"Há mais perigo em teus olhos do que em vinte espadas!"
Romeu e Julieta
William Shakespeare
Sarah
O primeiro dia de aula pode ser bem assustador. Você não conhece o ambiente em que está e todas as pessoas são completamente estranhas. A maioria dos alunos já tem suas amizades e seus "grupinhos" formados. Você é tachado como o aluno novo, e vários olhares te encaram e enquanto passa por entre as carteiras em busca do seu lugar, aquele lá no canto ao lado dos alunos esquisitos que ninguém quer sentar por perto, os sussurros dos donos dos olhares o rodeiam.
A cena descrita agora pode facilmente ser vista em diversos filmes com personagens na pré-adolescência ou adolescência. Mas sabemos muito bem que nessa faixa etária Sarah não se encaixa.
Mas desde o instante em que acordara naquela manhã a sensação de ser a estranha em um lugar novo era inevitável. Sentia como se dezenas de borboletas voassem dentro do seu estomago, suas mãos suavam e não estava muito receptiva a nenhuma tipo de alimento então encarava o café intocado a sua frente.
Qual é?! É somente a faculdade, já passei por isso.
Não sabia ao certo por que estava daquela maneira afinal ela já passara por aquilo antes. Talvez fosse pelo o que isso representava. Estava seguindo em frente. Era oficialmente a marca de um novo recomeço.
Ao olhar o relógio da cozinha nota os ponteiros marcarem 06h30 a sua primeira aula começava as 07h20. Precisava se apressar, não podia chegar atrasada justo no primeiro dia.
─ Lexi! Vem logo seu café vai esfriar. ─ Ela gritava da cozinha para em seguida escutar passos apressados descerem as escadas.
Como sempre sua amiga estava deslumbrante, com sua saia preta de cintura alta, sua blusa branca de mangas compridas e um laço no pescoço da cor da saia para combinar e claro os saltos altos para completar o look.
─ Calma eu estava arrumando minha tiara ─ Então Sarah a vê arrumar o delicado acessório que enfeitava sua cabeça.
─ Não sei por que se arruma tanto, quer dizer olha para mim! ─ Ela apontava para seu próprio corpo, que vestia uma calça jeans com rasgos no joelho uma camisa de flanela e tênis all star.
Apesar de ser bailarina, Sarah não era completamente doida e seguidora assídua da vaidade. Sabia que era uma mulher bonita, mas ela acreditava que havia vários padrões de beleza e que a verdadeira beleza em si não era aquela que recebia elogios somente por suas pernas ou quadril e sim aquela cuja inteligência e personalidade se sobressaiam a tudo, até mesmo da beleza externa não deixando possibilidade para se admirar somente as partes isoladas. Como diz o velho ditado. "A beleza está nos olhos de quem vê".
Lexi era uma mulher muito inteligente e dedicada no que fazia. Ela literalmente vestia a sua futura profissão. Apesar de aparentar ser uma patricinha e de muitos a julgarem da maneira errada pela sua aparência, Sarah sabia que ela era muito mais do que aparentava ser.
─ Já dizia minha musa Audrey Hepburn "Elegância é a única beleza que não desaparece" e você fica linda de qualquer jeito, Mi.
─ Obrigada ─ ela sorria para melhor amiga enquanto olhava mais uma vez para o relógio na parede ─ Chegou muito tarde ontem? ─ perguntava enquanto colocava sua caneca na pia.
─ Um pouco. Perdemos a noção do tempo ─ dizia ao colocar café em sua caneca ─ Ficamos conversando.
─ Conversando ─ falava com ironia ─ Pelo jeito vocês se deram bem.
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A anatomia do amor (degustação)
RomanceAos 20 anos, Sarah tinha o que considerava ser a vida perfeita. Tinha pais amorosos, era bonita, talentosa, possuía o emprego dos seus sonhos como primeira bailarina em uma conhecida Companhia de Ballet, além de ter ao seu lado o amor da sua vida. M...