Moscas

567 36 2
                                    

- Acho que não vai acontecer nada se a gente não der alguma coisa pra isso comer. - concluiu Stan sentado no chão depois de duas horas esperando por algo.

- E o que a gente vai dar? O Waddles?

- Tava pensando em algum animal que a gente encontrasse na floresta, sei lá.

- Se a Mabel descobrir ela mata a gente. Sabe como ela é. "Nenhum mal deve ser feito à animais inocentes..."

- Tem razão, mas acho que esse é o único jeito pra gente conseguir estudar essa merda.
Eles foram até a floresta e pegaram uma galinha, quebrando as pernas, a matando, para que ela não fugisse e para que pudessem levá-la até às moscas carnívoras.

Já tinha se passado quinze minutos desde que eles jogaram a galinha morta e nada tinha acontecido, de novo. A única coisa que aconteceu foi quando as cinco moscas pousaram no corpo por alguns segundos, mas depois voltaram a voar sem rumo.

- Talvez não comam quando tem gente por perto que esteja imune. - sugeriu Stan.

- Ou talvez não comam um animal que já tá morto. Vamos ter que voltar com uma galinha viva. - Ford levantou um saco de pano, sugerindo para que colocassem a galinha ali dentro, já que aquele animal se debatia demais para conseguir levá-lo nas mãos. Eles fizeram o mesmo caminho, pegaram duas galinhas e voltaram para casa. Antes que pudessem descer para o porão, uma voz doce perguntou:

- O que tem no saco?

- Mabel? - perguntaram em uníssono. - O que está fazendo acordada?

- São dez horas. - ela já estava de pijama, segurando uma caneca de Hogwarts com uma fumaça saindo dela, provavelmente era chocolate quente. Ela viu o saco se mexer e repetiu a pergunta.

- Não é nada... - Ford sempre foi um péssimo mentiroso, Stan sabia que ele ia acabar fazendo a garota descobrir a verdade. - É só um negócio que a gente descobriu...

- Que é...?

- Um... Ãnh... Vento! Um vento com vida.

- Um vento com vida? Tivô, fala sério? O que tem aí?

- Você não sabe mentir? - sussurrou Stan.

- São galinhas. - falou mais uma vez, o gêmeo que não sabia mentir - pra dar pras moscas.
- Elas estão vivas!

- É só uma teoria, garota, - Stan começou a explicar. - Mas a gente acha que as moscas só comem animais vivos. - Mabel revirou os olhos, tentando ao máximo não abrir o saco e soltar as galinhas. Subiu as escadas batendo os pés sem falar mais nada.

- Quando ela ficou tão assustadora por ser fofa? - indagou Ford. Stan deu de ombros e do em direção ao porão, dizendo que pelo menos ela não tentou salvar as galinhas.

Chegando no laboratório, soltaram os animais na câmara. Elas andaram sem rumo, procurando coisas, olhando em todas as direções. Depois de uns segundos, finalmente as moscas começaram a se manifestar: uma névoa surgiu do nada, e as galinhas começaram a ficar confusas e agitadas, tentando fugir dali, mas algo fazia com que elas se perdessem e voltassem para o mesmo lugar de antes. Com o tempo, elas desistiram e começaram a se acomodarem em qualquer lugar, ficando tranquilas e sonolentas.

A última coisa que os irmãos conseguiram ver antes que a névoa ficasse espessa demais e impedisse as suas visões foi as moscas indo na direção dos animais inocentes.

- São essas coisas que soltam a névoa! - concluiu Stan, animado com a descoberta.

- E provavelmente é uma névoa venenosa. Deve ter sido isso que nos deixou desnorteados mais cedo na floresta.

- Ok, essa parte a gente já descobriu, mas... A pergunta que fica é: porque não comeram a galinha que já tava morta?

- E como eles fazem pra vítima continuar viva...? - ponderou Ford, e seu irmão o olhou sem entender o que ele tinha sugerido. - Lembra que Mabel encontrou um homem na floresta? E que ela disse que ele ainda estava vivo, mesmo que ele tava sem o coração? - Stan assentiu. - Provavelmente é a mosca que faz o ser vivo continuar vivo, mesmo sem órgãos vitais.

