Capítulo 9

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"Suprimir a distância é aumentar a duração do tempo. A partir de agora, não viveremos mais; viveremos apenas mais depressa."

O conde de monte Cristo

Alexandre Dumas

Sarah

Imagine a cena a seguir: você acaba de correr uma maratona, está suada e ofegante, suas roupas grudam em seu corpo como cola, suas pernas parecem que a qualquer momento vacilarão e te deixarão na mão e os seus pulmões parecem ter esquecido momentaneamente a sua função de inalar e exalar o ar. Conseguiu imaginar?

Agora multiplique por dois e terá o resultado do nível de cansaço que Sarah sentia.

Aulas, provas, trabalhos, leitura, ensaios de dança e como se tudo isso já não fosse o suficiente havia o estágio, esse que sugava o resto das forças como um beija flor suga o néctar de uma flor ou como um vampiro sedento suga o sangue de sua vitima. Qualquer uma dessas opções cairia bem.

Por isso quando sua amiga lhe convidara para ir ao Jack's em plena quinta-feira, não fora difícil pra ela dizer não, afinal tinha acabado de se jogar na cama e decidido que iria ficar naquela posição o resto da noite.

Quinta feira, amanhã ainda será sexta. Por que universo, por quê?

Mas todos sabem muito bem como Alexia Montgomery sabe ser insistente e cansativa quando quer. Utilizando de suas artimanhas de melhor amiga "esquecida" pelos livros e estágios. Então claro que no minuto seguinte Sarah estava seguindo para o chuveiro para evitar mais falatório.

Assim que terminara de se trocar contara a sua amiga sobre o papel no recital e como já era esperado Alexia a abraçou fortemente e lhe dizia animada que era mais um motivo para irem até o bar universitário, precisavam sair e comemorar.

Ela não estava nada a fim de sair, seu corpo clamava pela cama, mas estava devendo aquilo a Alexia. Então seria isso ou ficar em casa, ter uma melhor amiga chateada e sonhar mais uma vez que fazia sexo com seu professor de anatomia. Sim. Aquilo ainda estava na sua cabeça, naquela tarde nem conseguira olhar pra ele direito, pois havia literalmente sonhado que ele a pegava em seu quarto na noite anterior.

O que um simples par de mãos em sua cintura podem fazer. Aqueles dedos que a apertaram, o cheiro almiscarado dele mais perto, seus braços se flexionando abaixo das mãos dela.

            Aqueles braços fortes. Aquele peitoral tão perto. Sonhava acordada e tivera que pedir para Alexia repetir pelo menos duas vezes o que lhe dizia no caminho para o bar.

            Isso está ficando doentio.

***

Quando chegam ao seu destino, ambas escolhem uma mesa ao lado esquerdo de onde ficava a pequena pista de dança. Sarah passeava os olhos pelo local a procura de rostos conhecidos enquanto sua amiga pedia a primeira rodada de bebidas da noite.

─ Um brinde ─ ela então se vira na direção de Alexia que segurava um copo pequeno entre os dedos, cheio de tequila e estendia outro em sua direção – A Odete, o cisne mais foda daquele laguinho.

Sarah rindo pega sua dose e ambas viram tudo em um só gole, o líquido quente desce por sua garganta e lhe arranca uma careta.

─ Senti falta disso ─ Sarah dizia após pegar mais uma dose que sua amiga oferecia.

─ Disso o que?

─ De uma noite das meninas ─ toma sua segunda dose.

─ Também senti. Você quase nunca para em casa e me sinto abandonada ─ Alexia fazia uma cara de falsa tristeza o que arranca uma risada plena de Sarah e poderia até ser ouvida se não fosse o som de universitários bêbados gritando toda vez que uma bola entrava nos buracos da mesa de sinuca e a música alta que tocava.

A anatomia do amor (degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora