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I'm dreɑming of ɑ plɑce cɑlled home
I could try but I'm stuck in todɑy
I'm dreɑming of plɑce thɑt's
Three thousɑnd miles ɑwɑy

[ 3000 Miles - Emblem3 ]

   

/ S k y l e r /

Mal acabámos de jantar fomos, como todas as sextas-feiras à noite, para a sala para assistirmos às notícias. Sempre me questionara o porquê das pessoas verem isto. Todos nós temos problemas e ver as notícias não contribui para que o nosso dia melhore, muito pelo contrário. São raras as notícias que sejam boas e que nos façam sorrir.

Estar, nem que fosse uma hora, aqui sentada com os meus pais era uma autêntica tortura. O silêncio era o mais habitual ou então uma conversa entediante.   

   "Querida, o baile está quase a chegar, não estou correta?"

   "Está sim, mãe."

   "O Ashton já a convidou?"

O seu sorriso esperançoso foi desaparecendo lentamente enquanto eu negava com a cabeça.

   "Bem, decerto que o irá fazer em breve, não desanime."

   "Eu e ele acabamos. Decerto que não o irá fazer."

   "O que é que você fez?"

O seu tom acusatório fez-me revirar os olhos mentalmente. Obviamente que não lhe iria demostrar o meu desprezo à sua frente ou ela começaria a protestar mais do que já estava a fazer.

   "Eu não fiz nada." Defendo.

   "Você vai-lhe ligar. Explicar que não passou de uma maluquice de momento." Ela disse já de pé e apressada a chegar ao telemóvel.

Qualquer pessoa que não a conhecesse e estivesse a ver esta situação iria pensar que ela era doente. Sei que é errado pensar isto de alguém que supostamente nos criou mas é o que sinto e penso verdadeiramente.

O meu pai observava a cena sem dizer nada. O seu silêncio apenas confirmava que ele concordava com a sua opinião, nem valia a pena questionar.

   "Onde vai?" A minha mãe questiona quando me vê levantar do sofá.

Ainda que lhe quisesse acusar muitas coisas, não proferi uma única palavra. Limitei-me a ir para o meu quarto, com um passo não muito apressado e a trancar-me no mesmo. Claro que não iria passar aqui a noite, trancada.

Pego na minha mala e saio da janela para a minha varanda. Tenho o devido cuidado de descer as escadas de forma lenta para não fazer muito barulho e tentar ser o mais discreta possível.

Ainda a meio das escadas conseguia ouvir as insistências da minha mãe que batia cada vez com mais força na porta. Ainda assim sabia que ela tinha muito amor à casa para arrombar ou danificar a mesma. A casa sempre fora das coisas mais importantes para si. Provavelmente ainda mais importante que eu.

Faço o meu caminho, acompanhada pela solidão e pelo silêncio, até ao bar onde costumava vir em momentos de desespero.

   "Skyler, que bom ver-te por aqui." O dono do espaço saúda-me com um pequeno sorriso.

Adorava cá vir pois ninguém conhecia os meus pais para me denunciarem de fazer seja o que fosse. Em geral, ninguém na cidade se preocupa muito com a vida dos outros. É certo que há sempre aqueles murmurinhos que correm de boca em boca mas, tirando isso, nada de muito grave. O problema é que já me cheguei a deparar com conhecidos dos meus pais que, se eu não me tivesse escondido, provavelmente lhes diriam algo.

Gestures 》 cliffordOnde histórias criam vida. Descubra agora