas também não tenho sangue de barata

"Egoísta e covarde. Eu também sempre deixei claro o meu desejo em construir família e ter filho, se não era o que você queria porque me pediu em casamento? Porque esperou tanto tempo pra terminar? Mas eu sei o porque, enquanto a situação estava sob o seu controle estava tudo bem, mas a partir do momento que eu resolvi impor também os meus desejos você resolve dá fora. Covarde" - taí uma coisa que me chamaram, covarde.

"Quer saber de uma coisa, Juliana? Eu queria terminar numa boa de forma civilizada, mas parece que isso é impossível para você. Vou pegar só o necessário e depois mando pegar o resto. E quando você estiver mais calma marcamos uma conversa pra decidir como faremos com o escritório" - minha paciência tem limite, não vou ficar ouvindo desaforo e ficar calada.

"A partir do momento que você sair por aquela porta tudo o que tivermos pra resolver será através do meu advogado" - muito maduro da sua parte, penso

"Ok. Só não esqueça que um relacionamento se constrói com duas pessoas e se ele não dá certo a culpa também é igualmente das duas" - ela até tenta revidar, mas se cala ao vê que eu não falaria mais nada

***

Meu casamento já não vinha bem há algum tempo, mas aparentemente eu era a única a perceber isso. E diferente do que a Juliana pensa não foi fácil decidir pela separação. Não passamos quase 4 quatro anos juntas à toa. Há 1 mês estou morando num flat, apenas aguardando finalizar o processo de divórcio para enfim me mudar para o Rio de Janeiro.

Não tinha mais clima para continuar morando em B.H, principalmente depois que decidi vender minha parte na sociedade do escritório que eu e minha ex construímos ao longo desses anos. Minha família ficou bastante surpresa quando comuniquei os últimos acontecimentos, mas como sempre, recebi o apoio de todos.

Hoje, finalmente, vamos assinar o divórcio. Não me entenda errado, não estou querendo me livrar do casamento. Mas quero voltar a viver minha vida, quero fazer minha mudança e começar a construir meu novo escritório, agora em parceria com a minha irmã.

Parte da minha mudança já havia chegado no apartamento da Renata e o restante das coisas eu levaria no carro. Sim, decidi ir dirigindo de Belo Horizonte até o Rio. Gosto de dirigir, me ajuda a relaxar e assim terei bastante tempo pra pensar no que está por vir. Não foi nenhuma surpresa quando cheguei pra assinar e só os advogados estavam a minha espera. Assinei e partir decidida a viver minha vida sem olhar pra trás.

***

"Até que fim, já estava ficando preocupada" - Renata, fala ao abrir a porta do seu apartamento

"Parei na orla pra andar um pouco" - explico entrando e me jogando no sofá

"Podia ter avisado, né Dona Caroline" - ela briga e arqueio a sobrancelha lhe encarando

"Só pra deixar claro que EU sou a mais velha aqui, pirralha" - digo apertando suas bochechas antes de lhe encher de beijinhos

"Já foi fazer o reconhecimento do território, né?" - ela resolve me provocar

"Não tem nem 12horas que eu assinei meu divórcio e você já tá querendo me vê amarrada de novo?" - entro na onda dela

"Quem falou em se amarrar? Tá na hora de você aprender a curtir sem apressar as coisas" - ela pisca se jogando no meu colo

"Minha ex não concorda com essa parte de apressar as coisas" - tento brincar com a situação

"Você entendeu o que eu disse. Mas enfim, você tem 2 horas pra descansar e depois vamos curtir a noite carioca"

"Hoje não, Renatinha. Tô cansada de todas as formas, vamos deixar isso pra amanhã"

"De jeito nenhum, já tá tudo no esquema, vamos só num barzinho e prometo que não iremos demorar muito" - ela levanta

"Tudo no esquema? Tá aprontando o quê hein, Renata?"

"Nada demais só quero garantir que minha irmã tenha a melhor recepção possível" - seu olhar não esconde as segundas intenções

"E o que seria a melhor recepção possível?"

"Música, chop gelado, boa conversa e outras coisinhas que eu sei que você gosta..."

"Falando sério, Renatinha, eu agradeço sua preocupação, mas não tô no clima pra paquera"

"Caroline Gattaz, eu chamei sim algumas amigas solteiras, mas não foi com a intenção de te fazer sair de lá namorando, eu só quero que você se divirta um pouco, você merece depois do estresse dos últimos meses. Sem pressão, eu juro" - ela está mesmo disposta a me convencer

"Tudo bem, vou descansar então"

"Pode ir descansar no meu quarto, enquanto isso vou guardando suas coisas e já deixo uma roupa separada pra você"

"Renata..."

"Só estou querendo ajudar, eu juro"

Não adianta discutir com ela, então o melhor que eu tenho a fazer é dormir.

***

Agora que já conhecemos um pouco da Carol, no próximo capítulo conheceremos outras personagens da fic e teremos a primeira interação do nosso casal. Aguardo os comentários.

Twitter e curiouscar - piscianarebel

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