Capítulo 6

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"Ainda quero um cérebro em vez de um coração; porque um tolo não saberia o que fazer com um coração se tivesse um."

O mágico de Oz

L. Frank Baum

Sarah

Para todas as coisas da vida existe o lado bom e o ruim, essas que convivem em uma relação de simbiose, uma sempre dependendo da outra, pois o que seria da escuridão sem a luz? Do amadurecimento sem a dor, da felicidade sem a tristeza e da coragem sem o medo? Se não houvesse o outro lado, a vida ficaria na mesmice. Nós não aprenderíamos com ela, não teríamos experiências para compartilhar, não teríamos ambições e metas a serem alcançadas, ou seja, a vida precisa dos seus altos e baixos.

E por que estamos falando sobre isso? É simples. Como fora dito, tudo possui seus dois lados. Em uma festa, por exemplo, você se diverte, ri, dança, bebe, encontra alguém que jura amor verdadeiro (situação proporcionada pelo nível alcoólico de ambos os indivíduos). Mas então o dia seguinte chega e você é obrigado a arcar com as consequências de todos os seus atos. E qual seria um deles? Uma única palavra. R.E.S.S.A.C.A.

No dia seguinte após a festa Sarah acordava em sua cama com uma bela dor de cabeça. Seu corpo todo doía e suspeitava que até os fios de seu cabelo sentissem dor. Quando enfim abre os olhos nota que estava na mesma posição que se jogara na cama na noite anterior e quando olha em direção a janela agradece aos céus pelas cortinas estarem fechadas. Ela era muito resistente ao álcool, mas não era imune a ressaca.

Deitando de barriga para cima se força a lembrar dos acontecimentos da noite anterior, mas sua cabeça rodava assim como seus pensamentos. Precisava de um analgésico, urgente. Leva suas mãos ao rosto, o esfregando, aquilo a ajudava a se focar. Então fragmentos de lembranças vão se sobrepondo a névoa que ali havia.

Música folk, uma dança, uma conversa, o homem misterioso que depois vira se tratar de alguém nem tão desconhecido assim e então sua mente tem um estalo. PUTA MERDA! Ela se remexe sobre os lençóis apressadamente os desarrumando mais e se debruçando sobre o travesseiro para conseguir ver o relógio de cabeceira. Para seu total desespero ele marcava 13h07.

Merda! Não acredito que perdi a manhã toda e para piorar a aula do Cérbero.

Então outro estalo.

PORRA! O estágio começa às 14h.

Ela praticamente pula da cama e acaba tropeçando em seus muitos livros espalhados no chão. Droga! Queixava-se enquanto corria para o banheiro e ao passar em frente ao espelho na parede sobre a pia o encara rapidamente, mas suspende completamente seus movimentos para visualizar melhor a imagem a sua frente. Sarah tinha profundas olheiras, seus cabelos estavam desgrenhados e espalhado pela pele e ao redor dos olhos estava sua maquiagem totalmente borrada. Não se lembrava de ter bebido tanto a ponto de esquecer-se de retirar a maquiagem do rosto. Em resumo, ela parecia um urso panda em um dia ruim.

Ela toma um rápido banho frio, penteia e seca seus cabelos com uma rapidez que invejaria até mesmo o Flash. Veste a primeira roupa que vê pela frente e depois de vestida pega seus óculos escuros, fones e sai pela porta. Ao olhar em direção a porta do quarto de Alexia o encontra fechado.

Sabia que sua amiga deveria se encontrar em uma situação parecida e que assim como ela não fora na aula e não acordaria tão cedo, julgou isso por três motivos. Primeiro, Lexi sempre acordava cedo e fazia questão, as vezes um pouco irritante, de acordá-la também. Segundo, ela não tinha o costume de fechar a porta do quarto, só fazia quando ia dormir. Terceiro, Ryan dormira naquela noite no apartamento que dividiam então provavelmente se levantaria bem tarde.

A anatomia do amor (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora