Edgar Vazquez

3K 210 145
                                    

ps: O sobrenome do Henry agora é Montserrat. Vou editar os outros capítulos ainda, mas achei importante avisar. Boa leitura <3


POV Regina

Eu sempre gostei de azul. Bebê, celeste, cobalto, ciano, marinho, tiffany, turquesa. Qualquer tipo de azul. Tenho tênis, roupas, objetos de decoração... Só troco a cor pela facilidade do preto e pelo verde dos olhos de Emma. E hoje, mais do que nunca, quis enxergar o azul ao meu redor.

Depois que saí daquele hospital fui forçada a descobrir que existiam muito mais que cinquenta tons de cinza. As lágrimas que tapam minha visão, o sorriso das pessoas, o chão do estacionamento e até meus pensamentos foram cobertos por suas variações. Eu me sinto sem vida, mergulhada em um aquário que não me comporta, sem saber nadar.

Você nunca está preparado para a mudança até que ela aconteça. Outras vezes, é tudo tão sutil que é fácil desperceber. Mas quando ela chega e te atropela como um caminhão desgovernado, faz um estrago capaz de mudar sua vida.

Nunca pensei nos motivos para minha relação com o Gold não ser a melhor. Sempre achei que o jeito seco, crítico e frio era resultado de sua criação tradicional. É claro que sonhava em ser um exemplo e um orgulho para ele, mas imaginava que ele era exigente demais para chegar lá. Agora, ao saber que ele não é o meu pai, todos os meus sonhos e expectativas coloridas se converteram para tons de cinza. Eu nunca seria o suficiente não por ser total ruim, mas por não ser sua filha.

Devo ser sincera e admitir que dirigir sem rumo não é a maneira mais inteligente de enfrentar meus fantasmas. Porém, depois de gritar com a Emma e sair correndo, não acho que mereça estar em lugar algum.

Todas as lembranças percorrem minha mente e eu tento enxergar além das lágrimas e do asfalto onde foi que eu parei de olhar os detalhes. Gold não é o meu pai e isso explica tanta coisa. A filha bastarda, a lembrança de alguma história não superada, o peso de um ex-amigo. O que eu realmente sou? Regina Mills, a mulher de 34 anos que descobriu viver uma mentira?

Sem querer eu perdi um pai, descobri que tinha outro, fui levada a pensar que fui roubada e acabei gritando com a mulher que eu amo. Eu e Emma temos opiniões divergentes, é claro, mas nossa relação foi construída no respeito e paciência. Eu não podia ter gritado.

Assim que o carro apitou indicando pouco combustível interpretei como um aviso de que existia sim realidade na minha vida. Emma Swan. A mulher que me ajudou a encontrar o que eu guardava em mim. Minha namorada, a mulher da minha vida. Minha verdade. Foi nesse aviso que eu me liguei para o que estava fazendo. Estou segurando uma linha tênue entre tudo que construí esse ano e o peso do reconhecimento, da volta ao passado.

Tudo o que penso nesse exato momento me faz ser culpada. Sentir-me culpada.

Tento não ser ingrata e sorrir para o frentista como se sorrisse para a vida. Mas não dá. Talvez tenha sido um erro seguir meus dias desse último ano com a crença de que eu podia ser amada e aceita pelo meu pai. Ou precise aceitar que os dias felizes para mim são só acalentos para tempestades que sempre virão. Essa sou eu.

Não sei se a ferida que se abriu em meu corpo foi causada pela descoberta sem freio ou por saber que eu pude ter sido rejeitada desde o momento em que nasci. Aborto em vida, objeto sem valor. Oh, meu Deus, como isso soa dramático. Zelena daria risada se fosse um filme qualquer.

Meu sonho é que isso seja um sonho qualquer. Mas não é.

Ingrid foi muito clara quando me disse que Henry é meu pai biológico, Robin já tinha ameaçado Gold várias vezes sobre seu segredo e eu nunca tive interesse em saber. Como fui ingênua... Foi por isso que meu pai apoiou tanto meu casamento e foi contra o divórcio. Robin sabia sobre Henry o tempo todo.

SoulMate #FINALIZADAOnde histórias criam vida. Descubra agora