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You hold me without touch
You keep me without chɑins
I never wɑnted ɑnything
So much thɑn to drown in your love
And not feel your rɑin  
 

[ Grɑvity - Sɑrɑ Bɑreilles ]

  

/ S k y l e r /

Alguém coloca as mãos à frente dos meus olhos, tapando assim a incrível visão que tinha daqui de cima. Sem pensar duas vezes apaguei o cigarro que segurava entre os meus dedos finos e já tão habituados ao mesmo. Esboço um sorriso, que quando retiradas as mãos do meu rosto, se foi perdendo aos poucos. Não era quem eu esperava que fosse.

    "Porque desperdiçaste um cigarro tão bom, Sky?"

Violet questionou, incrédula com a minha atitude. E se eu não soubesse a razão de o ter feito, também eu me encontraria da mesma forma.

    "Já tinha fumado um antes, não faz mal." Eu minto com o melhor sorriso falso que consigo e como sempre ela acredita nas minhas palavras. "Que estás a fazer aqui?"

    "Vim à tua procura. Há muito tempo que não estava contigo."

    "Como se eu fosse a melhor companhia do mundo..."

Volto a pegar no cigarro, do qual já não se podia aproveitar nada. Este lugar trazia-me a paz que eu precisava na minha vida. É bastante agravável, quando estou aqui sozinha, ouvir o chilrear dos passarinhos e o vento a embater contra as folhas das árvores.

    "Skyler, és a minha melhor amiga e além do mais, há muito tempo que não estava assim, sozinha contigo."

Violet estava tinha razão naquilo que afirmava. Nós somos amigas desde o nosso primeiro ano e como ela havia dito, já não nos divertíamos unicamente as duas há muito tempo. Prometi a mim mesma que iria estar mais presente na sua vida quando começassem as aulas mas isso não aconteceu. Não estivera presente nas férias pois os meus pais primam por atividades em família e ultimamente tenho noção de que a tenho colocado de parte. Violet é realmente a única pessoa que eu sabia que era verdadeira e não a quero afastar da minha vida.

    "Desculpa-me."

    "Eu tenho tanta coisa para te contar. Claro que não iria fazê-lo à frente dos rapazes, nem de Claire."

   "Conta."

   "Eu estou a começar a gostar de um rapaz."

O seu olhar brilhou quando proferiu 'gostar de um rapaz'. Esbocei um sorriso e beijei o seu rosto corado devido à sua confissão. Ficara obviamente feliz por ela, mas sentia-me mal comigo mesma visto que todos os meus amigos se encontravam a crescer à excepção de mim.

    "Queria que fosses a primeira a saber."

    "E quem é?"

    "Oh, tu não conheces..." O seu rosto permanece corado e eu admiro a minha melhor amiga. Ela mordia o lábio para esconder o sorriso tolo de uma criança satisfeita e feliz.

    "Mas vou conhecer."

    "Serás a primeira." Ela afirma e o meu sorriso, agora verdadeiro, permanece esboçado.

   

Procuro o meu maço pela confusão existente na minha mochila da escola, e, após o abrir, retiro de lá dois cigarros. Já sabia que Violet me iria pedir. Eu conheço-a demasiado bem. Ela agradeceu-me com uma voz doce e calma e devolveu-me o isqueiro após acender o seu vício. Dou um longo bafo no material que segurava entre os dedos, pensativa.

    "Violet?"

    "Sim?"

    "Como é amar alguém?"

Senti o meu mundo cair, sem conseguir explicar o porquê. Ela apenas sorriso e tentou explicar-me.

    "Não há palavras para explicar o amor, mas há gestos que podem dizer o inexplicável. Amar é teres aquela sensação na barriga quando o vez sem contares, ou mesmo quando sabes que o irás encontrar. É diferente do amar dos pais ou amigos. É algo único. É dor, e sofrimento, é angústia. Tu quere-lo sempre por perto. Como se necessitasses dele sempre a teu lado para te proteger. Amar é sorriso ao relembrares momentos vivido com ele."

    "Mesmo que sejam poucos?" Interrompo-a.

    "Desde que sejam bons..."

Eu sorrio.

✿✿✿

Já estava a escurecer mas eu não queria abandonar o espaço. A minha pele estava arrepiada, pois os dias de Inverno já se começavam a notar. Apenas conseguia pensar no quão quente podia estar se fumasse um cigarro.

Instintivamente, pego no meu maço mas uma ação impede-me de retirar de dentro do mesmo o meu vício. Um casaco é colocado nas minhas costas e sorrio ao ver notar a sua presença. O aroma do seu casaco deixa-me completamente deliciada.

    "Olá Michael."

Michael senta-se a meu lado com um sorriso doce e, como sempre, acolhedor. A sua mochila, que acidentalmente havia caído da mesa foi rapidamente apanhada por ele. Assim que a abriu, retirou da mesma uma pequena folha que pelo que parecia ser a parte de trás, estava um pouco suja, talvez com aparas de carvão.

    "O que é isso?"

Ele mordeu o lábio para evitar rir e levou a folha mais de encontro ao seu peito. Ajeitei o casaco que já me começava a cair dos ombros quando tentava espreitar.

Assim que vi o que a folha releva, sorri. Tudo estava realizado ao pormenor, mas havia uma coisa que faltava no seu desenho que Michael elaborada sobre mim: a minha maquilhagem. Ainda lhe questionei porque mas ele não me quis explicar.

Nego todas as suas insistências para que eu ficasse o desenho e observo a sua atitude derrotista a guardá-lo novamente na mochila. Beijo o seu rosto, sorrindo.

    "É melhor irmos embora."

Michael assente com a cabeça e fecha a sua mala. Assim que se levanta olha em volta, procurando algo à qual eu não entendi a principio.

    "Levas-me a casa?"

Ele voltou a assentir mas quando me preparava para dirigir para a saída do pequeno jardim Michael impede-me. Este, alcança o meu braço, fazendo-me virar de frente para ele. O seu olhar encontra o meu e observo-o colocar, de forma calma e delicada, uma flor branca no meu cabelo antes de me beijar a testa.

Gestures 》 cliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora