Gestures 》 clifford

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Come ɑ little closer, then you'll see

Things ɑren't ɑlwɑys whɑt they seem to be

[ Come A Little Closer - Cage The Elephant ✿ ]

/ S k y l e r /

As vozes vindas de outra divisão fazem o meu corpo acordar sobre um certo sobressalto. Michael dormia a meu lado, abraçado ao meu corpo frio e nú. Estávamos completamente destapados, provavelmente do calor da noite passada, mas neste momento arrependo-me de não ter ido buscar uma manta. A preocupação cresce em mim quando noto que me esquecera de trancar a porta na noite passada tento de ser por isso obrigada a acordar este pequeno rapaz inocente que dorme a meu lado.

Abanar o seu corpo de forma rápida e violenta não fora de todo a melhor solução que encontrara e os seus gemidos de frustração provaram-no isso mesmo. Infelizmente, o tempo não fora suficiente para Michael se esconder.

　　"Bom dia Sky-"

　　"Tony, você já acordou a sua irmã para o pequeno-almoço? Vou querer ter uma refeição a tempo e sem atrasos."

Arregalo os olhos devido ao espanto e ao nervosismo e tento controlar a raiva que estava a sentir neste exato momento pelo meu irmão. Pedia para que ele saísse de forma desesperada mas as palavras não me estavam a sair fluentemente, esta manhã. Ouço Michael gargalhar, juntamente do meu irmão, e olho-os confusa sem conseguir encontrar o motivo da piada.

　　"Estão-se a rir de quê?"

Michael dá de ombros e levanta-se da cama para se começar a vestir. O sorriso trocista que o meu irmão esboçava começava a irritar-me, por isso, obrigo-me a mim mesma a focar outro ponto. Uma vez que me apercebo que o meu irmão abandona o meu quarto suspiro, ainda ligeiramente constrangida.

　　"Boas raparigas são más raparigas que nunca foram apanhadas."

A voz de Michael soa e cada vez me acredito mais que ele tem uma espécie de gravador programado para dizer coisas inoportunas em momentos inoportunos. Reviro o meu olhar, ainda que concordasse com o que havia acabado de dizer, principalmente por isso era o que eu fazia da minha vida. Eu sou uma boa rapariga, mas fora da vista iludida dos meus pais eu sou uma rapariga má, que nunca fora apanhada a quebrar as regras.

Assim como eu posso referir o meu irmão como exemplo. Ainda que a liberdade diferenciasse entre nós, ele também não era independente ao ponto de fazer algo que pudesse 'manchar' a imagem da família. O meu irmão era um caso diferente pelo simples facto de ser rapaz mas ainda assim ele fazia o que queria fora dos pensamentos corretos dos meus progenitores.

Levanto-me da cama e apresso-me a vestir. Michael, que já se havia despachado, ajuda-me a apertar o fecho de um vestido aleatório que do meu armário, o primeiro a alcançar para ser mais precisa. Honestamente, pensava que Tony só viria no próximo fim de semana.

　　"Skyler, acorde!"

A minha mãe apenas me avisa do outro lado da divisão, felizmente. Talvez nem tenha tentado entrar porque, como era habitual, o meu quarto costuma estar trancado à chave. Consigo observar o rosto de aflição de Michael, algo que não era visível à cerca de uns minutos atrás. É bom que ele permaneça aflito para ver o ataque que eu quase tive com a presença de Tony.

　　"Bem-vindo à minha família." Eu digo a Michael com um tom sarcástico.

Michael aproxima-se de mim calmamente e coloca a sua mão no meu rosto de forma carinhosa. Ele sorri enquanto acaricia a minha pele e fecho os olhos ao sentir os meus lábios tocarem de leve nos meus. Sabia que ele se estava a despedir de mim através do beijo e retribuo-o, ainda que quisesse que Michael ficasse por mais um pouco comigo. Resolvo prolongar o gesto amoroso, apoiando as minhas mãos nos seus ombros.