- É claro! Por que elas só comem os animais quando ainda estão vivos. Por isso que quando a gente seguiu a Mabel para ver o corpo do homem, estava do mesmo jeito de quando ela o encontrou. Por que ela já tinha matado o cara, foi por isso que as moscas não voltaram a comer.

Ford pegou o quarto diário e começou a desenhar a mosca e escrever as teorias que eles tinham descoberto sobre o monstro e sua névoa. Depois de algumas horas, xícaras de café, muito estudo e alguns lanches da noite, chegaram às conclusões:

- Certo. - disse Ford levantando o rosto do diário e lendo o que tinha escrito: - Até agora, descobrimos que eles só comem animais vivos, soltam uma névoa venenosa, que é o que causa a confusão e depois o sono para poder se alimentar da sua carne. Essa névoa também é a provável coisa que mantém os animais vivos e sofrendo. Eles só morrem quando as moscas terminam de se alimentar de toda a sua carne. Elas cospem ácido para derreter a sua pele. E provavelmente, só se comem os animais que ainda estão vivos porque se alimentado da dor e do medo, além da própria carne.

- Ótimo! Finalmente acabamos com essas coisas. Vamos deixar essas coisas presas aí até acharmos a fraqueza né? - perguntou Stan ao irmão, que concordou. - Ok, então eu vou pro meu quarto descansar. Vou aproveitar o resto da noite pra dormir.

- Noite? Seria bom se ainda fosse de noite. - Ford mostrou o relógio para o irmão enquanto subiam as escadas. Eram 5:48 da manhã.

- Que seja, Mabel e Dip Podem cuidar da cabana para mim.

- Não podemos não. - Dip apareceu descendo a escada do segundo andar. - Em primeiro lugar, tivô Stan, eu não vou ficar inventando história pra turistas burros que compram globos de neve por 200 reais.

- Eu preciso de grana, garoto. - respondeu Stan.

- A culpa não é minha que vocês quiseram estudar as moscas ontem de noite. A propósito, o que vocês descobriram?
Ford entregou o diário na mão do garoto enquanto se dirigia ao quarto.

- Boa leitura. Agora, se me der licença...

- Por que você tá acordado tão cedo, Dipper?

- Essa é a segunda razão do porque eu não vou te ajudar com a cabana. Eu tenho que ajudar a Mabel e as outras a prepararem a festa da Kelly. Falta só uma semana.

- As outras? Quem mais além da Mabel?

- A Star e a Janna vêm aqui. Eu vou começar a tirar as coisas do museu pra abrir espaço pra festa.

- Ah. Faz tempo que não vejo a Star. Bom, juízo. Se você der em cima da Janna você vai se dar bem mal...

- Por que? - Stan deu de ombros esboçando um sorriso, como se falasse "vai descobrir em breve". - Isso não importa, eu tô quase conseguindo a Wendy.

- Se você diz... - Stan saiu da sala indo para o quarto descansar, deixando Dip sozinho. O garoto deixou o diário no sofá para lê-lo depois e foi até a cozinha fazer café, mas notou que ainda tinha sobrado um pouco do café que eles tinham feito antes. Pegou um xícara, mas quando tomou, estava forte demais.

Stan e Ford não são do tipo que amam café, eles só tomam quando precisam ficar acordado, que era o caso daquele dia. E sempre que tomavam, era muito forte. Dipper jogou o resto na pia e refez.

Depois de tomar o café e um pão francês, desceu para o outro porão, que tinha a entrada do lado de fora da cabana. Aquele porão era onde ficava o museu, uma das partes que Stan fazia o tur. Dip já tinha conversado com ele sobre passar as coisas para cima e fazer um museu externo, para que pudessem abrir espaço para a festa, e de má vontade, Stan deixou.

Dip destrancou o alçapão e desceu. Era um lugar amplo e iluminado, o que seria bom. Ele começou a tirar as estátuas falsas que seu tio avô construía para enganar turistas.

Afire Love - MabillOnde histórias criam vida. Descubra agora